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Foto de arquivo do cientista, de julho de 2005. | Divulgação/Universidade do Havaí
Foto de arquivo do cientista, de julho de 2005.| Foto: Divulgação/Universidade do Havaí

A Polícia Federal do Brasil deteve no final da manhã deste domingo (30) um dos maiores pesquisadores mundiais de meteoritos, o dr. Klaus Keil, que vinha para uma série de palestras e eventos científicos no país. Aos 80 anos, o cientista da Universidade do Havaí e que pertenceu aos quadros da Nasa, desceu no Aeroporto de Guarulhos (SP), de um voo da American Airlines, de onde tomaria uma conexão para o Rio de Janeiro, quando foi detido.

Currículo

Dr. Klaus Keil é professor de Geologia na Universidade do Havaí e entre 1963 e 1968, ele chefiou o departamento de Cosmochemistry da Nasa, quando ocorriam os famosos eventos de análises das pedras da Lua. Desde 1990 ele tem sido professor de geologia e geofísica na Universidade do Havaí em Manoa e um dos mais respeitados cientistas na área de cosmologia. O caso está tendo repercussão internacional.

A princípio, a delegacia da Polícia Federal no aeroporto informou ao cientista que o motivo da detenção era a falta o pagamento de uma taxa quando esteve no Brasil, em 2013, a convite do Museu Nacional, ocasião em que efetuou uma série de palestras e encontros sobre o assunto. Agora, por questões burocráticas, a PF apreendeu o passaporte do pesquisador estrangeiro e o deteve na área internacional do aeroporto, onde foi colocado no hotel interno sem acesso aos seus colegas brasileiros.

Keil se encontra desde as 11 horas da manhã de domingo retido na ala internacional do aeroporto. Ele seria remetido novamente aos EUA às 20h30, num voo de retorno ao Havaí. Diversos cientistas se mobilizaram para evitar a deportação, inclusive para entender o ocorrido e conseguiram adiar a decisão da PF.

Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, Keil explicou que foi convidado para ministrar 14 palestras em nove cidades diferentes. “Sou voluntário, não recebo nada por isso. Sei da importância de compartilhar informação e, principalmente, gostaria de ajudar os estudantes brasileiros. Eu amo o Brasil. Meu objetivo era justamente contribuir para o desenvolvimento da astronomia daqui”, disse o cientista. Ele contou que foi bem tratado pelo agente da PF que foi “solícito” e “educado”.

O pesquisador e especialista em meteoritos, André Moutinho, foi até o Aeroporto Internacional de Guarulhos prestar socorro ao cientista alemão, naturalizado norte-americano. “O problema foi que ele tem visto de trabalho e precisava ter feito um procedimento na delegacia no desembarque. Ninguém sabia disto, uma coisa simples e que poderia ser resolvida facilmente”, comentou.

O Meteoritical Society Endowment Fund financiou a vinda do pesquisador para o Brasil para um circuito de palestras, inclusive para a abertura do Encontro de Meteoritos e Vulcões do Museu Nacional (RJ), no próximo dia 3. Ele também tem previstas palestras em Porto Alegre, Salvador, no Inpe de São José dos Campos, e no Encontro de Astronomia da FAB no começo de outubro.

“Foi uma experiência terrível tanto para ele quanto para nós, se trata de uma autoridade mundial, uma pessoa que tem publicações sobre os meteoritos brasileiros e ama o país. Foi uma situação é altamente constrangedora”, disse a professora e pesquisadora do Museu Nacional, Maria Elizabeth Zucolotto, e que mobilizou seus pares para auxiliarem o norte-americano.

Registro do visto

Em contato com o Aeroporto de Guarulhos, eles foram informados que tudo ocorreu por Klaus Keil não ter registrado o visto em 2013. A empresa American Airlines foi acionada para contatar o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e resolver o problema. Mas preferiu não solicitar o desembarque condicional, segundo informações da delegacia da PF.

A operadora do voo informou à PF que não se envolveria no caso. Segundo as autoridades brasileiras, a companhia poderia corrigir a questão ainda a bordo. Por causa da idade avançada e para que o cientista não ficasse no “conector” da companhia, ele pode escolher em ficar na sala Vip ou no FastSleep – hotel de trânsito – do aeroporto.

Depois de tomarem conhecimento da repercussão do caso, as delegacias da Polícia Federal de Brasília e de São Paulo passaram a atuar em conjunto para resolvê-lo. A pesquisadora Maria Elizabeth Zucolotto recebeu no começo da noite uma mensagem do cientista estrangeiro informando que passaria a noite no aeroporto e durante esta semana terá uma definição se ficará ou não no Brasil para sua jornada científica.

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