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Organizações humanitárias, sociais e ambientais mostraram nesta sexta-feira (4) nas Nações Unidas sua "frustração" perante a "apatia" com a qual avançam as negociações para a Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) que será realizada no Brasil em junho.

Vários representantes dos Governos do mundo, o setor privado e a sociedade civil estão há semanas negociando o documento final que deve sair da cúpula, que será realizada no Rio de Janeiro do dia 20 a 22 de junho, mas as negociações não foram até o momento tão frutíferas como alguns esperavam.

Assim explicaram em entrevista coletiva na sede central da ONU representantes de organizações como Oxfam, Greenpeace, Vitae Civilis e o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS), entre outras.

"Estamos completamente frustrados e decepcionados com a pouca energia dos Governos neste processo. Sinto dizê-lo, mas essa apatia pode ser vista no processo tão lento e muito doloroso com o qual avançaram as negociações das últimas semanas", disse a representante da organização ETC Group, Neth Dano.

As negociações para a minuta da declaração já se arrastam por quatro meses, um tempo após o qual "as conversas continuam no zero", segundo explicou o representante da Oxfam, Antonio Hill, que acrescentou que "pouco ou nada emergiu do que os Governos se comprometeram a alcançar há 20 anos na Cúpula da Terra".

Essa cúpula, realizada em 1992, foi "um marco que uniu os esforços encaminhados para o desenvolvimento e o meio ambiente", e que serviu para estabelecer uma meta para oferecer prosperidade para todos sem sair dos marcos econômicos, algo ainda mais urgente hoje", disse Daniel Mittler, representante do Greenpeace.

"Agora é o momento de acabar com o desmatamento, conseguir a proteção dos mares e alcançar a revolução energética", acrescentou Mittler, fazendo um apelo para que os Governos lembrem seus compromissos e atuem quando restam menos de 50 dias para o início da cúpula do Rio de Janeiro.

Outros dos participantes da conferência destacaram as negociações na ONU de "difíceis e lentas", como disse o ativista Jouni Nissenen, da Associação Finlandesa para a Conservação do Meio Ambiente.

Nissenen disse que devido "à crise financeira" que afeta o mundo, "todos os Governos dão marcha à ré, por isso que exortou os países-membros da ONU a trabalhar juntos para superar a falta de confiança que impera nas negociações se se quer conseguir um amanhã melhor, financeira, social e meio-ambientalmente".

Segundo os participantes, muitos Governos usaram as negociações para impedir que sejam incluídas medidas necessárias para garantir um desenvolvimento sustentável, como o respeito aos direitos humanos e os princípios de "igualdade, precaução e multas aos poluentes".

O grupo de organizações sustenta que a atual crise financeira, as desigualdades no crescimento, o fracasso do sistema alimentar, a mudança climática e a diminuição dos recursos naturais requerem "um novo enfoque para o desenvolvimento econômico" que fique plasmado nos compromissos do Rio.

"As negociações atuais sobre o texto final oferecem, no entanto, simplesmente mais do mesmo", acrescentaram em uma declaração conjunta.

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