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Veja mais sobre as mortes no Paraná e o cronograma de vacinação |
Veja mais sobre as mortes no Paraná e o cronograma de vacinação| Foto:

Prevenção fica para trás

Natália Cancian e Jennifer Koppe

O aumento das temperaturas e a diminuição dos casos de gripe A (H1N1) nos últimos meses refletiu na procura e no uso do álcool em gel, recomendado para a prevenção do vírus. Ge­­­rente de uma farmácia da capital, Odair José da Silva conta que hoje vende apenas uma unidade do produto ao dia. No auge da epidemia, a média ficava em torno de 40. "Chegava a faltar", relata o vendedor.

Proprietário de um restaurante na região central da cidade, Reinal­do Scudero Júnior também sentiu a diferença no uso de álcool em gel pelos clientes com a chegada do verão. Antes havia dois dispensadores do produto; agora, há só um. E a reposição, que era feita até duas vezes ao dia, agora só acontece uma vez por semana. "São poucos que usam o produto antes de se servir", afirma.

Para o infectologista Moacir Pi­­res Ramos, o surto de gastroenterite viral no litoral do estado foi a maior prova do descuido da população, já que as medidas de prevenção são as mesmas para ambos os vírus. "As festas de fim de ano e o carnaval são eventos que envolvem grandes aglomerações de pessoas. Fe­­liz­mente, ocorrem no verão, época em que a gripe A circula com menos intensidade", explica.

Cuidados

Embora a segunda onda da gripe A só esteja prevista para chegar ao Brasil nos meses de abril e maio, o vírus H1N1 continua circulando. Para prevenir o contágio, evitar aglomerações e adotar alguns hábitos básicos de higiene são fundamentais.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná é importante lavar bem as mãos com água e sabão, principalmente antes das refeições, ao chegar em casa e depois de ir ao banheiro. Quando não for possível lavá-las, o uso do álcool 70%, líquido ou em gel, também é uma alternativa eficaz.

Recomenda-se também dar preferência ao convívio em am­­bientes arejados, cobrir sempre o nariz e a boca com lenço de papel ao tossir ou espirrar, e não compartilhar pratos, talheres, copos e outros objetos de uso pessoal.

  • Delfin Figuerôa: síndico é um dos que fazem questão de continuar usando álcool em gel para se prevenir contra a gripe

A divulgação do mais recente boletim epidemiológico sobre a gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína, no Paraná aponta para dois problemas graves. De um lado, o boletim, elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde, revela que continua havendo mortes no estado em função da nova gripe: foram quatro até a divulgação do boletim, no dia 9, e mais uma depois. Isso indica que o vírus continua ativo e circulante no Paraná. Por outro lado, o boletim revela que as autoridades não têm controlado de perto a evolução do número de casos da doença.

O boletim mostrou um au­­­mento de 7 mil casos em relação ao número divulgado 30 dias antes. No entanto, ontem, a Secretaria da Saúde admitiu que não sabe quantos desses casos são de pessoas contaminadas realmente nos últimos 30 dias. Muitos deles podem ser de contaminações ocorridas no ano passado, mas que até agora constavam como casos incertos. Como agora o governo faz uma triagem dos casos duvidosos, o número total aumenta, mesmo que não haja novas contaminações.

Não é só aqui que a falta de acompanhamento da evolução da gripe ocorre. São Paulo, um dos estados mais afetados pela gripe e o mais populoso do país, também não mantém estatísticas sobre o tema. O Ministério da Saúde, idem. Isso poderia, em teoria, dificultar o combate à segunda onda da doença, que deve ocorrer neste inverno. A população também mostra sinais de que se descuidou nos itens de prevenção necessários. As autoridades, porém, apostam que a vacina e outras formas de controle serão suficientes para manter a doença em níveis baixos em 2010.

Casos

O número de casos diminuiu significativamente durante o verão. Em Curitiba, não houve nenhum caso confirmado da gripe A entre janeiro e fevereiro. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul também não houve registro da doença nesse período.

Quanto às mortes ocorridas neste ano no Paraná, o infectologista Moacir Pires Ramos afirma que estão dentro da normalidade e que não são sinal de que a gripe A virá com mais força. "Foram casos esparsos e já esperados. Entre as vítimas havia um jovem portador de doença crônica e uma gestante, ou seja, ambos faziam parte de grupos de risco da doença. É certo que o contágio irá aumentar, agora que já passou o carnaval e que as temperaturas vão baixar. Por isso a população precisa estar atenta em relação à prevenção. Cuidados básicos de higiene, que deveriam ser constantes, ficaram esquecidos por causa das férias", afirma o médico, membro do Comitê Municipal de Prevenção e Con­trole da Nova Gripe de Curitiba.

Segundo o secretário de Esta­­do da Saúde, Gilberto Martin, é muito provável que a segunda onda da gripe seja menos grave do que a primeira. "Foi o que acon­­­teceu no Hemis­­fério Norte. A segunda onda afetou os Esta­­dos Unidos e a Europa no inverno e, mesmo assim, os índices da doença declinaram. Estaremos mais protegidos com a vacina, que irá beneficiar cerca de 4 milhões de pessoas só no Paraná, sem falar nos milhares que fo­­­ram infectados pela doença no ano passado e que, por isso, já estão imunizados", explica.

Para o presidente da Socieda­­de Paranaense de Infectologia, Alceu Fontana Pacheco Júnior, os critérios adotados pelo poder público para identificar casos de gripe são "meio frouxos". "Não dizem onde os casos estão localizados. E não se fazem exames, a não ser de quem está morrendo", afirma. "A gente não sabe exatamente o que os médicos estão considerando como gripe."

Pacheco acredita que os números divulgados podem estar acima dos casos reais. Para ele, não há, no entanto, como contabilizar os casos verdadeiros. "Só se fizessem uma avaliação universal do ponto de vista laboratorial, com todos os casos suspeitos. Hoje, se uma pessoa tem febre e tosse e vai ao médico, ele pode notificar como gripe", diz. "Acredito que esses 6 mil casos estão acima (da realidade). Minha experiência é em Curitiba e não tenho visto casos de gripe, nem ouvido falar que meus colegas tenham visto casos de gripe."

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