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O projeto de Wilson foi desenvolvido por Daniel Skroski, André Luis Ribeiro,Marquistei Medeiros e Ana Paula Weigert | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O projeto de Wilson foi desenvolvido por Daniel Skroski, André Luis Ribeiro,Marquistei Medeiros e Ana Paula Weigert| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Ter na família um idoso que more sozinho pode ser uma preocupação constante sobre os riscos que vêm junto com a autonomia. Os perigos, mesmo dentro de casa, não são raros e costumam tirar o sono dos familiares. Além dos problemas – muitas vezes imprevisíveis – de saúde, a solidão pode ser um gatilho para a depressão de idosos que não têm companhia durante o dia. E se fosse possível garantir que o idoso tivesse companhia o tempo todo? E se fosse possível ter alguém cuidando 24 horas por dia do seu pai, seu avô? Alguém para lembrá-lo de tomar os remédios, ler para ele as notícias do dia e monitorar sua saúde, mantendo a família informada o tempo todo dos acontecimentos importantes?

Essa é a proposta de um grupo formado por quatro curitibanos, que criou o Wilson. Inspirados no filme O Náufrago, onde o personagem principal, perdido em uma ilha deserta, acaba transformando uma bola de vôlei em seu fiel amigo e companheiro para as horas de solidão. O Wilson é um cuidador virtual que pode auxiliar o idoso em tarefas simples, como lembrar de tomar os remédios na hora certa, além de ficar “de olho” em tudo que acontece na casa para informar aos familiares, como possíveis quedas, picos de pressão e outros problemas de saúde.

Wilson nasceu no fim de semana dos dias 3 e 4 de dezembro durante o HaQaton –evento com o objetivo de debater e criar soluções inteligentes sobre tecnologia e mobilidade - promovido pela Quantum na Universidade Positivo. Foi o projeto ganhador da competição.

Grupo

O grupo é formado por quatro integrantes: a especialista em inovação Ana Paula Weigert, o bolsista do CNPq André Luís Ribeiro, o designer gráfico Daniel Skroski e o analista de sistemas Marquistei Medeiros.

“Uma semana antes eu tinha perguntado para a minha mãe, que é idosa, qual era o maior medo dela em casa morando sozinha. Ela disse que era cair e não conseguir chamar alguém. Aí eu lembrei que o Wilson fazia companhia e pensei que a gente podia fazer alguma coisa assim”, conta a especialista em inovação Ana Paula Weigert, uma das integrantes do grupo. “A ideia é que ele seja um companheiro para o idoso, que converse e tenha uma interação, e que ele faça um monitoramento, a coleta de dados de sensores”, explica.

Entenda como funciona

Wilson é um dispositivo pequeno, onde é possível armazenar medicamentos e programar uma espécie de “despertador”, para que o idoso não se esqueça de tomar os remédios no horário adequado. Ele possui um microfone, que fica o tempo todo ligado, e alto-falantes para a interação com o idoso.

A interação funciona mais ou menos como a Siri, assistente do iPhone, e o dispositivo do Google controlado por voz. “Ele [Wilson] vai detectar palavras de perigo, como ‘ai’, ‘socorro’, ‘meu Deus’, ‘me ajuda’”, explica Medeiros. Com isso, o aplicativo de celular vai emitir um alerta para o familiar responsável pelo idoso. Por meio do microfone e alto-falantes, é possível que o idoso peça, por exemplo, um resumo das notícias do dia, ou a previsão do tempo, ou alguma receita que queira testar na cozinha, entre outras finalidades.

Por wi-fi ou bluetooth, Wilson manda as informações coletadas por meio de sensores para um aplicativo de celular, que pode ser instalado em qualquer dispositivo Android. Os sensores podem ser acoplados ao sistema de acordo com a necessidade dos idosos. A equipe vai disponibilizar sensores de movimento que podem ser espalhados pela casa, além da coleta de informações como glicemia, batimentos cardíacos, pressão, entre outros.

“Medicina preventiva e tecnologia cognitiva são as duas coisas que a gente quer trabalhar. Porque é a partir do momento que você tem essas informações e sabe os hábitos do idoso, a gente consegue tirar análises”, explica o designer gráfico Daniel Skroski.

“A ideia é ele ser um cuidador virtual humanizado e o objetivo é que o idoso consiga morar mais tempo na autonomia do seu próprio lar. Se ele tem autonomia, ele não precisa ir para uma casa de repouso”, diz Ana. “Quase todo idoso faz monitoramento de pressão, por exemplo. Se esse aparelho tiver wi-fi ou bluetooth essas informações já vão pro Wilson e pro aplicativo do filho”, completa.

Além do monitoramento em tempo real, o Wilson vai permitir uma análise mais profunda da saúde do idoso. “O aplicativo de celular vai apresentar para o filho dados mais analíticos de como está o funcionamento. Se ele está utilizando, por exemplo, uma pulseira de medição de batimento cardíaco e teve uma alteração, o aplicativo vai receber a notificação”, explica o analista de sistemas Marquistei Medeiros.

O Wilson também pode ser um aliado para quem desconfia que o idoso está sofrendo maus-tratos em casa. “Às vezes, por exemplo, o idoso está sofrendo maus-tratos, mas não tem como você saber. Porque ele está acuado, ou aquela pessoa que trata mal é a única companhia que ele tem e ele não quer falar. Pelo aplicativo eu vejo, por exemplo, que ele fica nervoso quando eu saio de casa”, exemplifica Medeiros.

Mercado

Wilson deve ser disponibilizado no mercado a partir de março do ano que vem. Quem quiser o serviço poderá optar um plano básico, gratuito, ou premium, com custo ainda a ser definido. Segundo Ana, a mensalidade não deve custar mais de R$ 99. Além do dispositivo em si e do aplicativo para celular, será possível comprar os equipamentos adicionais de acordo com a necessidade de cada idoso.

“Ele é um assistente modular, não necessariamente você vai precisar dispor de dinheiro para comprar todo o pacote completo”, explica Medeiros. “Nós estamos desenvolvendo sensores de baixo custo que você pode adquirir separados do dispositivo”, afirma.

“Hoje são 4 milhões de idosos que moram sozinhos, segundo dados do IBGE. Esses idosos, aqueles que têm autonomia, não estão acamados, podem utilizar a solução do Wilson. A gente pretende entrar em 1% desse mercado no primeiro ano de lançamento, vendendo 40 mil assinaturas, e ao longo de cinco anos penetrar nesse mercado em 5%”, diz Ana. O grupo ainda procura por investidores e parceiros, mas garante que o produto deverá estar testado até o primeiro trimestre de 2017.

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