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3,7 milhões de óbitos foram causados pela poluição do ar em ambientes externos em todo o mundo, segundo estimativa da OMS. Os dados são de 2012 | China Daily/Reuters
3,7 milhões de óbitos foram causados pela poluição do ar em ambientes externos em todo o mundo, segundo estimativa da OMS. Os dados são de 2012| Foto: China Daily/Reuters

Boas práticas

Afetadas pela poluição do ar, algumas cidades ao redor do mundo adotaram medidas para enfrentar o problema. Confira:

Pequim – Famosa pela nuvem de poluição que chega a impedir a visibilidade para além de 500 metros, a cidade chinesa adotou no início do ano severas medidas para mudar o quadro. Pequim agora irá controlar a emissão de gases poluentes e aplicará penalidades mais severas aos infratores.

Cubatão – Considerada a cidade mais poluída do mundo nos anos 1980, Cubatão (SP) diminuiu em 98% a quantidade de poluição após 25 anos da adoção de um programa ambiental que visava reduzir níveis específicos de poluentes das indústrias da região. Apesar da redução, a qualidade do ar ainda não atingiu o limite mínimo de 50 microgramas por metro cúbico de material particulado.

Santiago – A capital chilena adotou o rodízio veicular para tentar diminuir a poluição do ar. Para driblar a camada de poluição formada em sua área urbana, entre as cordilheiras das Costas e dos Andes, a cidade impede que motoristas usem seus carros duas vezes por semana.

Cidade do México – Enfrentando problema semelhante ao de Santiago, a capital mexicana também implantou o rodízio veiclar. Além disso, os mexicanos são proibidos de circular com carro em mais de 22 km de vias aos fins de semana, e anualmente submetem seus carros ao controle de poluentes.

Seul – A cidade sul-coreana irá trabalhar em conjunto com autoridades chinesas para reduzir o efeito do chamado smog (nuvem de poluição). Além disso, os coreanos já despoluíram o Rio Cheonggyecheon, o que também melhorou a qualidade do ar.

Londres – A poluição é tão grande na cidade britânica que fez até o primeiro-ministro David Cameron cancelar uma corrida matinal. Assim como em Pequim, notícias sobre a poluição atmosférica londrina rodou o mundo durante os Jogos Olímpicos. Desde 2012, uma das estratégias adotadas por lá tem sido o rodízio veicular, ação que ainda não surtiu o efeito esperado.

Mais de 7 milhões de pessoas morreram em todo o mundo, em 2012, por motivos relacionados à poluição do ar. Isso representa uma em cada oito mortes registradas naquele ano – mais que o dobro das medições anteriores. Os dados, divulgados no final de março, são da Organização Mundial da Saúde e revelam que 4,3 milhões de óbitos têm a ver com a poluição em ambientes fechados, provocada pelo uso de fogões a carvão, madeira e biomassa.

INFOGRÁFICO: Veja quem são os principais poluidores

Para especialistas em poluição atmosférica, os números são alarmantes e refletem o impacto do crescimento da frota automotiva sem o avanço, na mesma velocidade, de novas tecnologias limpas de combustíveis, além do baixo nível de controle sobre a qualidade do ar.

A OMS não tem os dados separados por países, mas divulgou as estimativas de mortes em algumas regiões do planeta. De acordo com a organização, dos 227 mil óbitos registrados nas Américas, 131 mil ocorreram em países com baixo ou médio nível de renda. Países do sudoeste asiático e do pacífico ocidental acumularam mais de dois milhões de óbitos.

Segundo Carlos Corvalan, assessor em avaliação de risco e mudança ambiental global da OMS, os dados dos países das Américas não são os maiores do planeta, mas ligam o sinal de alerta. "São mortes que poderiam ser evitadas se houvesse um controle mais rigoroso. A organização deve divulgar os dados por países daqui dois meses e aí saberemos como está o Brasil."

Para o consultor em sus­ten­tabilidade Fabio Feldmann, países emergen­tes ainda estão atrasados no uso de novas tecnologias. "Em países mais desenvolvidos, você trabalha com combustíveis mais limpos. Aqui no Brasil, por exemplo, a frota de caminhões tem média de 18 anos de idade e a maior parte dela roda com diesel de má qualidade."

Doenças

As doenças mais comuns relacionadas à má qualidade do ar foram as cardiovasculares, como derrames e problemas cardíacos, mas 6% das mortes estão ligadas ao câncer no pulmão. No total, 3,7 milhões de óbitos foram colocados na conta da poluição atmosférica. Como há muitas pessoas expostas às duas fontes, não é possível apenas somar as mortes ligadas aos poluentes externos e internos – daí a estimava de sete milhões de óbitos.

O especialista em poluição Alfred Szwarc ressalta o impacto do ar de ambientes fechados no estudo. "É significativo que mais da metade dessas mortes tenha ocorrido devido aos poluentes em ambientes internos. No caso do estudo, isso se refere, principalmente, ao uso de combustíveis sólidos, como carvão e lenha, para preparação de alimentos em comunidades pobres da Ásia e da África", afirma.

Mais mortes

Os dados da OMS de 2012 revelam crescimento em relação aos números até então disponíveis. No caso da poluição atmosférica, houve quase três vezes mais mortes (3,7 milhões de casos ante 1,3 milhão de 2008). Para a poluição interna, a letalidade dobrou – passando de dois milhões de casos em 2004 para os 4,3 milhões de dois anos atrás. O aumento da mortalidade, segundo a organização, não se deve apenas ao conhecimento mais amplo das doenças ligadas ao tema, mas também à melhor avaliação da exposição humana a poluentes.

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