• Carregando...
 | Lineu Filho/Tribuna do Paraná
| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Em torno de 50 policiais militares e bombeiros estão reunidos em frente à Boca Maldita, no centro de Curitiba, em protesto contra as medidas de cerceamento de liberdade impostas pelas corporações e discussão da falta de pagamento de promoções e progressões da carreira da categoria. A previsão é de que o ato siga até a Praça Santos Andrade, caso aumente o número de manifestantes.

O grupo está vestido com as camisetas do protesto com o mote “Paz Sem Nós é Medo”. Segundo o presidente da União das Praças do Corpo de Bombeiros, Henri Francis, é preciso rever toda a regulamentação da categoria. Uma das propostas é que a jornada semanal seja reduzida de 60 para 30 horas.

Além disso, ele lembra que há relatos de censura do uso do aplicativo WhatsApp, orientações contra tatuagens e perseguições por causa de protesto ocorridos durante a Operação Verão. “Como pregam os direitos humanos se eles não são respeitados dentro das instituições? Isso gera um problema grave no atendimento da população”, avalia.

Os manifestantes colocam em xeque os regulamentos militares. Destacam, inclusive, que a Constituição Federal precisa prevalecer sobre essas normas internas. Francis lembra que o artigo 5º da Constituição determina que “todos são iguais perante a lei”.

Perseguições

A reportagem localizou dois policiais que se sentem perseguidos em razão de suas escolhas particulares. Os dois pediram para não terem o nome revelado para evitar qualquer retaliação. O primeiro é um soldado lotado em Curitiba que recentemente fez uma tatuagem tribal no braço direito. Ele conta que foi chamado na Corregedoria da PM no mês passado para explicar o desenho, feito há seis meses.

“Cheguei na sala, o oficial viu a tatuagem e perguntou se eu pedi para meu comandante a autorização para fazê-la”, relata. De acordo com ele, minutos depois, o oficial se dirigiu a outro policial: “Olhe para ele e fale o que tem de errado”. O policial respondeu que era a tatuagem, segundo o soldado. O oficial teria repetido o procedimento mais uma vez. Em seguida, teria falado que tatuagem é “coisa de bandido”. “Vou levar para o judiciário. Tenho passado vergonha entre os meus próprios colegas por isso. Me afetou muito”, desabafa o soldado.

Outro policial que conta ser alvo de perseguição foi recentemente transferido de unidade como uma suposta punição velada. Ele afirma que há suspeitas que ele tenha vazado para a reportagem da Gazeta do Povo um requerimento feito por policiais militares durante as manifestações dos professores em frente à Assembleia Legislativa em fevereiro deste ano, em que reclamam de jornada excessiva. “Naquele dia, fizemos requerimento coletivo e depois o protocolo devolveu para cada policial”, disse. Segundo ele, só questionavam o que era de direito dos policiais.

PM e Secretaria da Segurança Pública

Sobre tatuagens, a Polícia Militar informou, por meio da assessoria de imprensa, que há uma norma de 2006 que regulamenta e orienta o uso dos desenhos. De acordo com a nota, os policiais que foram admitidos com tatuagem podem mantê-las desde que fiquem cobertas pelas peças do fardamento. As tatuagens, no entanto, não podem ter características “contrárias aos princípios da disciplina militar, bem como a aceitação social para esta profissão”. Em relação à sindicância aberta para apurar o caso deflagrado na manifestação dos professores, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária explicou que o procedimento foi aberto para investigar o objeto das reclamações e não o vazamento.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]