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O salvamento do pai que juntava saliva na boca para dar ao filho enquanto estavam soterrados depois de um deslizamento em janeiro de 2011, em Nova Friburgo, é o que mais emociona o tenente-coronel bombeiro Luciano Sarmento, de 35 anos. Ele estava lá quando o pequeno Nicolas e o pai Wellington Guimarães foram resgatados após cerca de 15 horas.

Sarmento também participou do salvamento das vítimas do Morro do Bumba, em Niterói, e da chuva no réveillon em Angra, ambos em 2010. Mais uma vez, na noite de quarta-feira, o bombeiro estava presente quando foi salvar a vida do operário Alexandro da Silva Fonseca Santos, de 31 anos, no Centro.

"É muito gratificante. Cada trabalho é diferente do outro. Conseguir tirar alguém com vida debaixo da terra é emocionante", descreveu o bombeiro, que só não viajou para o Haiti após o terremoto de 2010 porque estava envolvido com as buscas às vítimas da tragédia de Angra.

O bombeiro, que chegou ao local do desmoronamento no Centro por volta das 21h da quarta-feira, ainda estava com ânimo para continuar as buscas - mesmo com a intensa fumaça e o forte cheiro de fogo - no início da tarde de quinta-feira. De estrutura mediana, solteiro, com sorriso tímido, Sarmento conta que é de uma família de bombeiros.

De acordo com o coronel Sérgio Simões, secretário estadual de Defesa Civil, entre 80 e 120 bombeiros trabalham desde a noite de quarta-feira no local do desabamento. Eles se revezam em turnos de 12 horas. A tropa é especializada em busca e salvamento.

"A maior dificuldade é lidar com o sofrimento dos familiares que estão ansiosos. Do ponto de vista da operação, a maior dificuldade é o volume do maior material desabado", diz.

Durante a manhã de quinta-feira, o trabalho foi interrompido para que cães farejadores procurassem por pessoas vivas. De acordo com coronel, a todo tempo os bombeiros acompanham o trabalho dos operadores das máquinas. Ainda segundo ele, há necessidade de cuidado com a retirada dos escombros devido a hipótese de se encontrar um sobrevivente.

"Os bombeiros envolvidos nesse trabalho são pessoas com muita qualificação, principalmente nesse tipo de ação, em estruturas colapsadas."

Simões afirmou que os focos de incêndio observados no local do desmoronamento eram devido a um escapamento de gás da tubulação de um dos prédios.

Em meio à tragédia, pessoas se reúnem com o intuito de prestar solidariedade às vítimas do desabamento. Para ajudar a agência de publicidade Nuva, que funcionava no 12 andar do prédio 44 da Avenida Treze de Maio, Ricardo Martins, um amigo virtual dos sócios Pablo Augusto e Guga Alves, criou uma campanha virtual no site www.vakinha.com.br para arrecadar dinheiro para ajudá-los a reerguer uma nova sede.

A agência funcionava há apenas cinco meses. No momento, nenhum dos cinco funcionários estavam no local. Guga Alves disse que costumava ficar até mais tarde trabalhando, mas na quarta-feira saiu cedo para jogar futebol. Até o final da tarde, o grupo já tinha arrecadado mais de R$ 5 mil dos R$ 20 mil necessários para recompor a estrutura do escritório.

"Agradecemos as pessoas que estão nos ajudando a recuperar a agência", disse Guga. O Hemorio pediu ajuda e mais de 500 pessoas doaram sangue. A campanha continua. O Hemorio funciona na Rua Frei Caneca 8.

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