Marca brasileira lança jeans repelente para combater o Aedes aegypti

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No combate ao Aedes aegypti, vale tudo: depois da linha de roupas para bebês com microcápsulas de citronela no tecido, a última novidade é o lançamento de uma linha de jeans que promete manter o mosquito transmissor do zika vírus, dengue, chikungunya e febre amarela bem longe graças à tecnologia similar à utilizada em uniformes do exército e roupas de trekking e camping.

A linha “Denim Repeller”, criação da gigante do setor têxtil Santista Jeanswear, possui um acabamento à base de Permetrina, um composto sintético utilizado como base em repelentes de uso corriqueiro – a substância também é usada para tratar infecções de piolhos e infestações por sarna.

De acordo com a Santista, o acabamento provoca três tipos de efeito contra os insetos: o efeito repelente, evitando que os insetos pousem sobre a roupa; o efeito “patas quentes”, provocando uma espécie de choque no mosquito ao pousar sobre o tecido; e o efeito nocaute, quando o contato prolongado com a substância provoca um efeito paralisante, causando a morte do inseto.

Eficácia em xeque

O entomólogo Mario Navarro, responsável pelo Laboratório de Entomologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), avalia a proposta do jeans repelente com apreensão. “Não é uma solução ideal, mas um paliativo com consequências ambientais problemáticas.”

Ele explica que o uso da Permetrina, um inseticida bastante conhecido no combate a insetos transmissores de epidemias, não é inovador e tampouco garantia de proteção, já que parte dos insetos desenvolveu resistência ao ativo. Além disso, no decorrer das lavagens, o inseticida é eliminado no meio-ambiente.

“É uma proposta que me incomoda porque se trata de um produto que provoca um impacto ambiental negativo e que protege apenas parcialmente, seja porque alguns mosquitos são resistentes, seja porque a roupa cobre apenas parte do corpo ou porque o repelente vai ser eliminado com as lavagens. Pode ser interessante para profissionais que atuam em áreas inóspitas, em regiões em que não haja outra alternativa, mas, no cenário urbano, não é interessante”, avalia.

Durabilidade

A ideia parece boa, mas o que todo mundo quer saber é: quanto tempo o efeito repelente dura?

Segundo a Santista, peças mais resistentes, como calças e jaquetas, mantêm o efeito por até 50 lavagens em máquinas e secagem em tambor. Já nas peças produzidas com um jeans mais leve, como camisas e moda infantil, a durabilidade do repelente é um pouco menor, de aproximadamente 40 lavagens caseiras.

Conforme indicado na certificação do produto, o valor inicial de Permetrina reduz em 30% após 10 ciclos de lavagem.

É tóxico?

De acordo com a Santista, a toxicidade e absorção da substância pela pele, em um tecido devidamente tratado, são baixas e não cumulativas pelo corpo humano ou meio-ambiente. A fabricante garante que o produto pode ser utilizado sem restrições por adultos e crianças acima de dois anos, inclusive por mulheres grávidas. A única contraindicação é para bebês com menos de dois anos devido à sensibilidade da pele.

A aplicação da Permetrina em tratamentos têxteis é aprovada pelo Oeko-Tex Standard 100 (uma espécie de ISO 9001 da indústria têxtil responsável pela certificação de produtos e de todos os estágios de produção).