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Pergunta feita: Como você avalia o trabalho de cada um dos atores abaixo no funcionamento da justiça no Brasil?

Polícia Federal - média 2,20

Promotor - média 2,20

Juiz - média 2,14

Defensor Público - média 2,04

Advogado - média 1,96

Polícia Civil - média 1,81

(0=Muito mal, 1=Mal, 2=Regular, 3=Bem, 4=Muito bem)

A Polícia Civil foi a instituição relacionada à Justiça que recebeu a pior avaliação por parte da população, em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e divulgada nesta semana. No topo da lista, aparece a Polícia Federal (PF) com a melhor nota. O estudo – Sistema de Indicadores de Percepção Social – revela ainda a fragilidade da Justiça, de um modo geral, perante a população.

Mais de 2,7 mil pessoas em todo o país foram entrevistadas pelo Ipea e atribuíram notas de 0 a 4 às instituições. A Polícia Civil ficou com média 1,81, que indica que a sociedade avaliou como "mal" o funcionamento da instituição. O instituto avalia que o estudo denota que a população sente "desconfiança em relação à efetividade na investigação de crimes".

Na outra ponta, a PF teve nota 2,2, dentro do patamar "regular". Para o Ipea, a média obtida pela PF tem relação com o "alto grau de exposição, geralmente com conotação positiva" que a corporação tem na mídia.

Os outros atores da Justiça (promotor, juiz e defensor público) também ficaram dentro do nível "regular". Além da Polícia Civil, apenas os advogados apareceram no nível considerado "mal". Segundo o Ipea a desconfiança da população é generalizada, ou seja, segue as mesmas variações nos vários critérios (região, escolaridade, estratificação social, idade, sexo).

Investimentos e estrutura

Para o ex-secretário nacional de segurança, José Vicente da Silva, um dos motivos para as diferentes avaliações recebidas pelas policias Civil e Federal são os investimentos distintos recebidos pelas corporações. "A PF tem as melhores remunerações entre policias de todo mundo. Um agente da PF, por exemplo, ganha mais que um similar da polícia de Nova Iorque. Em contrapartida, há a desorganização, ineficiência e precariedade que marcam o atendimento nas delegacias [da Polícia Civil]", opina.

O delegado-geral do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto, atribui a má avaliação recebida pela Polícia Civil ao que chamou de "sucateamento constante" que a corporação vem sofrendo ao longo dos últimos governos. "Eu daria nota 4 aos policiais civis e nota 0 aos investimentos destinados à Polícia Civil. As delegacias não são locais apropriados para atender ao cidadão. A falta de estrutura não permite que se dê uma resposta. A população tem razão", avalia.

O superintendente da PF no Paraná, José Alberto de Freitas Iegas, apontou que a nota recebida pela instituição está relacionada às investigações de casos "mais elaborados" e de maior repercussão. "Claro que essa qualidade é reflexo de um investimento sério feito ao longo dos anos pelo governo federal, no sentido de tornar a PF em uma polícia de Estado", disse.

Perspectivas

Para o superintendente Iegas, o desafio é consolidar a posição de destaque da PF e manter o padrão das investigações. "É preciso que essa pesquisa sirva de estímulo e que o trabalho seja constante", aponta.

O delegado-geral vê perspectivas de melhorias no médio-prazo, ao menos no Paraná. Ele garante que o governo do estado tem um plano de segurança, que inclui a contratação de pessoal, remoção de presos provisórios de delegacias e melhoria da estrutura física dos prédios. "Se eu não tivesse certeza da mudança para melhor, eu jamais aceitaria ser delegado-geral", afirmou.

Já o especialista em segurança José Vicente da Silva não vê qualquer perspectiva de melhoria do quadro. Para ele, a redução simples do número de policiais nas ruas não resolverá o problema da segurança. "Não há um plano consistente, uma polícia sólida de segurança pública. O discurso dos governos de integração entre as policiais não quer dizer nada, porque não há preparação, não há treinamento", afirma.

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