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Familiares e amigos de Rodrigo Gularte chegam ao local do fuzilamento | Beawiharta/Reuters
Familiares e amigos de Rodrigo Gularte chegam ao local do fuzilamento| Foto: Beawiharta/Reuters

O paranaense Rodrigo Gularte, 42 anos, foi morto por fuzilamento na tarde desta terça-feira (28) na Indonésia (madrugada de quarta, no horário daquele país), segundo o jornal Jakarta Post. Ele havia sido condenado à pena de morte em 2005, após ser preso e julgado por ter entrado no país carregando seis quilos de cocaína em pranchas de surfe.

Pelotão de fuzilamento é conduzido de barco para o local da execuçãoAdi Weda/Efe

Outras sete pessoas de vários países também foram executadas hoje. Dos nove que seriam mortos nesta terça-feira, apenas a filipina Mary Jane Fiesta Veloso foi poupada depois que uma suposta traficante se entregou à polícia e disse que havia recrutado a condenada para a venda de drogas.

Brasil diz que execução é ‘fato grave’ na relação bilateral

O governo federal disse nesta terça-feira (28) que recebeu com “profunda consternação” a notícia da execução por fuzilamento do brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas, e disse considerar um “fato grave” nas relações entre os dois países.

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Gularte é o segundo cidadão brasileiro a ser executado na Indonésia neste ano. Também foi fuzilado Marco Archer, em janeiro, condenado igualmente por tráfico de drogas.

A Justiça da Indonésia ignorou recurso protocolado nesta terça-feira (28) pela defesa do brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte. Era a última tentativa de evitar a execução.

O último recurso consistia em pedir à Corte Administrativa de Jacarta que reveja decisão do presidente Joko Widodo de negar clemência ao brasileiro. Foi com recurso similar que, na semana passada, a defesa do francês Serge Atlaoui conseguiu adiar a sua execução.

Perfil: Gularte – do surfe às drogas

Filho de uma família de classe média alta, Rodrigo Muxfeldt Gularte nasceu em Foz do Iguaçu (PR) em 31 de maio de 1972. O pai, o médico gaúcho Rubens Borges Gularte, hoje vive na pequena cidade de Imbuia, no Vale do Itajaí (SC). A mãe, Clarisse Muxfeldt, é herdeira de uma família de produtores de soja.

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Segundo Ricky Gunawan, advogado de Gularte, a Justiça não respondeu ao pedido. Outra solicitação da defesa era para que a prima do brasileiro Angelita Muxfeldt, 49, ficasse responsável por ele. Mas a Justiça marcou uma audiência do caso para 6 de maio, depois, portanto, da execução.

Gunawan criticou o governo indonésio por permitir a execução de prisioneiros sem que o processo judicial tenha se esgotado totalmente. A Indonésia tem defendido a pena de morte como meio de dissuadir traficantes – e diz que todos os processos seguiram o devido processo legal.

Indonésia nunca será capaz de redimir a sua falha, diz família de Gularte

Rodrigo, que foi diagnosticado com esquizofrenia e transtorno bipolar, foi executado no início da tarde desta terça-feira (28).

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Jamais houve execução de tantos prisioneiros ao mesmo tempo no país – em janeiro, foram cinco, entre eles o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira. Por isso, o governo indonésio teve de encontrar uma área na ilha na qual fosse possível alinhar os dez prisioneiros a uma distância razoável e manter dez pelotões de fuzilamento, com 12 homens cada, diante de cada um dos condenados.

Enterro em Curitiba

Rodrigo Gularte pediu para ser enterrado no Brasil, o que fez a família mudar os planos. O pedido foi feito na segunda-feira (27) à prima, Angelita Muxfeldt. Anteriormente, a ideia era cremá-lo na Indonésia e levar as cinzas para Curitiba, onde o brasileiro viveu boa parte da juventude. Dada a burocracia, o envio do corpo pode levar algumas semanas.

Nesta terça (28), Angelita viu o primo pela última vez, assim como os familiares dos outros oito condenados à morte, na prisão de Besi, dentro do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap (a 400 km da capital Jacarta).

Gularte pediu a ela para doar as roupas que haviam ficado na cela. “Por favor, isso aqui é para que a minha história continue”, disse ele, segundo Leonardo Monteiro, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Jacarta.

“Estou aqui há três meses em Cilacap e nunca vi o Rodrigo tão calmo”, disse ela, na saída da visita, que se deu entre as 10 e as 14 h, horário local. Emocionada, com as mãos trêmulas, disse que o brasileiro “ainda não acredita no que vai acontecer”. A prima não disse a Gularte que a execução se daria nas próximas horas. Ela voltará à ilha para acompanhar, a distância, o fuzilamento.

Também presente à visita, Leonardo Monteiro disse que o brasileiro alternava momentos de lucidez com delírio, como quando disse que os preparativos para a execução não passavam de “teatro e ficção” e que o fuzilamento “não iria acontecer”. O encontro foi num jardim da prisão de Besi, onde Gularte está desde que foi notificado de que seria de fato fuzilado.

O advogado do brasileiro, Ricky Gunawan, protestou contra a execução ao exibir cartazes com críticas à pena de morte e ao presidente Joko Widodo.

Execução

Pelo protocolo de execução, Rodrigo ficou preso a uma estaca com as mãos amarradas para trás. Ainda não se sabe se escolheu ficar em pé, ajoelhado ou sentado ou se pediu para não ser vendado. Ele vestia uma camiseta branca com um "X" preto na altura do peito, para facilitar a mira dos atiradores – são doze em cada pelotão de fuzilamento.

O padre Charlie Burrows esteve com Gularte minutos antes da execução, a pedido da família e do próprio condenado. Depois do conforto espiritual, os atiradores recebem de um oficial do pelotão uma ordem – por meio de um sinal de apito – para preparar seus fuzis.

O comandante do pelotão então levanta uma espada, o que significa a determinação para que o pelotão mire no peito do condenado. Quando ele abaixa a espada, os atiradores disparam. Apenas três das armas são carregadas com balas de verdade; o restante são projéteis de festim, de modo que ninguém saiba quem deu o tiro fatal.

É exigido um pelotão de 12 atiradores para cada condenado, o que representa 108 pessoas apenas a mirar nos prisioneiros. No campo aberto onde as execuções acontecem há também médicos, religiosos e policiais. Ao médico cabe constatar a morte. Uma vez que isso ocorre, o corpo é limpo e nele é colocada uma roupa, provavelmente um terno, e então posto em um caixão branco dentro de uma ambulância.

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