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 | Fabiane Ziolla Menezes/Gazeta do Povo
| Foto: Fabiane Ziolla Menezes/Gazeta do Povo

O projeto de eletromobilidade de Curitiba, em parceria com Volvo do Brasil, governo sueco e universidades (UTFPR, UFPR, UP e PUCPR), entrará em sua terceira fase no próximo dia 18 de julho. Segunda geração de ônibus de baixas ou zero emissões de poluentes desenvolvidos pela Volvo, o ônibus elétrico híbrido será testado na linha Juvevê/Água Verde, por um período de seis meses. Com tecnologia plug-in, o elétrico híbrido permite a recarga de bateria em pontos de embarque e desembarque de passageiros. O projeto é resultado de uma parceria global da Volvo com a Siemens, que desenvolveu as estações de carregamento rápido da bateria do motor elétrico, que propicia aos veículos maior tempo de operação em modo elétrico, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. Por isso, o veículo foi batizado de Hibriplug.

Ainda em março deste ano, a Volvo começou os testes do ônibus híbrido articulado, o Hibriplus, na linha Interbairros II, sentido anti-horário – linha que transporta uma média de 33 mil passageiros por dia e tem 41 quilômetros de extensão. A diferença do Hibriplus para o Hibriplug é que este último tem como base principal de funcionamento a eletricidade, enquanto o primeiro é uma combinação de dois motores, um elétrico e outro a diesel. Se no dia a dia do transporte coletivo de Curitiba o Hibriplus, cujos testes terminam só em agosto, já está alcançando resultados como um consumo 31% menor de diesel do que os ônibus articulados convencionais, o Hibriplug deve mostrar-se ainda mais econômico e limpo.

Novos players

Segundo o prefeito Gustavo Fruet (PDT-PR), os testes do híbrido elétrico da Volvo e o lançamento dos editais de proposta de manifestação de interesse (PMI) nos últimos meses, buscando também interessados em investir em outros modais elétricos como o VLT e o VLP em novos trechos da cidade, são uma oportunidade para Curitiba ganhar novos players na operação do transporte público. “Já há evidentemente interesse porque, ao contrário do metrô, que é um projeto nacional e depende fundamentalmente de recursos do governo federal até para nacionalizar tecnologia, são projetos de menor escala, de transporte de baixa e média capacidade, em que o próprio setor privado tem condições de complementar o financiamento, o que seria muito oneroso apenas [bancado] pela cidade.”

Procurar alternativas ao atual contrato de transporte coletivo, alvo de várias ações na Justiça e desentendimentos entre empresários e poder público, e evitar medidas drásticas como rompimento do acordo tem sido um dos propósitos de Fruet. “Desde o início, [em 2013] quando fizemos esses convênios [de sustentabilidade e tecnologia em mobilidade] com o governo da Suécia e com as universidades, paralelo à implantação dos projetos-pilotos, nós mostramos o futuro de crescimento da cidade com o Plano Diretor, iniciamos obras e completamos obras de infraestrutura e lançamos as PMI justamente para permitir novos modais em caráter complementar ao existente, sem conflito com o contrato e o modelo vigente, para permitir que novas linhas possam receber novos modelos com capacidade de transporte de usuários.”

Como funciona

O Hibriplug oferece flexibilidade de operação, podendo funcionar em modo 100% elétrico em áreas definidas (período em que não emite poluentes e é totalmente silencioso), e em modo híbrido em qualquer parte do percurso. Estima-se que o sistema elétrico híbrido possa reduzir em até 75% o consumo de diesel e a emissão de poluentes. Além disso, o consumo total de energia do modelo tende a ser 60% menor que dos ônibus movidos a diesel, o que representa um enorme ganho ambiental para a cidade. Testes em condições normais de uso numa cidade como Curitiba deverão colocar essas estimativas a prova.

O veículo vai circular na linha Juvevê/Agua Verde, que tem 22,4 quilômetros e transporta cerca de 2,2 mil passageiros por dia. A estação para recarga da bateria foi instalada em um ponto de ônibus em uma pracinha da Rua Menezes Dória, no bairro Hugo Lange, próximo do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná. Na Área Calma, que fica no centro da cidade, onde há mais emissão de poluentes, o veículo andará apenas no modo elétrico e programado para não passar dos 40 km/h.

A recarga da bateria do motor elétrico é feita durante o tempo embarque e desembarque de passageiros e leva, no máximo, 6 minutos para receber uma carga total. A estação carregamento de alta potência foi desenvolvida e instalada pela Siemens.

Assim como acontece como os modelos híbridos já em circulação em Curitiba, a bateria do motor elétrico, além de receber as recargas rápidas nas estações, também é carregada com a energia regenerada pelas frenagens do veículo. O veículo é do tipo padrón, com capacidade para 91 passageiros.

Tecnologia híbrida

Segundo a Volvo, a tecnologia híbrida da montadora já está consolidada mundialmente. De 2010, quando começarem a ser produzidos em escala comercial, até hoje, mais de dois mil ônibus já foram vendidos e circulam em 21 países. Curitiba tem, ao todo, desde 2012, 30 veículos de tamanho convencional, batizados de Hibribus, circulando em linhas como Mercês/Guanabara, Água Verde e Detran/Vicente Machado. Já o modelo articulado pode ser visto circulando em cidades como: Budapeste, na Hungria; Hamburgo, na Alemanha; e Sundsvall, na Suécia.

A montadora sueca teria uma vantagem em relação a outras por estar mais de olho nas particularidades da América Latina. Nos testes do ônibus da chinesa BYD em Curitiba, por exemplo, constatou-se que o peso do veículos – 19,6 mil quilos, ou duas toneladas a mais que o modelo convencional – pode ser um problema para o padrão de asfalto brasileiro.

Para os passageiros o ganho com o Hibriplus e o Hibriplug são mais conforto, já que o veículo é mais silencioso e oferece ar-condicionado, e wi-fi, uma novidade no transporte coletivo de Curitiba.

Controvérsia local

Apresentado como o “ônibus do futuro”, o Hibribus – ônibus híbrido de tamanho convencional – foi adquirido pelos operadores do sistema de transporte de Curitiba em 2012. Na época, o modelo já fazia parte do portfólio da montadora sueca e foi adquirido como qualquer outro ônibus, apenas com um contrato mais abrangente de manutenção, por ser uma nova tecnologia. A “inovação” pesou nos custos do sistema e foi apontada como um dos itens que encarece a tarifa pelo relatório do Tribunal de Contas do Estado.

A compra dos modelos exigiu um investimento de R$ 13 milhões. Essa conta foi incluída como uma taxa de risco na tarifa, cujo peso é de 2,07% segundo um estudo do TC. Na tarifa atual, seriam R$ 0,076.

À época, a Volvo disse que no pacote comercializado com Curitiba estavam incluídos, além do chassi, a manutenção do veículo feita por mecânicos especializados e uma garantia da bateria – um dos itens mais caros do modelo.

A diferença daquela época para agora, é que o Hibriplus e o Hibriplug ainda estão em período de testes, portanto terão todas as despesas pagas pela Volvo e parceiros suecos.

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