Leitura que gera práticas cidadãs

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No início de junho, o prefeito de Quatro Barras, Loreno Tolardo, recebeu uma visita pouco habitual em seu gabinete. Oito alunos do 4º ano da Escola Municipal Rui Valdir Pereira Kern, de Quatro Barras, foram pessoalmente entregar uma carta com pedidos de melhorias na sinalização de trânsito do bairro onde moram e, principalmente, no entorno da escola.

A ação foi o resultado das reflexões feitas pelos estudantes durante o chamado Maio Amarelo – mês de conscientização sobre a segurança no trânsito. “A iniciativa partiu deles. Saímos investigar a situação do entorno e percebemos que muito podia ser feito. As faixas pintadas no chão estão gastas, faltam placas de sinalização e lombadas. Eles escreveram os pedidos e entregaram ao prefeito, que se mostrou disposto a considerar os argumentos”, conta a coordenadora pedagógica da escola, Elaine da Silva Lara. Agora, as crianças aguardam a chegada das novidades, mas continuam mobilizadas e gerando transformações.

Trabalhar o jornal em sala já é habitual para as turmas da Rui Valdir, apadrinhada pelo HSBC e participante do Ler e Pensar desde 2008. Reportagens da Gazeta do Povo sobre trânsito enriqueceram as discussões durante os trabalhos em maio e também vêm motivando outras ações ao longo do ano, como a confecção de cartazes pelos alunos do 5º ano compartilhados com a comunidade escolar, com informações sobre o vírus H1N1, os efeitos da vacina contra a gripe e orientações sobre os locais para vacinação. A estratégia foi pensada durante uma aula de Ciências. “Sempre relacionamos as reportagens que trabalhamos com a grade curricular de cada turma. Isso não só é possível como enriquece, e muito, a qualidade dos ensinamentos”, comenta a coordenadora.

No ano passado, a escola venceu na categoria “Mobilização” o Concurso Cultural Ler e Pensar 2015 por envolver quase 300 estudantes e duas dezenas de educadores em práticas que motivaram o desenvolvimento da cidadania por meio de ações envolvendo a leitura.

Crianças de 5 a 11 anos do Centro de Atendimento Especializado em Deficiência Visual (CAEDV) da escola – dedicado a pessoas cegas ou de baixa visão – também participam dos trabalhos com a Gazeta do Povo e, neste ano, os dois primeiros grupos continuam se informando sobre o mundo por meio de aulas de audiodescrição. O método consiste na leitura e tradução das reportagens pelo professor aos alunos.

Diariamente, o jornal também é compartilhado com os pais das crianças e jovens, que têm mais chances de informarem-se e até percebem uma melhora no entrosamento da família. Adeline Kojo, mãe da aluna Ana Laura, de 10 anos, conta que o relacionamento com a filha melhorou. “A hora da leitura é um momento nosso”, diz.