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A família Rigotti vive no Água Verde há 46 anos: banco ao pé da árvore é ponto de encontro. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
A família Rigotti vive no Água Verde há 46 anos: banco ao pé da árvore é ponto de encontro.| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Só para quem procura alto padrão

Após 22 anos morando no Água Verde, o bioquímico Milton Saliba decidiu se mudar para o Batel dois meses atrás. Apesar de reconhecer que o antigo bairro mereceu o primeiro lugar na pesquisa, a mudança já vinha sendo planejada há dois anos. Pesou na decisão a proximidade do Clube Curitibano, as ruas limpas e arborizadas e a oferta de serviços de alto padrão, como shoppings, restaurantes e supermercados. "Você se sente bem ao caminhar por aqui", revela.

Há 30 anos, a aposentada Bonina Barbosa tomou a mesma decisão. Assim que o centro de Curitiba começou a ficar confuso e tumultuado, ela escolheu o Batel como novo lar. A qualidade de vida no bairro e o fato de os serviços básicos estarem todos muito próximos de casa foram determinantes para a mudança.

A tranquilidade elogiada por Milton e Bonina é quebrada nos fins de semana pelos bares e casas noturnas do Batel. E é justamente por meio desse agito que Bruno Salomão ganha a vida e se diverte. Músico profissional, ele vive no bairro há 35 anos.

A líder comunitária Araci Leal de Jesus saiu de Castro, no interior do estado, quando se casou com um curitibano, 30 anos atrás. Como a família do ex-marido vivia no Portão há mais de sete décadas, ela também se mudou para o bairro. "Hoje me sinto uma verdadeira curitibana. Afinal, meus seis filhos nasceram aqui."

O desejo de tornar o bairro um lugar cada vez melhor para se viver levou Araci à presidência da Associação de Moradores do Portão. Por isso mesmo, ela é só elogios à região. "Temos toda a infraestrutura necessária, com bancos, supermercados, shoppings", destaca. (ELG)

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Ruas arborizadas, proximidade do centro e serviços de alto padrão. Esses são alguns dos atributos que fazem com que os bairros Água Verde e Batel sejam o endereço dos sonhos de muitos moradores de Curitiba. Os dois, seguidos do vizinho Portão, foram apontados como os bairros mais cobiçados da cidade, em levantamento encomendado pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas.

O estudo mostrou que mais de um quarto dos curitibanos gostaria de viver nesses bairros ou no Centro (veja infográfico). O líder na preferência é o Água Verde, que foi a opção de 9,08% dos entrevistados. Logo atrás, aparecem o Batel e o Portão, bairros que ficam a menos de seis quilômetros do Centro – quarto colocado na pesquisa.

Os dados levantados pelo Paraná Pesquisas são confirmados pela Associação de Corretores de Imóveis de Curitiba e Região Metropolitana. Segundo o diretor da entidade, Alexandre Reif Junior, há alguns anos, o Água Verde tornou-se o bairro número um em vendas.

Ele explica que os imóveis da região atendem às exigências de um novo perfil de comprador: têm bom padrão, são próximos ao centro e não custam tão caro. Hoje, o preço médio de um apartamento no Água Verde fica na faixa de R$ 100 mil a R$ 140 mil. "A maioria das consultas às imobiliárias, por internet ou telefone, é sobre imóveis nessa área."

Um desses novos compradores é a jornalista Thaís Vargas. Depois de viver em Curitiba durante 22 anos, ela se mudou para Florianópolis, onde cursou a universidade. Assim que concluiu os estudos, decidiu voltar para a capital paranaense, por causa das melhores oportunidades de trabalho. Na cabeça, Thaís já tinha definido o lugar em que moraria na volta a Curitiba: o Água Verde. "Além de ser um bairro muito bonito, tem uma excelente qualidade de vida", diz. "E também é perto do centro, do coração da cidade." Por todos esses motivos, a jornalista não pretende se mudar tão cedo. "Com certeza, vou ficar aqui por muito tempo."

No Água Verde, Thaís será uma novata perto de moradores antigos e tradicionais, como o aposentado Ivan Rigotti. Catarinense de Concórdia, ele vive na região há quase 46 anos. Quando chegou a Curitiba, na década de 60, o bairro era repleto de vacas e parreiras de uva cultivadas por famílias italianas como a dele. A casa de madeira construída pelos pais na chácara que compraram na época continua em pé até hoje e ainda é a residência do aposentado. "Perto de casa, tem o mesmo armazém de 62 anos atrás, que vende de linguiça a pinico", conta. "É por coisas assim que quase a família toda continua vivendo aqui."

Apesar da proximidade com o centro, a rua de Ivan Rigotti é tranquila e arborizada. Na frente da casa do aposentado, um banco ao pé da árvore – semelhante aqueles que enfeitam as praças da cidade – é o ponto de encontro da família e dos vizinhos. Ali, eles se reúnem com frequência para fazer churrascos e tocar violão até de madrugada. "Em outros bairros, dificilmente você vai ver esse tipo de coisa", afirma. Com os dois filhos ainda por perto – um já casado e também morador do bairro – Ivan não pensa em sair do Água Verde. "Essa hipótese nunca passou pela minha cabeça."

A algumas quadras dali, vive um morador ainda mais antigo. O artista plástico Diniz Bonilauri nasceu no bairro em 1933 e, 75 anos depois, continua morando ao lado da Arena da Baixada, estádio do Atlético. Ele conta que, quando era criança, havia pouco mais de 15 casas na região. As ruas não eram asfaltadas e, em dia de chuva, tudo virava um grande mar de lama. "Ia descalço até a Avenida Iguaçu e, então, lavava os pés numa bica d’água pra embarcar no bonde", relata. Mesmo com o crescimento do bairro, o artista plástico não reclama da vida cada vez mais agitada do local. Nem os dias de jogos de futebol tiram o sossego desse torcedor paranista. "Hoje em dia, é muito difícil a pessoa morar a vida toda no mesmo lugar", diz. "Mas como eu vou sair de um bairro limpo, tranquilo e arborizado?"

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