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Beto Richa afirma desconfiar de operação da PF

O governador Beto Richa (PSDB) disse, nesta sexta-feira (21), que prefere não especular sobre o que motivou a Polícia Federal a investigar a Sanepar, mas acrescentou que se sente no direito de "desconfiar" da operação. Richa levantou suspeitas quanto ao fato de os resultados da operação terem sido divulgados há duas semanas das eleições municipais e em um período em que os agentes da PF estão em greve. Leia mais.

Sanepar diz que ação teve motivação política

Questionado sobre a operação da PF, o diretor presidente em exercício da Sanepar, Antônio Hallage, deu a entender que as investigações tiveram motivação política. "Que outra interpretação posso dar [que não seja motivação política]. Mesmo com a Polícia Federal em greve, mobilizaram um quadro de pessoas do estado inteiro. Não conseguimos entender que possa haver outra interpretação", disse.

Hallage evitou, porém, comentar as acusações sobre níveis de poluição em estações de tratamento de esgoto. "Não temos conhecimento deles [dos laudos]. Precisamos avaliá-los para dar a correta interpretação", argumentou. O executivo ainda negou a existência de relatórios secretos de emissão de efluentes nos rios, mas admitiu que uma vez um documento pode não ter sido fornecido ao órgão policial.

Em nota emitida nesta sexta-feira, o sindicato que representa os funcionários das empresas de saneamento (Saemac) informou que as declarações do delegado causaram revolta entre os servidores e que o sindicato manifesta publicamente seu desagravo.

O Ibama lavrou mais 16 autos de infração por irregularidades em estações de tratamento de esgoto da Sanepar, empresa que está sendo investigada pela Polícia Federal. Os valores das novas autuações ainda não foram calculados, mas vão se somar aos R$ 38 milhões em multas já aplicados à Companhia de Saneamento por outras irregularidades no tratamento de esgoto.

Na quinta-feira (21), novas amostras dos dejetos lançados nos rios pela Sanepar foram coletadas por técnicos do Ibama para que sejam feitos mais teste de laboratório. Os estudos realizados durante a investigação comandada pela PF indicaram que a água do rio é mais limpa antes de chegar à estação de tratamento, quando recebe uma carga enorme de poluentes.

A reportagem entrou em contato com a Sanepar, mas não obteve retorno.

Operação A "Operação Iguaçu – Água Grande" é realizada pela PF desde 2008, mas os resultados foram divulgados na quinta-feira. O delegado Rubens Lopes da Silva classificou a Sanepar como "a maior poluidora do Rio Iguaçu" e como uma "empresa de fachada".

Isso porque, segundo ele, a companhia cobra dos clientes pelo tratamento de esgoto, mas não executa o serviço, despejando os efluentes diretamente em rios do estado. Por conta disso, a PF vai indiciar 30 gestores da empresa por estelionato.

Em entrevista concedida na quinta, ele negou a investigação tenha cunho político, dizendo que ela ocorre desde 2008, muito antes da campanha eleitoral deste ano. "A Sanepar devia parar de negar o óbvio e tomar providências", disse.

As investigações revelam ainda que 20% das estações de tratamento de esgoto da companhia atuam clandestinamente: elas sequer existem juridicamente e funcionam sem licenças de operação.

Segundo a PF, a Sanepar não repassa ao Ibama documentos exigidos sobre o tratamento de esgoto. Por este motivo, há 1,8 mil dias a companhia tem sido autuada, com multa diária no valor de R$ 20 mil.

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