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Tempos de reação e de percepção do motorista aumentam em velocidades menores, apontam especialistas. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Tempos de reação e de percepção do motorista aumentam em velocidades menores, apontam especialistas.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Um simulador de tráfego criado pelo pesquisador Martin Treiber, da Universidade Técnica de Dresden (Alemanha), repercutiu no Brasil após uma versão nacional ser reproduzida no site do coletivo HackLab. O projeto sustenta que a redução dos limites de velocidade melhora a velocidade média de tráfego.

A discussão sobre o tema pautou a eleição municipal de São Paulo. João Dória (PSDB), eleito prefeito no primeiro turno, encampou a promessa de aumentar os limites das marginais Tietê e Pinheiros.

De acordo com o perfil do Hacklab no Facebook, o modelo utilizado por eles – com autorização do pesquisador alemão – sofreu pequenas modificações para deixar alguns parâmetros fixos, como densidade de carros, passagem do tempo e proporção de caminhões. “Com isso, isolamos o efeito do limite de velocidade”, diz trecho do comunicado do coletivo.

No simulador, é possível aumentar e diminuir a velocidade máxima permitida para observar o comportamento do trânsito em circuito fechado. Em uma velocidade máxima de 50 Km/h, a velocidade média fica em 39 Km/h. Ao aumentar o limite para 70 Km/h, essa média cai para 21 Km/h.

De acordo com o consultor de comportamento no trânsito Horácio Figueira, isso ocorre por conta do tempo de reação e percepção do motorista. “Com uma velocidade menor, ele [o motorista] consegue enxergar o evento [carro à frente, por exemplo] antes. Isso causa menor turbulência [na redução da velocidade].”

A explicação de Figueira é similar a do Hacklab: quanto maior a velocidade, menor o tempo disponível para reação do motorista. Com mais freadas bruscas, o “anda” e “para” se torna mais frequente e a velocidade média de tráfego acaba caindo.

São Paulo

A gestão Fernando Haddad (PT) reduziu os limites de velocidade das marginais em junho de 2015 de 90 Km/h para 70 Km/h nas faixas expressas, de 70 km/h para 60 km/h nas centrais e de 70 km/h para 50 Km/h nas locais.

Em reposta a um pedido da Gazeta do Povo, a Companhia de Engenharia de Tráfego compilou dados que mostram queda de 21% na média diária de congestionamento da Marginal Tietê (14 Km para 11 Km) e de 10% na Marginal Pinheiros (10 Km para 9 Km) quando comparados o período de julho de 2014 a junho de 2015 com os 12 meses subsequentes. Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta semana também mostrou queda de 52% no total de acidentes fatais nas duas vias, passando de 64 acidentes com mortes entre julho de 2014 a junho de 2015 para 31 ocorrências desse tipo nos 12 meses seguintes.

Apesar de o caso de São Paulo estar no centro do debate, o coletivo informa em sua página oficial que o simulador desenvolvido por eles não é um modelo para a cidade. “Uma cidade é sempre mais complexa do que qualquer modelo. Nosso objetivo é explicar como é possível a diminuição da velocidade máxima melhorar a velocidade média.”

A redução dos limites de velocidade das vias urbanas é uma tendência mundial. Antes de São Paulo, cidades como Toronto, Paris e Londres já haviam adotado medidas semelhantes – como mostrado em reportagem recente publicada pela Gazeta do Povo. A gestão Gustavo Fruet também seguiu essa tendência e implantou a chamada Área Calma, com limite de 40 Km/h em um polígono formado por 140 quarteirões do centro de Curitiba, além de duas Vias Calmas, onde o limite máximo é de 30 Km/h.

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