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A Justiça determinou, nesta semana, a indisponibilidade de bens de quatro delegados e 16 policiais civis acusados de formarem uma rede de extorsão a donos de lojas que vendiam peças automobilísticas provenientes de desmanches. A decisão ocorreu a pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que havia ajuizado uma ação de improbidade administrativa contra os agentes. O grupo havia descoberto em 2013, na Operação Vortex, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A ação de improbidade administrativa foi movida em 11 de julho pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP-PR, que, além do bloqueio dos bens dos acusados, pedem o afastamento de suas respectivas funções públicas. Os bens tornados indisponíveis somam R$ 109 mil.

Entre os acusados, estão o delegado Luis Carlos de Oliveira, que durante o período investigado era chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, um dos postos mais altos da hierarquia da Polícia Civil. Além dele, também são apontados na ação os delegados Gérson Machado, Marco Antônio de Góes Alves e Anderon Ormeni Franco. Todos estavam lotados na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).

Segundo as investigações da Operação Vortex, o grupo cobrava propina dos donos de lojas de peças usadas e ferros-velhos. Em troca, faziam vistas grossas em fiscalizações nos estabelecimentos. Na ocasião, Luis Carlos de Oliveira e Gerson Machado chegaram a ser presos pelo Gaeco. À época, o Grupo de Combate ao Crime Organizado disse que o esquema estava institucionalizado na DFRV e apontava Oliveira como líder do esquema.

Ainda em 2013, a Justiça aceitou denúncia oferecida pelo Gaeco contra os quatro delegados e 16 policiais civis, além de três ex-donos de autopeças. Os agentes públicos respondem por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e concussão (exigir para si mesmo ou outra pessoa dinheiro ou vantagem em decorrência da função pública).

Na ocasião, escutas telefônicas gravaram Oliveira tentando negociar sua permanência na chefia da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, por intermédio de Ezequias Moreiras, que era secretário estadual de Cerimonial e que ficou conhecido pelo “caso da sogra fantasma”.

Outro lado

A reportagem da Gazeta do Povo tentou contato com os delegados, que são réus da Vortex, mas não conseguiu localizá-los. Ao telejornal Paraná TV 2.ª edição, da RPC, a defesa de Luis Carlos de Oliveira disse considerar que houve precipitação do Ministério Público, que não há provas contra seu cliente e também que nenhuma das testemunhas apresentadas pelo MP disse que o esquema era comandado por Oliveira ou que ele teria pedido vantagem ilícita.

Marco Antônio de Góes Alves negou as acusações e disse que a ação contra ele é um equívoco do Ministério Público. Alves ressaltou que as estatísticas de sua gestão na DFVR, em 2011, mostram que a alegação não é verdadeira. Anderon Ormeni Franco também não foi localizado pela RPC. Gerson Machado negou as acusações, disse que não há provas contra ele e lamentou o que considerou se tratar de perseguição do Ministério Público.

À época da operação, todos negaram participação nos crimes. Oliveira disse que o dinheiro apreendido com ele pelo Gaeco – US$ 98 mil – havia sido ganho em um cassino na Argentina. Ele também alegou que havia sido mencionado em ligações interceptadas por pessoas que queriam incriminá-lo. Na época da operação, o advogado do delegado Machado alegou que não havia nada que comprovasse a participação de seu cliente no esquema denunciado.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou nesta quinta-feira (28) que “qualquer ato em desconformidade com as regras de conduta contidas nas leis e no estatuto da Polícia Civil será rigorosamente apurado”. O órgão disse também que há um precesso em andamento sobre o caso na Corregedoria Geral da Polícia Civil e que o mesmo está dentro do prazo legal.

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