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A declaração do governador Beto Richa (PSDB) de que policiais militares com diploma de curso superior normalmente são mais insubordinados segue causando polêmica. A afirmação foi feita durante entrevista à rádio CBN na quinta-feira (26).

"Isso demonstrou não ser uma boa iniciativa [a exigência de diploma de curso superior para ingressar na PM] porque você desestimula os jovens que querem entrar na polícia, principalmente os egressos do serviço militar. [Eles] saem [do serviço militar] com 18, 19, 20 anos e não têm curso superior ainda. Essas pessoas estão mais preparadas, teoricamente, do que as outras. Já passaram por boa formação nas Forças Armadas, no Exército, e podem dar uma grande contribuição ingressando na nossa Polícia Militar, por exemplo. Outra questão é de insubordinação também, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior", afirmou o governador à rádio.

A declaração foi dada em resposta às associações que representam os policiais militares, que queriam que o governo passasse a exigir diploma dos que entram na corporação. (Ouça a declaração dada à rádio CBN).

O presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), coronel Eliseu Furquim, afirmou que a declaração de Richa repercutiu mal para boa parte da categoria. "Acho que ele (Richa) foi infantil. Não é possível que o governador deseje que a Polícia Militar do Paraná não progrida", afirmou. "Posso afirmar que boa parte da Polícia Militar não concorda com a declaração de Richa. Os que apoiam essa postura são os que ainda têm medo de progredir e têm medo do desconhecido", completou o presidente da Amai.

Furquim afirmou que a Amai vai pedir o apoio dos deputados estaduais na próxima semana - tanto da oposição quanto da situação – para que haja repúdio formal da declaração de Richa.

Uma audiência pública para discutir a implantação da Emenda 29 ocorrerá na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) na manhã de quarta-feira (2). "Vamos à Alep na quarta e pediremos o apoio dos deputados contra a declaração de Richa", afirmou o coronel.

A Emenda 29 foi aprovada pelos deputados estaduais em 2010 – ainda no governo de Orlando Pessuti – e prevê que os policiais militares e bombeiros concursados tenham formação superior prévia e também que seja feita a reposição de perdas salariais.

O senador e ex-governador Roberto Requião criticou a declaração de Richa por meio do microblog Twitter. "A declaração de Richa sobre a escolaridade dos PMs mostra com toda clareza sua visão da sociedade e seus objetivos no governo. Pobre Paraná", afirmou Requião.

Outro lado

A assessoria de imprensa de Beto Richa afirmou que a declaração do governador foi retirada do contexto e foi mal interpretada. Richa - de acordo com a assessoria de imprensa – defendeu que a exigência de diploma de curso superior poderia impedir que jovens de 18 ou 19 anos que deixaram as forças armadas e já pudessem ingressar na PM. A assessoria complementou ainda que o incentivo à formação dos servidores é uma das metas da gestão de Beto Richa, mas não deu explicações diretas sobre a fala do governador sobre a insubordinação. Richa estava em viagem para Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, nesta manhã.

Após as informações repassadas pela assessoria à Gazeta do Povo, o governador Beto Richa comentou o caso por meio do Twitter e afirmou que as declarações dele foram descontextualizadas. "O que eu disse é que retiramos a exigência do diploma para dar oportunidade aos mais jovens que ainda não concluíram o curso superior", disse Richa, por meio da conta dele no Twitter. "As declarações estão descontextualizadas", completou o governador.

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