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O dito popular de que o "brasileiro não desiste nunca" ganhou mais um exemplo notável na última quarta-feira. Com paralisia em quase todo o corpo, a professora Ana Amália Tavares Barbosa, 46 anos, defendeu sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) com os poucos movimentos motores que lhe sobraram: o piscar dos olhos e o abrir e fechar da boca. A paralisia de Ana Amália se deve a um acidente vascular cerebral (AVC) ocorrido no dia em que deveria ter apresentado sua tese de mestrado, há dez anos.

O AVC sofrido por ela é conhecido como tronco cerebral, em que a pessoa perde quase todos os movimentos do corpo, a fala, a capacidade de comer e beber. Mas permanece com a consciência ativa, a cognição e a memória perfeitas. "As únicas coisas que sobraram ela está usando e bastante, que é a cognição, a memória. E a audição, porque mesmo a visão ela tem dupla, difícil de controlar", conta a mãe Ana Mae Barbosa, em entrevista à Agência Brasil.

Durante a defesa da te­­se, no Museu de Arte Con­­temporânea da USP, no Par­­que Ibirapuera, um telão mostrava um alfabeto completo, que tinha as letras destacadas a cada segundo por um programa de computador. Para formar palavras e responder aos questionamentos, Amália tinha de abrir a boca quando a letra que ela queria selecionar aparecia em destaque.

A mãe conta que Amália teve receio em fazer o doutorado por temer o tratamento que poderia receber na universidade. Um dia, no entanto, encontrou uma estatística dizendo que só 1,2% das pessoas com deficiências físicas no Brasil tinha mais de oito anos de escolaridade. "Ela fez [o doutorado] por uma questão de princípio, para mostrar que o deficiente pode", explica. A tese defendida por Amália, na área de educação e arte, analisou a percepção corporal de alunos com algum tipo de paralisia cerebral.

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