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      Uma jararaca se reproduziu no dia 2 de fevereiro, no Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu (RBV), mesmo sem ter contato com machos da espécie. O animal vive isolado em cativeiro há mais de dois anos.

      Como a gestação foi de cerca de quatro meses, o médico veterinário do refúgio Wanderlei de Moraes afirma que a possibilidade de fecundação por espermatozoide é quase nula. "É um fato raro, mas pelas condições de isolamento, temos a suspeita de paternogênese (desenvolvimento do embrião apenas do óvulo, sem ação do gameta masculino)", disse Moraes, que citou a ocorrência de um parto semelhante em Campinas (SP).

      De acordo com o biólogo do RBV Marcos de Oliveira, embora esse tipo de gestão seja mais comum em plantas, insetos e anfíbios, esse tipo de reprodução também ocorre entre répteis, como as cobras, principalmente quando eles estão em ambientes isolados. "Em uma situação de pressão [pelo isolamento], ela sentiu uma necessidade de se reproduzir e usou esse ‘gatilho’ da natureza", contou o biólogo. Ele disse ainda que alguns peixes e aves podem se reproduzir por meio da paternogênese, que não ocorre entre humanos.

      Surpresa

      O filhote da jararaca foi descoberto pelos tratadores e guias turísticos do parque. A mãe, que tem cerca de um metro de comprimento, vive em um recinto isolado por um vidro, no serpentário do RBV, aberto à visitação pública.

      Depois de encontrado no ninho, o recém-nascido, que mede cerca de 30 centímetros, foi separado da mãe. A jararaca colocou 14 ovos, mas apenas um eclodiu.

      "O fato de ter nascido somente um filhote do total de 14 ovos aponta que ou teve falha na fecundação, se ela conseguiu reter espermatozoides por tanto tempo, poucos sobreviveram ou que realmente ocorreu a partenogênese e por isso só nasceu um filhote, supondo que os que os outros ovos não foram fecundados", explicou o veterinário.

      O nascimento do "parto virgem" é relatado em alguns animais, especialmente invertebrados. Em vertebrados, a ocorrência é mais incomum, embora já relatada em galinhas, lagartos e pássaros. No caso das cobras, a paternogênese pode ocorrer, embora a regra seja a reprodução sexual, com macho e fêmea. O plantel de serpentes do Refúgio dispõe de outra cobra, uma cascavel (Crotalus durissu).

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