• Carregando...
 | Henry Milleo / Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

Desde pequena, Eduarda Osório, de 11 anos, foi criada em um ambiente cheio de dança. Com duas irmãs bailarinas, ela aprendeu desde pequena as posições corretas de braço e pernas na hora de brincar de dançar balé. Hoje, Eduarda, que tem Síndrome de Down, está internada no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, para fazer tratamento. Mas pode deixar o quarto após 12 dias de internamento para participar da Oficina de Balé promovida pela Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra (ABABTG), que leva a história da dança e os primeiros passos do balé clássico para dentro do hospital.

Durante a oficina, pais e pacientes aprendem sobre os clássicos Quebra-Nozes e Lago dos Cisnes, além de esquecer o tratamento por alguns momentos e brincar com os passos de dança. “A Eduarda sempre viveu rodeada de dança. Ela ama. Prefere dança acima de qualquer outra atividade ”, contou a mãe, Vera Osório. No ano passado, Eduarda se apresentou de tutu de bailarina, a saia de tule clássica usada por dançarinas profissionais. E nunca foi tão feliz.

Eduarda adorou a experiência e já sabia direitinho como fazer os primeiros passos do balé. Ficou entusiasmada ao ver uma sapatilha de ponta - usada apenas por profissionais - e ,quando perguntada se gostou da experiência, disparou: “Eu arrasei!”. A mãe, Vera, disse que convenceu a filha a sair do quarto do hospital quando disse que se tratava de uma aula de balé. “Quando soube que era dança, ela ficou interessada e veio correndo”, disse.

Eduarda, de 11 anos, saiu do quarto do Hospital Pequeno Príncipe para participar da Oficina com ex-bailarinos do Teatro Guaíra. Henry Milleo/Gazeta do Povo

Já Eric Ferreira Assis, de 8 anos, está no Hospital para fazer alguns exames e foi com a mãe Thaís, conferir de perto da oficina. O pequeno se divertiu na hora da ciranda e até rebolou com os novos amigos de oficina. Tímido (mas não muito), Eric conta que adora dançar. “Se vou numa festa, saio da pista só para tomar água”, contou. Thaís confirmou a dedicação do filho com a dança e disse adorar a experiência da oficina. “Tantas coisas que a gente não sabe sobre o balé. É uma ótima oportunidade para sair do quarto e viver a cultura”, afirmou, depois de brincar na ciranda feita com os pais e pacientes.

Durante toda a oficina, os professores usam uma linguagem simples para falar do balé, que por vezes é visto como uma arte para a elite. “Com a linguagem correta, acessível e atraente, as crianças ficam até o fim da oficina e ainda esperam mais”, disse o coordenador do setor de Educação e Cultura do Hospital Pequeno Príncipe, Claudio Teixeira.

Eric foi com a mãe,Thaís participar da oficina de dança e se divertiu com os novos amigos.Henry Milleo/Gazeta do Povo

Contrapartida social

As oficinas oferecidas para os pacientes a cada 15 dias como uma contrapartida social. O projeto que levou os bailarinos do Teatro Guaíra para se apresentar na Alemanha via Lei Rouanet previa a realização dessas oficinas com os pacientes do Pequeno Príncipe e seus familiares. De acordo com a presidente da ABABTG, Simone Bönisch, a oficina busca trazer o lado lúdico da dança, além de mostrar que a arte é para todos. “Nós conseguimos despertar a vontade de dançar e ver dança nestes pacientes e nos pais, além de trazer conhecimento, mostrando que a dança é para todo mundo”, contou.

Para Jorge Schneider, que ministra a oficina e foi bailarino do Teatro Guaíra por 20 anos, fazer com que as crianças vivam o balé é uma realização. “Ver o sorriso em cada uma delas, que está passando por um momento difícil, traduz o que todo artista espera da arte”, comentou. A plateia, disse Jorge, é uma das mais sinceras para qual já se “apresentou”. “Eles são muito verdadeiros, estão no limite da sensibilidade pelo o que estão passando. Ver as crianças brincando e se divertindo faz com que a gente saia daqui revigorado”, destacou.

Henry Milleo/Gazeta do Povo

Saúde Integral

Para o coordenador do setor de Educação e Cultura do Hospital Pequeno Príncipe, Claudio Teixeira, a parceria incentiva os pacientes não apenas a tratar do problema que as levaram para o hospital, mas buscar a saúde integral. “Além de cuidar de um problema, o hospital precisa estimular a saúde integral da criança, que precisa manter a curiosidade viva, além do acesso à educação e à cultura enquanto elas estão aqui. Neste setor, elas não são mais pacientes, são agentes da própria saúde”, contou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]