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Estátua de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus e que dá nome à cidade que abriga ruínas das reduções jesuíticas | Walter Fernandes
Estátua de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus e que dá nome à cidade que abriga ruínas das reduções jesuíticas| Foto: Walter Fernandes

Investimento no turismo deve crescer

Segundo a diretora do Museu Histórico de Santo Inácio, Josilene Aparecida de Oliveira, o município tem buscado ampliar esse interesse para além do meio acadêmico. Ela acredita que a escolha de um jesuíta como papa vai aumentar o interesse por Santo Inácio. "As pessoas vão querer conhecer as origens e fundamentos que o Papa Francisco traz. Ele pertence a um grupo que é formado para ir a campo e não ficar somente dentro dos muros da igreja. Aqui temos condições de oferecer conhecimento sobre os jesuítas", explicou.

Nos próximos cinco anos, o município espera melhorar a estrutura para receber os visitantes, incluindo a criação de trilhas e a construção de um museu maior, capaz de abrigar materiais de toda a região. Outra proposta que está sendo estudada é a criação de um campus da UEM na cidade, que teria como carro chefe o curso de museologia.

Enquanto isso não acontece, o município realiza um trabalho de envolvimento com a comunidade - inclusive com aulas de educação patrimonial nas escolas -, além de programar visitas, principalmente de estudantes do Noroeste do Paraná e do Oeste paulista. "A história de Santo Inácio é nosso diamante que está sendo lapidado. Acredito que este patrimônio pode ser usado a serviço do desenvolvimento regional", explicou a secretária municipal de Cultura e Turismo, Eliane Barretos.

Cidades espanholas no Paraná

Em 1494, Portugal e Espanha firmaram um acordo para dividir entre si qualquer território que estivesse localizado além da costa atlântica da Europa e da África. Pelo Tratado de Tordesilhas, a maior parte do território onde hoje é o Paraná foi considerada do império espanhol, sendo chamada de província do Guayrá.

Entre 1554 e 1570, os espanhóis criaram três povoados nesta região: Ontiveros (próximo às Sete Quedas), Ciudad Real del Guairá (entre as atuais cidades de Guaíra e Terra Roxa) e Villa Rica del Espiritu Santo (no atual município de Fênix). Assim como as reduções jesuíticas, estes locais foram destruídos pelos bandeirantes paulistas e portugueses, que expulsaram toda a população espanhola da região.

Em Fênix, no Centro-oeste do Paraná, os resquícios da cidade espanhola fazem parte do Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo, que conta com algumas trilhas e um pequeno museu. Outras peças das reduções jesuíticas e das cidades fundadas pelos espanhóis também podem ser vistas no Museu Paranaense, em Curitiba.

Serviço

Roteiro de visita guiadas por arqueólogo e historiador

- Museu Histórico de Santo Inácio

- Marco dos 400 anos da Redução Jesuítica de Santo Inácio

- Sitio Arqueológico da Redução Jesuítica de Santo Inácio

Horário de visitação

Segunda a Sexta - 8h à 11h e das 13h às 16h

Sábado e Domingo - Somente com agendamento prévio

Agendamentos para visita podem ser feitos pelo telefone (44) 3352-1222 e pelo e-mail museu.mhsi@gmail.com. As visitas ao museu e ao sítio arqueológico são gratuitas.

  • Museu Histórico de Santo Inácio tem 1,3 mil artefatos usados na redução jesuítica

A escolha do jesuíta Jorge Mário Bergoglio como o novo papa pode ser uma inspiração para quem procura destinos históricos. Entre os séculos 16 e 17, a Companhia de Jesus, ordem a qual pertence o sumo pontífice, foi responsável pela criação das reduções, aldeamentos onde os indígenas eram pacificados e evangelizados na fé cristã. No Paraná, ainda existem resquícios deste período, que relembram uma fase importante da história dos jesuítas e da formação do estado.

A cidade de Santo Inácio, na região Noroeste, é um dos poucos locais do Paraná onde é possível encontrar vestígios das missões jesuíticas. Além de levar o nome do fundador da Companhia de Jesus - Inácio de Loyola -, o município, de apenas 7 mil habitantes, abriga as ruínas de San Ignácio Mini, uma das 15 reduções que foram erguidas no atual território paranaense que, na época, era chamado de província do Guayrá.

Na década de 1960, o local se tornou um sítio arqueológico e ponto de pesquisas para centenas de estudiosos da área. Atualmente, a entrada é controlada pela Secretaria de Cultura e Turismo do município, que promove visitas guiadas por arqueólogos e historiadores.

O passeio é gratuito, mas precisa ser agendado. O roteiro começa pelo museu da cidade, criado em 2009 e que abriga aproximadamente 1,3 mil peças, incluindo artefatos dos primeiros povos que ocuparam a região, há cerca de 6 mil anos. Por enquanto, apenas uma parte do acervo está disponível para visitação.

No espaço, também estão instrumentos utilizados pelos padres jesuítas - como crucifixos e louças - itens de cerâmica feitos pelos índios guarani e pertences dos bandeirantes paulistas e portugueses, responsáveis pela expulsão dos espanhóis e pela destruição das reduções por volta de 1630. Também há uma sala dedicada à memória dos primeiros moradores do povoado de Santo Inácio, formado em 1924.

Na sequência, o turista segue para o sítio arqueológico, que fica na zona rural, com acesso pela PR-340. Parte do trajeto é feita por estrada de terra, o que dificulta o passeio em dias de chuva, já que, normalmente, o visitante utiliza o próprio automóvel para chegar até a redução jesuítica. Quando a visita inclui grandes grupos, o trajeto é feito por um ônibus da prefeitura.

Não há placas identificando o caminho da redução, a não ser uma grande cruz erguida em frente à rodovia e que marca o início da estrada que leva ao antigo povoado. Ao chegar ao local, que é tombado como patrimônio cultural do Estado, o turista tem uma bela vista do encontro dos rios Santo Inácio e Paranapanema.

A área da redução também abriga o Laboratório de Pesquisas em Arqueologia, criado em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que mantém trabalhos de pesquisa e proteção no local. Além de banners explicativos, também há uma maquete retratando a redução, que foi abandonada pelos jesuítas e indígenas após os ataques dos bandeirantes.

O visitante também pode observar alguns vestígios arqueológicos dentro da mata e nas margens dos rios. A recomendação é que a visita ocorra em dias com tempo firme e em períodos de pouca chuva, pois quando o nível do Paranapanema está mais baixo é possível observar resquícios como as telhas de uma olaria erguida na colônia indígena, criada no século 19. A caminhada não é longa, mas é melhor o visitante utilizar calças jeans e calçados fechados, já que o percurso passa por áreas com mato alto.

Monumentos e lazer

O roteiro turístico de Santo Inácio também inclui visitas ao marco dos 400 anos da redução - uma estátua de Inácio de Loyola - e um painel desenhado na biblioteca do município que retrata a história do local. Nos próximos dias, a cidade deve ganhar mais um monumento. Trata-se de um portal com cerca de dez metros de altura que vai simbolizar o trabalho dos jesuítas junto aos indígenas e a chegada dos bandeirantes.

Além da rota histórica, Santo Inácio abriga condomínios fechados, instalados às margens do Rio Paranapanema. Durante os fins de semana e feriados prolongados, estes lugares recebem centenas de visitantes à procura de esportes náuticos, pesca e contato com a natureza. Algumas residências, incluindo casas de alto padrão, são alugadas pelos proprietários. Os condomínios dispõem de restaurante, quadras esportivas, pistas de caminhada e até mesmo pequenas praias artificiais, formadas pela represa de Taquaruçu.

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