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Sumiço de Anderson passou a ser investigado pelo Tigre, especializado em sequestros | Arquivo de  família
Sumiço de Anderson passou a ser investigado pelo Tigre, especializado em sequestros| Foto: Arquivo de família

Chefe da Polícia Civil garante que caso será solucionado

Fernanda Trisotto

Na manhã desta terça-feira (16), o delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto, chefe da Polícia Civil, disse que as investigações não serão pautadas por "pressão da mídia" e garantiu que o caso será solucionado.

Ele lembrou o caso da "Chacina de Piraquara", em que se levantou a possibilidade de crime político, mas que a polícia apontou ter sido crime passional.

"A investigação está avançando. Precisamos de respostas de alguns órgãos – as operadoras, setores de câmeras em Curitiba, Estamos aguardando essas respostas e fazendo diligências que, agora, não posso revelar. Tenho certeza que daremos uma resposta em alguns dias para a sociedade", afirmou.

O delegado Sivanei de Almeida Gomes, chefe do Grupo Tigre, unidade de elite da Polícia Civil especializada em casos com reféns, disse, nesta terça-feira (16), que a polícia não tem pistas do jornalista cinematográfico Anderson Leandro da Silva, de 38 anos, desaparecido há seis dias, em Curitiba. Sem novos elementos, o responsável pelo caso afirmou que todas as hipóteses serão levadas em conta pela polícia ao longo das apurações.

O anúncio do delegado foi feito durante entrevista coletiva, realizada na tarde desta terça-feira, no 1º Distrito Policial de Curitiba. O Grupo Tigre entrou no caso na tarde de segunda-feira (15), depois de a família do jornalista ter cobrado maior rigor nas investigações e terem sido divulgados indícios de que Anderson Leandro teeria sido vítima de uma emboscada. Para os familiares, ele pode ter sido sequestrado. "Vamos investigar tudo com calma. Não posso afirmar que foi crime político, mas vamos investigar também essa possibilidade", disse o delegado.

Apesar disso, a polícia parte praticamente do zero nas investigações. Por enquanto, o que se tem são informações mínimas sobre o desaparecimento.

Anderson Leandro saiu de sua produtora, no bairro Rebouças, em Curitiba, pouco depois das 12h30 de 10 de outubro, a bordo de uma van Kangoo (placas AON-8615). Ele iria a Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, onde se reuniria com um cliente para fazer um orçamento, mas não chegou à cidade. Câmeras de monitoramento instaladas nas entradas do município não registraram a passagem do veículo.

A família pediu a quebra do sigilo telefônico do jornalista. O rastreamento do celular apontou que Anderson Leandro recebeu ou fez uma ligação, já próximo a Quatro Barras, meia hora depois de ter saído da produtora. No dia seguinte – 11 de outubro – a operadora de telefonia captou que o celular dele esteve nos bairros Tarumã e Parolin, em Curitiba. Após isso, o aparelho perdeu o sinal.

O suposto cliente, com quem Anderson Leandro se reuniria, não voltou a entrar em contato com a produtora, cobrando o jornalista pela ausência. Por isso, os familiares acreditam que alguém tenha se passado por cliente para atraí-lo.

Falta de pista frustra familiares

O delegado apontou que a conta bancária do jornalista não foi movimentada. A Kangoo e os documentos da vítima também não apareceram. Até o início da tarde desta terça-feira, ninguém havia feito contato com a família ou com a polícia, pedindo resgate. A falta de um elemento novo frustrou irmãos de Anderson Leandro, que acompanharam a entrevista coletiva.

"Acabo de ficar ainda mais triste. A gente [a família] já sabia de tudo isso que a polícia disse. Estou decepcionada por chegar aqui e por eles [os policiais] não terem nada de novo a nos dizer", disse Alaerte Leandro, irmã do jornalista.

Os familiares acreditam que o desaparecimento possa estar relacionado à atuação de Anderson Leandro na cobertura de movimentos sociais. Segundo a família, ele detém o maior acervo de imagens de conflitos relacionados às pressões dos movimentos populares do Paraná. Em 2008, ele chegou a ser atingido por um tiro de bala de borracha, disparado por um policial militar, durante a desocupação de uma área no bairro Fazendinha.

Professor de jornalismo é ameaçado

O Sindicato dos Jornalista do Paraná (Sindijor-PR) denunciou, em nota divulgada na segunda-feira (15), que o coordenador do curso de jornalismo da Facinter, Valdir José Cruz, foi ameaçado de morte por comentar em mídias sociais o desaparecimento de Anderson Leandro. Na avaliação do sindicato, o fato ressalta a hipótese de que o desaparecimento de Anderson Leandro tem "contornos maiores do que um simples sumiço".

No Facebook, Valdir Cruz - que foi professor de Anderson Leandro - insinuou que o jornalista tenha sido sequestrado por policiais, em função da atuação junto a movimento sociais. "Não quero acreditar em esquadrão da morte.... Mas temos que denunciar... (...) Podemos estar diante de um crime nos moldes dos praticados na ditadura. E todos os democratas tem que se pronunciar e cobrar esclarecimento desse caso (sic)", disse o professor, em uma postagem datada de domingo (12).

Na segunda feira, em outra mensagem publicada pela rede social Cruz informa sobre as ameaças. "Recebi uma ameaça. Vou ter que pedir proteção policial", disse. Em outra publicação, ele afirma que foi orientado por um delegado a excluir seu perfil do Facebook.

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