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Um motorista do Uber foi agredido por taxistas no fim da tarde desta quinta-feira (26), dentro do estacionamento do supermercado Carrefour da Avenida Bento Gonçalves, no bairro Partenon, em Porto Alegre. Bráulio Pelegrini Escobar, de 40 anos, levou socos e pontapés por cerca de dez minutos até ser socorrido por testemunhas. Ele foi levado ao Hospital Cristo Redentor, onde fez exames e recebeu alta por volta das 23h.

Dois taxistas foram presos em flagrante e encaminhados para a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Porto Alegre. Cauê Cavalheiro Varella e Alexandro dos Santos Scheffer, que não tiveram as idades informadas, prestaram depoimento e foram reconhecidos pela vítima no Palácio da Polícia.

Já na madrugada desta sexta-feira (27), os dois foram encaminhados ao Presídio Central. De acordo com a delegada plantonista, Cristiane Ramos, eles vão responder por tentativa de homicídio e dano qualificado. O inquérito deve ser encaminhado à 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Pouco antes da meia-noite, o motorista agredido, Bráulio Pelegrini Escobar, chegou ao Palácio da Polícia para prestar depoimento. Ele disse ter sido vítima de uma emboscada. O motorista contou que ficou quase uma hora circulando com os agressores pela cidade.

“Ele [um dos agressores] se passou por passageiro, me fez circular por várias partes da cidade até me levar ao supermercado, onde houve a agressão. Tentaram me parar em blitz para meu carro ser apreendido. Tentaram me levar para o Campo da Tuca, mas desistiram porque eu comecei a não obedecer mais”, relatou.

“Foram em torno de dez pessoas contra mim. Fiquei preso dentro do carro, não conseguia me mover. Sofri agressão de todos os lados. Foi uma emboscada, com certeza”, acrescentou Escobar.

O motorista explicou que estava desempregado há três anos antes de receber a oportunidade de trabalhar com o Uber e fez um desabafo direcionado ao prefeito José Fortunati:

“Queria que o senhor prefeito olhasse bem para o meu rosto quando ele tenta dizer que Porto Alegre não é uma terra de ninguém”, disse.

Mais cedo, desesperado ao telefone, ele também protestou contra a falta de segurança a motoristas do Uber.

“Cadê o (Vanderlei) Cappellari (diretor-presidente da EPTC)? Cadê o (prefeito José)Fortunati? Eu estava trabalhando, não estava roubando ninguém. Eles têm emprego. Eu preciso trabalhar, tenho família”, disse.

A defesa dos taxistas, que pediu à Justiça a liberdade dos homens, apenas informou que a dupla estava trabalhando no ponto de táxi do supermercado no momento do ocorrido. A EPTC informou, pela página oficial da empresa no Facebook, que “os taxistas que agrediram o motorista do Uber serão suspensos preventivamente, a partir de suas identificações. A empresa ressalta que não pode banir envolvidos na agressão antes da conclusão do caso. Se a Justiça considerar os envolvidos culpados, a EPTC banirá os taxistas do sistema.”

A assessoria de imprensa do Uber disse que a empresa “se solidariza com o motorista” e que o “uso de violência em qualquer forma, sobretudo contra cidadãos trabalhadores, é inaceitável. A Uber está oferecendo todo o apoio ao motorista atacado e todas as medidas legais cabíveis serão tomadas”. O Uber comentou ainda que vai “colaborar com as autoridades locais durante a investigação”.

O Carrefour esclarece que “assim que percebeu o ocorrido, acionou imediatamente a Polícia Militar para conduzir a situação. O SAMU também foi acionado para socorrer a vítima”. A companhia também se colocou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.

Outros casos relacionados ao Uber

Na madrugada de sábado (21), pouco mais de um dia após o início do Uber na capital, um motorista do novo serviço em operação teve a passagem bloqueada por taxistas no bairro Mont’Serrat, quando tentava transportar um passageiro.

O estudante de 20 anos — que prefere não ter seu nome divulgado — conta que chamou o Uber pelo aplicativo à 0h32min em um bar na Rua Tenente Coronel Fabricio Pillar. Conforme o jovem, que estava com a namorada e iria para a zona sul da Capital, os taxistas disseram que só liberariam a rua depois que a EPTC ou a Brigada Militar chegassem.

Também no sábado, a EPTC multou e guinchou um carro do Uber no bairro Independência. Na manhã de quarta-feira, outros dois carros foram recolhidos. O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, disse que a EPTC prevê pedir carros pelo aplicativo para multar motoristas e apreender veículos em flagrante.

Ainda na quarta os vereadores de Porto Alegre aprovaram o projeto que proíbe o funcionamento do Uber até a regularização.

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