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A maior parte dos atendimentos na rede municipal de saúde acontece com hora marcada. | Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
A maior parte dos atendimentos na rede municipal de saúde acontece com hora marcada.| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Um milhão de paranaenses não têm nenhum dente na boca. Quase 13% da população do estado, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, referente ao ano de 2013, é completamente banguela. É o maior índice entre os estados do Sul do país. A proporção de desdentados no Paraná também supera a média nacional, que é de 11% (veja infográfico). Em contrapartida, novos métodos adotados pelo sistema público de saúde tendem a reduzir esse índice para os próximos anos. Em Curitiba, por exemplo, consultas com agendamento antecipado facilitam o atendimento.

Bom exemplo

A auxiliar de expedição Rosana Aparecida Santos sempre tratou os dentes no Sistema Único de Saúde (SUS). Aos 35 anos, ela frequenta a Unidade de Saúde Bairro Novo, no Sítio Cercado, em Curitiba a cada seis meses para manter os dentes saudáveis. O cuidado se estende para a família. “Não quero ver meus filhos com cárie alguma. Acho que é muito importante ter a consciência de cuidar dos dentes. E a prevenção é o melhor caminho”, diz.

Flúor

Mais de 800 mil alunos de escolas públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 15 anos, fazem prevenção da cárie com bochecho com flúor. A prática foi implantada em 1982 em todo o estado e visa a reduzir o número de futuros adultos com problemas dentários.

Privados

Em 2013, serviço odontológico no Brasil ocorreu preponderantemente em consultório particular ou clínica privada, totalizando 74,3% dos atendimentos. As unidades básicas de saúde foram responsáveis por 19,6% dos atendimentos. Em relação a esse assunto, a pesquisa do IBGE não divulgou os dados fracionados por estado.

Segundo o coordenador de saúde bucal da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Léo Kriger, as iniciativas que visavam apenas curar os pacientes foram, aos poucos, sendo substituídas por ações em caráter mais preventivo. A ordem é evitar os problemas dentários antes que surjam. “Isso também trouxe procedimentos menos invasivos, com intervenções mínimas”, afirma.

Ele conta que, a partir de 2014, esse modelo foi adotado em toda rede pública do Paraná. Recomendações de como proceder foram passadas aos profissionais da área. “Alguns anos atrás, por exemplo, ao realizar um procedimento se abria muito o dente. Hoje a meta é manter o maior número possível do dente”, exemplifica. Aproximadamente 70% das 2,5 mil unidades de saúde do estado, segundo Kriger, ofertam serviço odontológico.

Falta de cuidado

Uma parcela da população, de acordo com o responsável em saúde bucal da secretaria de Saúde de Curitiba, Wellington Zaitter, ainda não vê necessidade de buscar o serviço odontológico. Essa afirmação confirma os dados revelados pela própria pesquisa: o Paraná também é o estado do Sul que tem o menor número de pessoas que procuram dentista – 49,7%.

Para reduzir esse índice, o serviço público aposta na chamada “busca ativa”, que tem como principal meta levar as pessoas para terem atendimento odontológico de forma contínua. A capital do estado já adota essa técnica com o intuito de aumentar o número de diagnósticos e tratamentos precoces. “Com a busca ativa, as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) vão até aos domicílios das pessoas e podem trazer para a unidade de saúde aqueles que nunca fizeram atendimento odontológico ou estão há muito tempo sem procurar um dentista”, explica. Em Curitiba, são 170 equipes da ESF com atenção à saúde bucal. Ao todo, a cidade tem 350 dentistas atuando nas 109 unidades de saúde – apenas a Unidade de Saúde Mãe Curitibana não oferece atendimento odontológico.

Espera por consulta é de um mês em Curitiba

Até meados de 2013 quem precisava de atendimento odontológico na saúde pública de Curitiba ia até a unidade de saúde e passava por uma triagem, sem saber se e quando seria atendido. O sistema começou a mudar no ano passado, com a implantação do sistema de consultas agendadas. Assim, os usuários conseguem atendimento no dia e na hora marcados.

Esse sistema funciona em todas as 65 unidades de saúde que contam com a Estratégia Saúde da Família (ESF). As outras 44 unidades devem adotar o modelo gradativamente. As consultas podem ser agendadas por telefone ou diretamente na unidade de saúde.“Desde o ano passado, as pessoas marcam a consulta e sabem exatamente quando serão atendidas. Em caso de urgência, claro, que são exceções e têm prioridade no atendimento”, afirma o responsável em saúde bucal da Secretaria de Saúde da capital, Wellington Zaitter. Há três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que realizam para emergências, 24 horas por dia: Fazendinha, Boa Vista e Sítio Cercado.

Além disso, o tempo médio para conseguir ser atendido varia de 15 a 30 dias. O prazo é muito inferior, por exemplo, aos seis meses de espera para quem precisa de consultas com ortopedistas. Segundo Zaitter, cada uma do total das 109 unidades de saúde da capital realiza mil atendimentos odontológicos por mês e a maior procura é por procedimentos curativos. “Gostaria que fosse mais preventivo, mas as pessoas geralmente vão às unidades para tratar de algum problema”, afirma.

O dentista Fabrício Farias Teixeira, que atua na Unidade de Saúde Bairro Novo, acredita que a estrutura pública não fica devendo nada às clínicas particulares. Ele conta que o próprio modo de atendimento mudou nos últimos anos. “Além de atender as queixar, é necessário avaliar todo o paciente de maneira curativa e preventiva”, ressalta. O usuário do sistema público, Kylk Douglas Santos, de 26 anos, aprova o serviço. “O atendimento funciona muito bem. É só marcar consulta, que não demora, e tratar os dentes. As pessoas às vezes esquecem como é importante ter uma boca saudável”, afirma. (DA)

Pessoas ‘esquecem’ de usar fio dental

Segundo dados do IBGE, 89% dos brasileiros com 18 anos ou mais de idade que escovam os dentes pelo menos duas vezes por dia. Esse percentual foi menor na área rural (79,0%) que na área urbana (90,7%). No Paraná, a proporção é parecida. No entanto, a pesquisa chama atenção para a falta de cuidado completo com os dentes. Somente um pouco mais da metade (53%) da população brasileira usa fio dental para limpeza dentária. No Paraná, o índice é um pouco maior: 55% – número levemente acima da média da Região Sul, que foi de 54%. Outro dado que chama a atenção é que 33% dos brasileiros têm algum tipo de prótese dentária. No Paraná, o índice é de 37%.

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