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O nome

Conheça a origem e o significado da palavra sambaqui:

Etimologia

A palavra sambaqui é formada por dois elementos da língua tupi: "tamba", que quer dizer moluscos, e "ki" que significa amontado ou depósito.

O que é

Os sambaquis são empilhamentos de materiais orgânicos constituídos basicamente de conchas de moluscos e carapaças de crustáceos – foram formados ao longo de vários séculos por povos que habitaram, sobretudo, o litoral do Atlântico.

Fonte: Museu Histórico Nacional

  • Sambaqui de Figueirinha, em Jaguaruna, litoral sul-catarinense
  • Ossada no Sambaqui da Beirada, em Saquarema, na Região dos Lagos (RJ)

Muitos mistérios cercam a origem e os costumes do povo sambaquieiro. O assunto ainda não faz parte das aulas de História do Brasil nas escolas: continua restrito ao campo de Ciências como a Arqueologia e a Antropologia, porque existem aspectos importantes que precisam ser respondidos. Sabe-se que essa população foi responsável por construir os sambaquis no litoral brasileiro. Eles viveram entre 7 mil e mil anos atrás, sobreviveram da caça e da pesca e levaram uma vida semelhante à dos índios. Não está comprovado, entretanto, como eles vieram parar no país e como foram extintos.

Outro ponto importante que os pesquisadores tentam responder é a finalidade dos morros que foram construídos com restos – principalmente de conchas – denominados sambaquis. "As primeiras instituições que começaram a trabalhar com o tema surgiram nos anos 50. Mas acredito que dentro de uma década estas dúvidas poderão ser respondidas e, depois, amplamente estudadas", afirma o antropólogo Levy Figuti, professor da Universidade de São Paulo, do Setor do Museu de Arqueologia e Etnologia.

Acredita-se que os sambaquis eram usados como uma espécie de cemitério. Durante as escavações, pesquisadores encontraram diversos tipos de ossadas – de crianças e adultos – às vezes muito próximas umas das outras. O curioso é notar ainda a forma como estes ossos estavam dispostos. "Não havia uma preocupação no modo com que esse indivíduo seria enterrado, isto é, não existia homogeneidade", conta a doutora em Arqueologia Rhoneds Perez, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Um homem era sepultado dobrado, como se estivesse na posição fetal. Outro era deitado de lado, ou de barriga para baixo ou ainda de ponta-cabeça. Há enterros coletivos em que aparecem homens, mulheres e crianças, todos juntos."

A arqueóloga conta que foram encontradas ossadas com vestígios de ocre, o que pode significar que logo após a morte os sambaquieiros tinham o costume de pintar o corpo, como se isso fizesse parte de um ritual fúnebre. Aparecem também colares feitos com contas – estas eram vértebras de peixes e tubarões distribuídas lado a lado. "Em alguns casos, próximo ao corpo, foram encontrados instrumentos e vestígios de alimentação", diz Rhodnes. "O que pode significar que no mesmo local os sambaquieiros moravam, comiam, confeccionavam suas ferramentas e enterravam os mortos."

Grande parte dos sambaquis pesquisados tem vestígios de funerais, mas os antropólogos também encontraram outras características interessantes. É possível que este povo tenha usado os montes de conchas para morar: em cima deles, os sambaquieiros poderiam montar barracas de lonas. Há resquícios ainda de fogo, o que pode comprovar que eles faziam fogueiras nos sambaquis. "Foram encontrados restos de macacos e de outros mamíferos, por isso não é errado dizer que este povo vivia não só da pesca, mas da caça também", explica Rhoneds.

Sudeste e Sul

Existem sambaquis na costa litorânea a partir do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, por isso há ainda a possibilidade de haver variações no estilo de vida deste povo a partir da região em que viveram. Como eles existiram entre 7 mil e mil anos atrás, o aspecto tempo também deve ser considerado, porque pode ter alterado determinadas características de um período para o outro. Os sambaquis variam de tamanho: alguns têm menos de um metro de altura e outros são enormes, como o de Garopaba (SC), que tem 35 metros de altura, 700 metros de comprimento e 500 de largura. "Estima-se que os sambaquieiros demoram mais de 2 mil anos para fazer um sambaqui tão alto assim", afirma Figuti.

Em Santa Catarina eles são mais visíveis porque estão mais conservados e não foram cobertos pela restinga. Há lugares, entretanto, em que a visualização se torna difícil porque a floresta e o mangue os encobriram.

Provavelmente os sambaquieiros levavam uma vida semelhante a dos índios. Eles conseguiam fazer ferramentas muito sofisticadas, eram bons pescadores e deveriam ter algum tipo de embarcação, como canoas. "Apesar da aparente falta de sofisticação tecnológica, existe uma apuração estética forte", comenta Figuti. "Os objetos que eles produziam eram bonitos. Diria que eram artesãos especializados."

Uma das hipóteses para a existência deste povo no Brasil é de que estes homens chegaram às Américas, entraram pelos Andes e foram para o Sul, na direção da cidade de São Paulo – depois eles teriam se espalhado. Outros acreditam que eles entraram na América do Sul e passaram pelo Equador para chegar ao Brasil. Há ainda hipóteses de que eles teriam chegado direto ao litoral do país ou de que todas as teorias juntas poderiam ser aplicadas.

Já sobre a extinção, alguns pesquisadores defendem que eles foram encontrados pelos índios tupi-guaranis e exterminados em um confronto. Outros acreditam que ambos viveram em harmonia, o que teria gerado uma miscigenação que acabou terminando com a própria cultura dos sambaquieiros. É possível ainda que tenha acontecido o esgotamento da fonte de subsistência (os mariscos) deste povo, devido à coleta predatória e excessiva para alimentar toda a população.

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