
Localizados em praças e pontos de bastante movimento, os módulos policiais representam hoje o extremo oposto do que já foram um dia. Para moradores e comerciantes próximos às estações abandonadas em Curitiba, as estações são o retrato da ausência do Estado em lugares onde a criminalidade cresce. Desativados ou com a presença de policiais apenas em determinadas horas do dia, os módulos são vistos como um símbolo de desperdício de dinheiro público e da falta de segurança.
Isso ocorre no bairro Água Verde. Situado próximo a um dos cemitérios municipais, o módulo policial que está fechado poderia minimizar o número de assaltos e furtos de carros da região. É o que pensa Reinaldo Skrzepszak, comerciante de 60 anos que mora no bairro e que teve seu veículo roubado há poucos meses quando seu filho saía de casa. "Tenho que olhar para fora cada vez que entro ou saio de casa para ver se não tem ninguém. Se o módulo estivesse funcionando aqui iria amenizar esse problema, porque o ladrão quer coisa fácil, sem riscos", fala.
Quem também já foi assaltada e sente falta da presença permanente dos policiais é a pensionista Vanda Alves Alice, de 73 anos. Vanda mora em frente ao módulo do Jardim Social e conta que a polícia vai algumas vezes por dia até o módulo, permanece no local por alguns instantes e depois vai embora. Foi em um desses intervalos sem policiais que a casa de Vanda foi assaltada e a pensionista teve suas joias e equipamentos eletrônicos furtados. "Se tivesse policial ali pelo menos teria visto o movimento estranho", diz a moradora.
Policiais presos
Guaracy Mingardi, pesquisador de Direito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e ex-subsecretário nacional de Segurança Pública, afirma que a necessidade de ter policial à disposição da população vai além da construção ou reativação dos módulos. "É evidente que alguns locais precisam de módulos e outros não, mas eles não podem prender a polícia lá dentro e tirar o efetivo da rua."
Em sua opinião os módulos são políticas que não deram certo e que devem ter novos usos. "Não deveriam ser reabertos, mas eles não foram construídos para ficarem fechados. Deveriam ter uma destinação social, alguns podem servir, inclusive, para atividades comunitárias", diz Mingardi.
"Mocó" estratégico
Entre os módulos desativados da capital, o implantado na Vila São Pedro recebeu durante meses uma nova função, porém nada nobre ou dentro da legalidade. Hoje a construção está completamente pichada e é cercada por grades, mas ainda assim serve como ponto de encontro de traficantes e usuários de drogas.
"Quando os policiais saíram do módulo, os traficantes entravam e usavam o espaço para fazer comércio lá dentro. Então a comunidade tirou a porta e fechou com parede. Olha que absurdo", fala Luiz Alberto Sobania, de 65 anos, dono de uma loja em frente ao equipamento, que fica em uma praça que dá acesso a dois colégios estaduais, um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e um Farol do Saber. "Faz cinco anos que esse módulo está fechado e com certeza faz falta. Já fui assaltado quatro vezes nesse tempo e agora os traficantes agem na praça o dia todo", conta Luiz.
Ausência de polícia
Qual a melhor destinação para os módulos policiais que hoje estão inutilizados?
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