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Delbart: app que identifica pontos de recarga do cartão-transporte. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Delbart: app que identifica pontos de recarga do cartão-transporte.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Subvertendo as travas burocráticas do serviço público brasileiro, startups começam a dar os primeiros passos da sociedade civil para melhorar a prestação dos serviços públicos sem grandes investimentos. Em São Paulo, o governo estadual selecionou 15 projetos – a maioria deles aplicativos – dentro de 35 desafios relacionados à educação, saúde e serviços ao cidadão. Três deles serão levados para dentro das secretarias. Já no Paraná, a prefeitura de Curitiba viu três projetos irem à frente após a adoção da política de dados abertos em outubro de 2014. Em busca de soluções eficazes para seus órgãos, o governo estadual também adotou apps feitos pela sociedade civil.

Um dos projetos da capital é o aplicativo Vizin, que nasceu de uma competição de startups na PUCPR. Ainda em período de testes, o app é uma versão moderna do apitaço para conectar a vizinhança em prol da segurança. Ele já está sendo atualizado pela Associação Comercial do Capão Raso e, segundo seus criadores, conta com o apoio do batalhão policial da área. “A ideia é ampliar essa participação dos agentes da segurança pública. Já temos um diálogo aberto com o 13.º Batalhão de Polícia Militar”, diz Eduardo Vieira, que descarta concorrência com canais oficiais como o 190. “A ligação continua sendo o registro formal. O app facilita a identificação do problema e a tomada de decisão.”

HACKATHON

Desde a última sexta-feira, a capital paranaense também é palco da segunda edição do Hackathon Curitiba – uma maratona digital promovida pela prefeitura em pareceria com o Sebrae/PR e a Universidade Positivo. Nessa “corrida”, serão 32 horas de programação para cerca de 150 competidores desenvolverem soluções tecnológicas para a cidade.

Em fase mais adiantada, o Kartão nasceu da decisão da prefeitura de deixar de aceitar dinheiro nos micro-ônibus. Idealizado pelo francês radicado em Curitiba Thierry Delbart, o programa identifica postos de recarga de cartão-transporte. Durante o Hackathon, porém, Delbart apresentou uma nova função: a identificação de rotas e a posição dos ônibus. “A Urbs já dá essas informações. Estamos traduzindo os dados, com todos os erros e acertos dela, mas de uma forma mais pratica para o cidadão consultar”, afirma.

Adote um bueiro

Mirando-se no exemplo de Boston, onde norte-americanos se envolveram em massa no “Adote um Hidrante”, está em desenvolvimento em Curitiba o “Adote um Bueiro” – um app para que as pessoas ajudem a limpar bocas-de-lobo. Ele funciona como um game, com pontuação e batismo de cada bueiro limpo.

Esses três aplicativos curitibanos fazem parte de um contexto mais amplo, de hacker-ativismo cívico que tem braços em todo o planeta. A extensão desse movimento no país é o Code For Brazil – braço da ONG norte-americana Code For America. Por trás do grupo está Stephan Garcia, 39 anos, que ajuda a limpar os bueiros do Fanny, bairro onde mora. “Ao invés de ser um grupo pra reclamar, pensamos em soluções”, diz o programador.

Pelo governo do Paraná, há dois aplicativos que atendem as demandas dos próprios órgãos do estado, como o SISDC Mobile, utilizado pelos servidores da Defesa Civil, e a Vistoria Eletrônica do Detran – um aplicativo de celular para vistoriadores do Detran e despachantes credenciados fazerem a vistoria passo a passo, com inclusão de fotos, observações importantes e dados de identificação de veículos.

São Paulo

Dentre os 15 projetos selecionados pelo concurso Pitch Gov SP, há seis voltados à saúde, como um aplicativo que armazena o histórico médico do cidadão e envia alertas sobre horários de medicamentos prescritos pelo médico. Há também um software que consegue prever, com um mês de antecedência e 88% de precisão, os locais de maior foco de dengue em raio de 400 metros. Todos os 15 projetos já selecionados serão reavaliados e três deles vão ser incorporados às respectivas secretarias para que possam ser implantados no atendimento ao cidadão e na gestão pública.

Em SP, app auxilia 400 mil alunos da rede estadual

Além do concurso Pitch Gov SP, o governo de São Paulo fechou contrato com a Geekie para ajudar alunos do terceiro ano na preparação para os vestibulares e ENEM. Criada em 2011, a startup três produtos já desenvolvidos na área. Em 2014, Em 2014, pro meio de uma parceria com Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), atendeu três milhões de alunos ligados a redes de ensino mantidas por 21 secretarias – inclusive a do Paraná.

Naquele ano, porém, o app utilizado foi o Geekie games – um personal teacher que mostrar ao aluno onde ele tem mais dificuldade de aprendizado. Neste ano, a parcria com a secretaria estadual de São Paulo levou para todos os alunos do terceiro ano do Ensino Médio o Geekie Lab . Nesse aplicativo, o aluno também identifica suas maiores necessidade de ensino, mas o professor e o gestor escolar passam a ter maior ação.

“A medida que o aluno avança no conteúdo, o professor recebe informações pra que isso gere mudanças pedagógicas e novos planejamentos. Ainda estamos consolidando dados, mas já conseguimos ver, em alguns casos, aumento de mais de 30% em relação à nota inicial”, diz André Barrence, sócio-diretor da Geekie.

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