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Crianças brincam com globo na Cúpula dos Povos, evento que faz parte da conferência | Vaanderlei Almeida / AFP
Crianças brincam com globo na Cúpula dos Povos, evento que faz parte da conferência| Foto: Vaanderlei Almeida / AFP

Sociólogo diz que Rio+20 não terá resultados

"Esta Rio+20 vai nos levar a perder uma geração. Temos de começar a pensar na Rio+40", sentenciou o sociólogo e economista português Boaventura de Souza Santos, que na década passada foi um dos mais ativos participantes do Fórum Social Mundial.

A frase de Boaventura, no encerramento do painel de debate sobre pobreza e desenvolvimento sustentável, no sábado, reflete a decepção de muitos militantes de causas sociais com os resultados previstos da Rio+20.

A cada rodada de negociações, o documento final da conferência fica mais aguado, única forma de obter consenso para posições díspares que opõem, em sua maioria, países em desenvolvimento aos países ricos.

O maior nó diz respeito ao financiamento da transição para um modelo de desenvolvimento que respeite o ambiente. EUA e União Europeia, em crise econômica, não querem se comprometer com recursos novos nem sequer reiterar os compromissos de ajuda ao desenvolvimento que fizeram durante a Eco-92. Já emergentes como China, Índia e Brasil argumentam que, embora o seu PIB total esteja crescendo, em termos de renda per capita, eles continuam muito atrás dos países desenvolvidos.

Em ranking baseado em um novo cálculo que associa a riqueza dos países com o uso dos recursos naturais, divulgado ontem durante a Rio+20 pelo programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), braço da ONU, o Brasil ficou em quinto lugar, empatado com Índia, Japão e Reino Unido e na frente dos Estados Unidos. A China foi a primeira colocada, seguida da Alemanha.

O resultado, porém, não indica um cenário otimista – China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem como tendo esgotado parte significativa de seu capital natural – a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca.

A proposta, batizada de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), busca integrar aspectos sociais e ambientais ao desempenho econômico das nações, se apresentando como um indicador mais completo do que o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medidas usadas para mostrar riqueza e desenvolvimento dos países. A métrica inclui áreas agrícolas, florestas, combustíveis fósseis e reservas minerais no cálculo do crescimento econômico dos países. O objetivo é auxiliar a análise do desempenho da economia dos países principalmente a longo prazo.

"Há países que tiveram um crescimento de PIB [Produto Interno Bruto] explorando seus recursos naturais. Mas essas fontes são esgotáveis" explica Anantha Duriaiappah, diretor-executivo do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas (UNU-IHDP, na sigla em inglês), um dos órgãos da ONU que elaboraram o índice.

Riqueza inclusiva

O relatório observou as mudanças na riqueza inclusiva em 20 países – que juntos representam quase três quartos do PIB mundial – de 1990 a 2008. Durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal. No caso do Brasil, somente a Amazônia, no período analisado, perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal. A área equivale a mais de sete vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

"O novo índice faz parte de uma gama de substitutos potenciais que líderes mundiais podem levar em conta como forma de dar mais precisão à avaliação da geração de riqueza para concretizar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza", disse o subsecretário geral e diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner.

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