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| Foto: FERNANDA CARVALHO/FOTOS PUBLICAS

Em sua primeira greve, os motoristas brasileiros do Uber não cruzaram os braços: ficaram offline. Sem parceiros conectados, conseguir uma corrida ficou mais difícil para os usuários, que tiveram que arcar com tarifas mais caras ao longo do dia. Organizada pelas redes sociais, a greve teve maior apelo nas cidades em que o aplicativo chegou por primeiro, onde houve redução da tarifa no fim do ano passado como estratégia da empresa de assumir o controle do mercado. O movimento mostra que a “nova economia” compartilhada não está livre de velhos desafios, como a pressão por melhores condições de trabalho. Mesmo quando os funcionários se vinculam de forma associativa.

Em tempos de crise, motoristas do Uber reclamam das condições de trabalho

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O dilema não é só no Brasil. Em junho do ano passado, uma motorista de São Francisco, nos Estados Unidos – onde o Uber tem sua sede mundial –, conseguiu na justiça o direito de ser reconhecida como funcionária da empresa. A decisão, da Comissão Trabalhista da Califórnia, ordenou que Barbara Ann Berwick fosse indenizada em US$ 4,1 mil (cerca de R$ 15,1 mil, no câmbio atual). Na Flórida, também nos EUA, um motorista que se afastou do trabalho após um acidente chegou a ter o contrato de trabalho reconhecido, em maio do ano passado. Mas a decisão foi revogada, em setembro, em instância superior.

O que se vê são dois movimentos simultâneos, na opinião do coordenador de pós-graduação da Universidade Positivo, Leandro Hhenrique de Souza. De um lado, é parte do jogo de interesses que os motoristas queiram ganhar mais, os usuários queiram pagar pouco e que a empresa reduza seus lucros – e de seus parceiros – em uma estratégia agressiva de assumir o controle do mercado. Mas há também um choque cultural. “As chamadas leis trabalhistas não protegem ele [o motorista], então é uma mudança cultural; no lugar de um FGTS, ele vai ter um plano de previdência privado, tem que se adaptar”, defende.

Essa “mudança de chave” envolve uma nova forma de ver o trabalho, defende Souza: “não é perder o emprego, é ter outra forma de trabalhar”. Para ele, a tendência é de que as próximas gerações vejam o mundo de forma mais compartilhada, o que é sustentável inclusive do ponto de vista ambiental. “Não faz sentido você ter um carro para usar duas horas por dia. A mesma coisa quando você compra um apartamento com uma cozinha gourmet que você compartilha com outras 500 pessoas do condomínio. Porque não faz sentido você ter todos os bens. E a tecnologia permite isso. Não é ruim, mas é uma mudança”.

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