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Golpistas se aproveitam do momento de fragilidade de quem tem familiares internados em hospitais, geralmente em estado grave, para tentar extorquir dinheiro via telefone. Na semana passada, um dos casos mais recentes registrados em Curitiba e Região Metropolitana ocorreu com parentes de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Mas há registro de golpes em outros hospitais da capital, como o Santa Cruz (leia mais no box).

Tentativa de golpe

Os casos de tentativas de golpe não se restringem a apenas um hospital. Os familiares de Chrystopher Ferreira, que está internado no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, desde segunda-feira (8), receberam uma ligação na última sexta (12) informando que o quadro de saúde dele havia piorado e que ele estaria com uma séria infecção no pulmão. Para que fosse administrado um medicamento, o homem, que se identificou como doutor Marcos Brandão, solicitou que a família depositasse R$ 1.800 em uma conta bancária.

De acordo com a irmã do paciente, Stephany Ferreira, a mãe desconfiou da ligação, já que Chrystopher se envolveu em uma briga em Guaratuba e está com lesões no pescoço e não no pulmão, como disse o suposto médico. “O golpista chamou minha mãe pelo nome e não deixava que ela desligasse o telefone. Ele insistia para que o depósito fosse feito na hora, caso contrário meu irmão iria morrer”, disse.

Desconfiada, a mãe desligou o telefone e entrou em contato com o hospital, que informou que se tratava de um golpe. Stephany conta ainda que o suposto médico chegou a retornar a ligação, insistindo para que a transferência fosse feita. “No momento que minha mãe disse que sabia que era um golpe, ele desligou o telefone”.

Quando a família chegou ao hospital, pouco tempo depois, recebeu informações dos funcionários de que o golpe é bastante comum e que vem sendo aplicado em todo Brasil. “O que gostaríamos de saber é como eles sabem o nome completo do paciente e o nome dos familiares? A informação está saindo de dentro do hospital?”, questiona.

O Hospital Santa Cruz foi procurado, mas ainda não se manifestou sobre o caso. No site do hospital há uma nota que informa que “as cobranças de honorários médicos ou qualquer serviço prestados não são efetivados através de ligações telefônicas nos apartamentos, acomodações ou em contatos de residências ou comerciais”.

O esquema do golpe é semelhante em vários casos: os criminosos fingem ser médicos e entram em contato por telefone com familiares das vítimas. Eles pedem que seja feito um depósito bancário como condicionante para que o hospital possa seguir com o tratamento. O detalhe é que se a situação é tratada via saúde pública, como era o caso do Caron, não é realizada cobrança alguma. Além disso, médicos não telefonam para fazer qualquer tipo de cobrança.

O delegado Wallace de Oliveira Brito, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc), afirma que três boletins de ocorrência foram abertos para apurar crime desse gênero em Curitiba. O número de vítimas tende a ser maior. “É um crime recente, que data de uns três anos atrás, e que existe em todos os estados. Muitas pessoas que são vítimas não procuram a polícia, o que nos impede qualquer investigação”, afirma Brito.

Cuidados e providências

Ele explica que quem receber qualquer telefonema solicitando cobranças por procedimentos médicos ou remédios deve, primeiramente, checar as informações pessoalmente no hospital. Depois a pessoa deve procurar a polícia para fazer a denúncia. “Tudo o que foge dos padrões normais deve ser analisado com calma, sem imediatismo. Médico não cobra o procedimento por telefone. Além disso, a conta a ser depositada não seria de uma pessoa física e sim do próprio hospital”, alerta o delegado. Nestes golpes a conta informada pelo estelionatário para o valor ser depositado geralmente é de uma pessoa física.

Além disso, Brito apura como os criminosos conseguem ter acesso a dados do paciente e da família, uma vez que ao ligar para a vítima algumas informações, como nome do paciente, familiar, tipo de doença, hospital e tipo de leito que o paciente está internado são enunciadas pelos golpistas. O delegado afirma que os criminosos se organizam para conseguir, na maior parte das vezes, nomes de profissionais que realmente atuam nas instituições. “É possível que exista informação privilegiada que parte dos funcionários do hospital. A recomendação é não fazer depósitos antecipados quando a cobrança é por telefone”, afirma. Geralmente, a conta informada pelos criminosos pertence a um laranja e é fechada após o montante ser depositado.

O ouvidor do Hospital Angelina Caron, Ari Feijó, afirma que esses golpes se alastram cada vez mais e que ocorrem porque os criminosos se aproveitam da fraqueza dos familiares. “A família já está fragilizada e ao receber uma ligação dessas acaba, muitas vezes, depositando o valor pedido”, conta. “Não são realizadas cobranças por telefone. E se for SUS [Sistema Único de Saúde], todo custo é pago pela saúde pública. Os criminosos agem de maneira covarde”, complementa Feijó. Segundo ele, na mesma semana relatos de golpes também ocorreram em Paranaguá e na Região Metropolitana de Curitiba.

Serviço

Quem estiver desconfiado de golpe deve entrar em contato pelo (41) 3365-3748. A Dedc fica na Rua Professora Antonia Reginato Vianna, 1177, no Capão da Imbuia, em Curitiba.

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