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Orientações

Observe alguns aspectos do comportamento de seu filho e veja como ajudá-lo.

- Caso a criança não queira participar de atividades na escola procure por outras fora do horário das aulas, mas evite algo como natação e aulas de piano. Prefira algo com que ela possa dividir experiências, como teatro ou aulas de dança em grupo.

- O computador, por exemplo, não é o melhor amigo de uma criança que tem tendência ao isolamento. Limite os horários em que ela poderá brincar na máquina.

- Se a escola sugerir que a criança faça um tratamento com um psicólogo, não resista. Esse tipo de indicação só serve para melhorar o desempenho do aluno no colégio e também em casa.

- No fim do dia, bata um papo aberto com o seu filho, questione sobre os coleguinhas de classe, o que eles gostam de brincar e de conversar. Perceba se a criança fica irritada ou feliz com o assunto.

São Paulo - João Marcelo, 10 anos, é um aluno exemplar: costuma fazer todos os deveres de casa, acorda cedo para ir ao colégio, não conversa durante as aulas e tira boas notas nos trabalhos. No quesito convivência, no entanto, o estudante ainda não tirou nota 10. "Meu filho não gosta de conversar com os colegas de classe e de participar das atividades recreativas que a escola proporciona", conta Júlia, de 36 anos, mãe do garoto. Assim como João, há muitas crianças que não demonstram vontade de interagir com seus coleguinhas de classe.

"Há uma questão importante a ser avaliada: se a criança é introvertida ou isolada. Se for a primeira situação, não acho que seja um problema. A partir do momento que você não a rotula, ela não sentirá que há algo de errado com ela e, muitas vezes, se fortalecerá com o passar dos anos. Se o pequeno ficar isolado do grupo, porém, aí é preciso haver uma dedicação especial da escola e da família", explica Silvana Leporace, coordenadora do serviço de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, de São Paulo.

"A partir dos oito anos, a criança já começa a perceber que ela faz parte de um grupo e, por isso, pode se isolar por conta da cobrança dos pais ou até mesmo dos professores e companheiros de classe", avisa a coordenadora Silvana. Para ela, "muitas vezes, o aluno está com medo de fazer algo errado e de ser cobrado no futuro. Para evitar cobranças, prefere não arriscar e se isolar totalmente do grupo".

Segundo Maria Isabel Takimoto, orientadora educacional de educação infantil do Colégio Guilherme Dumont Villares, também da capital paulista, cerca de 70% dos casos de isolamento podem ser sanados logo no início do ano letivo. "Para que isso ocorra, é importante montar um bom exercício de adaptação, preparar a recepção dos alunos e proporcionar bem-estar aos estudantes, que vão afastando os fantasmas, deixando com que o medo vá embora. Sendo assim, perceberá que já está pronto para novas relações." Feito isso, se a criança ainda continuar isolada do grupo, é hora de colocar o plano B em prática.

"Não é que você force o aluno a participar das atividades em grupo, mas cria uma armadilha, no bom sentido, que faz com que ele perceba que aquilo é algo interessante e que abrirá caminhos para a sua evolução, quebrando resistências", revela Maria Isabel. Nesse momento, a ajuda dos pais é fundamental para a evolução da criança. "Os pais precisam conversar com os orientadores e contar como o filho reage em casa e se passou por algum problema recentemente. Afinal, pode haver até um lado patológico nessa situação."

Fora das atividades escolares, os orientadores reforçam em coro que é importante uma força-tarefa dos pais. É interessante que proporcionem situações nas quais a criança possa convidar um amigo para ir à casa dela, expandindo o grupo de amizades, que não deixe de participar de situações sociais – como as festas de aniversário e excursões – e que esteja sempre em contato com crianças que não estudam no colégio, como vizinhos.

Quando a criança se isola, por menor que seja, seus amigos de sala de aula percebem e costumam reagir. "No caso do esporte, por exemplo, caso o aluno seja ruim no futebol, os meninos irão boicotá-lo no grupo. É aí que a gente tem de trabalhar", alerta Maria Isabel Valentini Saghy, orientadora educacional do ensino fundamental do Colégio Rio Branco, de São Paulo.

Farra em casa

No quarto de Ana Beatriz, de 10 anos, todo fim de tarde há uma verdadeira festa com os brinquedos da menina. Os pais dela inventam historinhas, dão gargalhadas, cantam e dançam. "Não consigo entender o motivo de ela ser expansiva com a família e com a irmã mais velha e não se soltar com os coleguinhas da mesma idade", relata a mãe Renata, de 41 anos. "Isso ocorre e depende do perfil do colégio. Geralmente, essa situação é mais comum em escolas que apresentam uma linha de educação mais rígida", alerta Fernanda Venelli Razuk, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, da capital paulista.

De acordo com ela, existe a questão da exposição da criança, ou seja, enquanto os atos e brincadeiras dela em casa serão vistos só pelos pais e irmãos, no colégio haverá um grupo maior para vê-la, o que pode gerar certa timidez. "Dentro de um padrão normal, isso não será problema. Afinal, muitos de nós, adultos, somos capazes de cantar, dançar e fazer caretas na frente do espelho e não na frente de outras pessoas."

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