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Dias atrás, dois meninos de 12 e 11 anos decidiram vender suco na rua para arrecadar dinheiro para ajudar uma idosa que, souberam pelo jornal, necessitava de uma cadeira de banho. A vizinha dos garotos se comoveu com a atitude, fotografou a banca de sucos enjambrada com uma tábua de passar roupas e postou no Facebook. Em questão de minutos, centenas de pessoas curtiram e compartilharam a imagem e, em duas ou três horas, uma rede espontânea de voluntários havia se formado. No dia seguinte, a boa vontade on-line migrou para o off-line e dezenas de doações chegaram ao asilo que inspirou a ação das crianças.

Mídias sociais contribuem para mudança

Pesquisas comprovam que o uso de redes sociais e outras tecnologias contribuem para a transformação social em pequena e larga escala. Levantamento da George Town University mostrou que 75% das pessoas acreditam que influenciam sua família e amigos sobre causas sociais utilizando suas redes sociais; 64% apoiam causas sociais online porque leva menos tempo e 56% acham que a disseminação por mídias sociais é mais rápida.

Em julho, a curitibana Flavia Camargo decidiu apresentar à Secretaria Municipal da Mulher um projeto para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica a cobrirem com tatuagem as cicatrizes dos abusos. A prefeitura usou o Facebook para divulgar a ideia e, em uma semana, conseguiu comover mais de dois milhões de internautas, gerando 96 mil curtidas e seis mil compartilhamentos. O post teve alcance surpreendente e Flavia já foi procurada por mulheres de vários estados interessadas em transformar marcas de violência em algo bonito.

Os dois episódios ilustram o grande potencial mobilizador das redes sociais e revelam um fenômeno recente: o otimismo digital. Não fossem os posts que mostraram ao mundo pessoas comuns tentando ajudar desconhecidos, muito provavelmente as iniciativas dos “meninos do suco” e de Flavia não teriam conquistado tanta simpatia e envolvimento nem alcançado os resultados reais que alcançaram.

Na avaliação de Bruna Vieira, coordenadora de comunicação do Social Good Brasil – projeto vinculado ao movimento global +SocialGood, que visa incentivar e difundir o uso de tecnologias para gerar mudança social – a internet potencializa a conexão em rede e promove uma mudança de comportamento que convida à mobilização porque, no universo online, não só as informações se espalham rapidamente, como os usuários têm mais autonomia para o engajamento.

Usuários de redes sociais são mais engajados

As causas que mais mobilizam usuários de redes sociais são aquelas relacionadas com a comunidade em que vivem. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Pew Research Center sobre engajamento de pessoas comuns no ambiente virtual (em ações que podem ou não migrar do on-line para o off-line).

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“Pelas redes sociais as pessoas podem adequar sua participação conforme o tempo que dispõem e o lugar onde estão. Além disso, o engajamento em rede é motivador, é como se a pessoa observasse o envolvimento de outros usuários e pensasse ‘Está todo mundo fazendo um pouquinho, eu posso fazer um pouquinho também’.”

Alcance

Apesar de a mobilização on-line ter caído no gosto dos usuários, há quem critique o ativismo que “não ultrapassa a tela do computador”. No entanto, Bruna pondera que muitas boas ações começam e terminam no universo online – é o caso de campanhas de informação e conscientização. Em última instância, defende, ainda que uma campanha convide os internautas à arrecadação de donativos e apenas uma parte pequena dos milhares que compartilharam o post de fato façam doações, o simples compartilhamento já gera impacto positivo ao promover discussões e consensos sobre um problema social.

Facebook pode financiar boas ações

O boom de ações e campanhas sociais lançadas via redes sociais motivou o Facebook a criar um aplicativo de crowfundking (financiamento coletivo) para viabilizar a realização de projetos sociais, artísticos etc. Trata-se do Mobilize, que permite que qualquer usuário crie campanhas para seus projetos. Funciona assim: o usuário descreve a ação e a página transforma-se em um perfil de divulgação do projeto; a partir daí, quem visitar a página poderá realizar contribuições pelo próprio Facebook.

“Isso é importante: não é necessário se envolver com grandes ações para gerar mudanças positivas; ninguém precisa ser megalomaníaco – qualquer iniciativa que promova acesso a algum tipo de informação ou resulte em algum benefício social já é ‘social good’”, ressalta.

Especialistas afirmam que os indivíduos participam de movimentos ou campanhas sociais quando consideram que o seu envolvimento fará a diferença. Na avaliação de Bruna, há ainda outro fator motivador: a identificação. “As pessoas se mobilizam pelo que as comovem e com o que se identificam. Não importa se é uma ação para arrecadar dinheiro, donativos ou difundir uma informação importante – mas é preciso fazer sentido, causar empatia no indivíduo. Muitas vezes apoiam causas cujos resultados nem verão, mas apoiam e isso é importante.”

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