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Faixa é para pedestre, mas tem muito motorista que ainda não aprendeu | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Faixa é para pedestre, mas tem muito motorista que ainda não aprendeu| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Após atropelamento, molho e fisioterapia

O motorista de ônibus Se­­­bastião Dambroski, 53 anos, sentiu na pele a falta de respeito ao pedestre que impera na capital paranaense. No último dia 16, no cruzamento das ruas Martim Afonso e Capitão Souza Franco, no bairro Bigorrilho, quando estava a caminho do trabalho, foi atropelado por uma moto.

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Um atropelamento a cada dez horas é registrado na capital paranaense. Em dois meses de funcionamento, entre julho e agosto, 2.675 infrações de paradas sobre a faixa de pedestres foram flagradas por 41 radares em Curitiba. No mesmo período, os equipamentos marcaram 10.122 infrações de avanço de sinal vermelho. Os dados são apenas indicadores que mostram que os curitibanos não estão respondendo ao apelo feito pela prefeitura na campanha "Respeito ao Pedestre". "Não percebemos mudança significativa ainda", reconhece a coordenadora do Núcleo de Educação e Cidadania (NEC) da Diretoria de Trânsito (Diretran), Maura Moro. A campanha foi lançada em setembro do ano passado pela prefeitura.

Para a psicóloga Iara Thielen, coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Univer­­sidade Federal do Paraná (UFPR), a campanha foi tímida, por isso o alcance ainda não foi o desejado. A psicóloga critica também a mensagem que foi repassada em algumas peças publicitárias. "Havia alguns bus doors com a imagem de uma faixa de pedestre e a mensagem: ‘Curitiba não pára’. Esse é o tipo de mensagem que passa um duplo significado. O ‘não parar’ pode ser relativo ao desenvolvimento, mas, escrito junto à faixa, é como um convite para não parar na faixa de pedestre", analisa Iara.

Além disso, de acordo com a psicóloga, mudar o comportamento da população é um processo complexo. "Precisamos de uma proposta mais intensiva. Tem de ter fiscalização, senão não adianta. Além disso, tem de haver um processo contínuo de campanha com um conjunto de ações para incentivar o desenvolvimento das pessoas", afirma.

De acordo com Maura, a prefeitura vai reforçar a campanha. "Estamos conversando com a equipe da Secretaria de Co­­­municação para ver como vamos fazer essa intensificação", explica. Segundo ela, a intenção é não desistir da causa. A verdade, porém, é que ainda não se sabe ao certo como fazer com que o pedestre seja mais respeitado na capital paranaense, a exemplo do que acontece em outras cidades brasileiras em que há o hábito, entre os motoristas, de parar na faixa. "Vamos continuar a trabalhar para que o pedestre tenha o seu espaço e possa fazer a circulação com segurança", diz Maura.

Segundo a coordenadora do NEC, nas abordagens, os motoristas curitibanos costumam explicar a falta de respeito à faixa pela falta de atenção. "Eles dizem: ‘Nem me toquei que tinha um pedestre esperando para atravessar.’ Como se a falta de atenção fosse uma desculpa plausível para isso", afirma. Nas áreas que contam com faixas de travessia elevada, de acordo com Maura, os motoristas ainda revelam desconhecimento das regras. "Eles dizem que achavam que aquilo era uma lombada", conta.

Nas faixas de pedestres zebradas sem semáforo e nas elevadas, a preferência é sempre do pedestre. Nas faixas de pedestres semaforizadas, logicamente, o semáforo deve ser respeitado. "Quan­­do houver semáforo, deve ser respeitado. Onde não tem, a preferência é do pedestre. Ele deve se certificar, porém, que o motorista percebeu sua presença, sua intenção de atravessar e parou o veículo", ensina Maura. Ela alerta que é necessário ter cuidado, ao fazer a travessia, e verificar se todos os veículos pararam. "É comum, quando há duas faixas, os carros pararem e vir uma moto no meio dos veículos e passar", diz.

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