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Bebê foi levado para o Hospital São José e passa bem | Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo/
Bebê foi levado para o Hospital São José e passa bem| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo/

O abandono de um recém-nascido em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), revelou nesta terça-feira (27) um drama familiar que surpreendeu a Polícia Civil e autoridades responsáveis pelas adoções no município. O bebê, deixado por uma adolescente de 17 anos dentro de uma caixa de sapato, na segunda-feira (26) à noite, no centro da cidade, é filho de um casal de irmãos de sangue, de Tijucas do Sul. Separados na infância, os dois só teriam se conhecido recentemente.

A criança foi encontrada por um carrinheiro ainda na segunda e levada pela Guarda Municipal para o Hospital de São José dos Pinhais, onde passa bem. Digno de novela, o enredo, confirmado pela delegada titular da Delegacia da Mulher e do Adolescente de São José dos Pinhais, Tathiana Laiz Guzella, foi desvendado pela Polícia Civil depois que uma reportagem sobre o caso foi divulgada na região. “Recebemos uma ligação anônima que dizia reconhecer a roupinha de bebê que havia doado a uma criança no hospital de Tijucas do Sul. Acionamos a delegacia da cidade e descobrimos que uma adolescente havia tido um bebê ali naquela data. Acionamos o Conselho Tutelar para nos ajudar a investigar”, relata.

Tathiana explica que o pai e a mãe dos jovens envolvidos no caso teriam se separado há cerca de 17 anos. A mãe teria ficado grávida da adolescente e o pai saído de casa com um menino de 2 anos de idade. Já crescidos, resume a delegada, os irmãos se reencontraram e, sem saber do parentesco, começaram a se envolver. Foi em um churrasco em que cada um conheceria a família do outro que souberam da ligação que tinham. “Eles não conseguiram se separar e continuaram juntos por mais um tempo, até que a adolescente engravidou”, conta. Ao saber da gravidez, o irmão da jovem teria se recusado a apoiá-la.

Conforme a delegada, depois disso, a adolescente teria reatado o relacionamento com um ex-companheiro, de 23 anos, com quem tem um filho de 1 ano e meio. Diante de dificuldades financeiras para cuidar de duas crianças, o casal teria decidido que doaria o bebê a uma família assim que ele nascesse. Toda a gestação, no entanto, transcorreu em segredo, sem que a jovem passasse, inclusive, por pré-natal. “Quando o bebê nasceu, eles foram para São José e o companheiro cobrou a adolescente sobre a família para quem dariam a criança na cidade. Ela contou que não havia família e decidiu deixar a criança na rua. O rapaz disse que deixou que ela fizesse sozinha o que quisesse”, comenta Tathiana.

Depois do abandono da criança, a adolescente teria entrado em contato com a mãe para contar o que havia ocorrido em São José dos Pinhais. Esse teria sido o primeiro relato da menina à família sobre a gravidez. “A mãe, sabendo da história, procurou o Conselho Tutelar, que já estava sabendo do caso. Foi uma convergência de informações perfeita”, pontua a delegada.

Penalidade

A mãe da criança deve responder por ato infracional de abandono de incapaz por ter menos de 18 anos. O companheiro pode vir a responder por coautoria no caso, mas um inquérito ainda deve ser aberto pela Delegacia Regional de São José dos Pinhais. A Polícia Civil já localizou o pai biológico da criança, mas ele não deve ser indiciado por crime. “Ele será ouvido mais no sentido de prestar esclarecimentos”, diz a delegada.

Tathiana diz que decidiu não apreender a adolescente por causa de todo o contexto do caso – o fato da criança passar bem, da jovem ter dado à luz recentemente e de ter outro filho. Ela relata que questionou a menina sobre o porquê de não ter informado ainda na maternidade que gostaria de doar seu bebê. E a resposta a convenceu. “Ela disse que não sabia que poderia fazer isso. É uma pessoa simples, tive a sensação de que ela falou a verdade”, define.

Guarda

Após ser resgatado, o bebê passou por uma bateria de exames ao chegar ao Hospital de São José dos Pinhais. Ele pesa quase 3 kg e recebeu das enfermeiras o nome de Lucas. O menino deve ser encaminhado para um abrigo, mas ainda pode ter a guarda requerida por um dos pais ou familiares. Se isso ocorrer, um exame de DNA também deve ser feito para comprovar o parentesco com a criança.

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