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Histórico - 65 armas foram apreendidas

No ano passado, a Patrulha Escolar recolheu 65 armas de fogo, 43 delas com alunos dentro das salas de aula ou nas imediações do colégio. A polícia só interrompe as aulas dos professores para fazer uma revista nos alunos mediante um pedido formal da escola, com autorizações dos pais e uma ordem judicial. Qualquer instituição, seja municipal, estadual ou particular, pode solicitar as revistas. Após o pedido e as autorizações dos pais por escrito, os policiais chegam sem avisar para fazer a vistoria.

A presença da polícia dentro de escolas públicas, fazendo revistas em alunos abre uma discussão sobre se o estado estaria ou não conseguindo cumprir seu papel educacional. A necessidade de segurança exporia o fato de que a escola não estaria dando conta de seu papel social, que é educar. Mas mo combater o problema imediato de segurança sem a presença da polícia? Os pais e mesmo os professores aprovam as revistas policiais. A discussão está aberta.

Para a mestre em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná, Elisa Dalla Bona, a notícia das revistas é chocante. "O papel da escola é educativo e não punitivo. Não se pode revistar uma criança como se fosse um bandido. O próprio ato da revista só pode ser visto pelas crianças menores como uma punição", diz.

Elisa é contra este tipo de operação porque acredita que os policiais não são formados para fazer uma abordagem adequada. "Eles não entendem a formação da criança. Professores e policiais têm funções bem diferentes e isso não deve ser misturado." A pergunta que se faz, segundo ela, é até quando o serviço será terceirizado. "Os pais não se preocupam com os filhos, aí os pequenos vão para a escola e ela também não dá conta. Depois chamam a polícia. E no futuro, quem vai ser o responsável?", questiona.

A vice-diretora Denise Oliveira, da Escola Estadual Júlio Mesquita, no Jardim das Américas, defende que existem dois lados a serem observados. "Não pedimos revista porque acreditamos que o aluno ficará exposto a uma situação vexatória. Mas nossa realidade é diferente. Nunca necessitamos de policiais para controlar coisa alguma", explica. Por outro lado, ela acredita que as palestras preventivas proferidas pelos policiais são bastante educativas e as ações desempenhadas fora da escola também são importantes.

A participação da comunidade na escola é um fator importante, segundo educadores, porque ajuda o ambiente escolar a ficar menos violento. "Tudo parte do princípio de como a escola trabalha com os pais. Nós temos um regimento escolar que deve ser cumprido. Os pais sabem que se o aluno não atender às exigências, eles serão chamados e ficarão cientes de que o filho deles fez algo de errado", afirma Denise.

Apreensões

A operação em três escolas de Curitiba, na terça-feira (20/11), resultou na revista de 860 alunos de 5.ª a 8.ª série e do ensino médio, e na apreensão de diversos materiais considerados não-didáticos, entre eles 180 celulares, 21 carteiras de cigarro, 17 pincéis atômicos, dois baralhos e três tesouras com pontas.

Pais de alunos das três escolas apóiam a operação policial. "Ela inibe ações criminosas. A violência no meio estudantil tem aumentado. Não é que a escola virou caso de polícia. Defendemos a revista porque é melhor saber que nossos filhos estão protegidos do que ficar sem a revista e à mercê do que pode acontecer", explica a mãe e presidente da Associação dos Pais, Mestres e Funcionários da Escola Estadual Gottlieb Müeller, no Boqueirão, Sueli Franco.

Já a doutora em Educação Marilda Aparecida Behrens não concorda com a apreensão de aparelhos eletrônicos, por exemplo, até porque é inevitável que a tecnologia também chegue à escola. "Não vejo problemas no fato do estudante ter um celular ou MP3. Chego à sala de aula e explico para meus alunos: pessoal vou desligar o meu celular para começarmos a aula e peço para que vocês façam o mesmo", afirma.

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