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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Virou rotina: duas vezes por mês, em qualquer época do ano, é bem provável que os curitibanos fiquem sem transporte. O motivo tem sido o atraso no pagamento do salário de motoristas e cobradores, que sem dinheiro no bolso apesar de terem trabalho regularmente, acabam optando por minigreves de ônibus em Curitiba. A paralisação – mesmo que parcial, atingindo apenas algumas empresas e desfalcando uma ou outra linha de ônibus – é só a ponta do iceberg que é o transporte coletivo de Curitiba.

As greves acabam sendo o instrumento mais eficaz que os trabalhadores têm para pressionar as empresas a efetuarem o pagamento dos salários atrasados – e o problema se repete na época do adiantamento da quinzena. Menos ônibus circulando é queda certa na receita, com o agravante de afugentar ainda mais o passageiro, já cansado de passar aperto e sofrer com atrasos. A queda no número de usuários de ônibus, inclusive, ajuda a explicar em parte a razão mais profunda para os atrasos recorrentes.

Em Curitiba, desde 2010 com a licitação do sistema de transporte, há duas tarifas vigentes para o transporte: aquela paga pelo passageiro todos os dias e a tarifa técnica, que é a remuneração repassada às empresas. Caso o valor da passagem na catraca seja inferior ao que deve ser repassado para empresas, é o poder público que deve bancar essa diferença. Nessa conta, o que importa é a quantidade de passageiros transportados, inclusive aqueles que são isentos do pagamento.

É aí que a conta não fecha. Até dezembro, último mês da gestão de Gustavo Fruet (PDT), o argumento mais usado para justificar a falta de pagamento dos trabalhadores era sobre os atrasos nos repasses que a Urbs deveria fazer às empresas. Sem dinheiro em caixa, como pagar os funcionários?

Agora, o prefeito Rafael Greca (PMN) faz questão de afirmar que os repasses da Urbs, gestora do sistema, para as empresas estão absolutamente em dia. Com isso, o assunto voltou a ser a defasagem da tarifa. Embora o cálculo siga estritamente o que está no contrato de concessão, as empresas ponderam que a expectativa de passageiros transportados nunca se confirmou e a queda é mais acentuada do que elas poderiam aguentar.

O reajuste é iminente, e fevereiro é o mês chave: é o reajuste da tarifa técnica, determinado pelo contrato de concessão, e a a data-base de motoristas e cobradores. Esse reajuste salarial é o componente que mais pesa no cálculo da nova tarifa. Greca já deu a entender que vai haver aumento na passagem de ônibus, principalmente se for para renovar a frota de veículos. Além disso, a relação entre a nova gestão da prefeitura e as empresas está mais amistosa.

A dúvida é de quanto será o reajuste. Ele precisa bancar o aumento salarial de motoristas e cobradores e dar alguma margem de investimento para as empresas. Resta saber se não ficará pesado demais para o passageiro bancar sozinho – ou se o subsídio do governo estadual voltará a aliviar essa conta.

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