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O governo da província de Misiones, na Argentina, já investiu R$ 13,5 milhões para revitalizar a orla de Puerto Iguazú, às margens do Rio Iguaçu: iniciativa serve de inspiração para o projeto Beira Foz | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
O governo da província de Misiones, na Argentina, já investiu R$ 13,5 milhões para revitalizar a orla de Puerto Iguazú, às margens do Rio Iguaçu: iniciativa serve de inspiração para o projeto Beira Foz| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

Exemplo

"Costanera" trouxe paz e progresso na margem argentina

A ocupação das margens dos rios para reduzir a criminalidade e proporcionar bem-estar aos moradores já é uma realidade na Argentina. Em Puerto Iguazú, cidade vizinha a Foz do Iguaçu, o governo da província de Misiones investiu R$ 13,5 milhões para remodelar a orla do rio. A "costanera" argentina, como é chamada pelos brasileiros, tem restaurantes, parques, pistas de caminhada e internet gratuita.

Omar Rodriguez, diretor de Turismo em Puerto Iguazú, diz que, antes de a orla ser revitalizada, o contrabando de mercadorias do Paraguai via Rio Iguaçu era intenso. "Agora é paz. A costanera trouxe paz e progresso", afirma.

A orla de Puerto Iguazú é bem menor se comparada à brasileira – são três quilômetros – e a primeira etapa das obras, no trecho de 1.500 metros, está praticamente pronta. Os argentinos aguardam a finalização da construção de restaurantes e bares, um deles já confirmado é o Hard Rock Café em um local cedido pela prefeitura em sistema de concessão pública.

Nova etapa

Rodriguez adianta que uma segunda etapa da obra está prevista com a ocupação das margens do Rio Iguaçu até a entrada do parque nacional. Entre esses dois pontos já existe uma área de 600 hectares onde está sendo construído um conjunto de hotéis, entre eles, um da rede Hilton. Alguns deles, situados em meio à floresta, já funcionam.

A cidade de Posadas, capital de Misiones, tem uma orla exemplar. Situada na fronteira com Encarnación, no Paraguai, a cidade, às margens do Rio Paraná, tem uma extensa orla, com praia artificial, calçadão e restaurantes.

Urbanização

Novas avenidas aproximam comunidade de rios

Um dos aspectos mais importantes do projeto Beira Foz é a reintegração dos moradores à orla. "Em todo lugar do mundo o rio é o elemento principal para uma cidade, e aqui é o problema. Mas agora vamos resgatar esse potencial", diz o engenheiro Fábio Prado, representante do Conselho Consultivo da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi) e da União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC) no projeto.

Para possibilitar a integração entre a população e os rios, o projeto prevê a construção de avenidas e pistas de caminhada às margens dos Rios Iguaçu e Paraná. A ideia é fazer três traçados. O primeiro, chamado Beira Rio PR-Norte, começa no trevo da Vila C, região da Itaipu Binacional, e termina na Ponte da Amizade. O segundo se estende da ponte até o Marco das Três Fronteiras. E o terceiro liga o marco à entrada do Parque Nacional do Iguaçu. Esse braço do projeto, chamado de Sistema Viário, é coordenado pela Itaipu e pelo Parque Tecnológico de Itaipu (PTI).

Entre os locais públicos, estão contemplados no projeto a construção do Parque da Memória, da torre dos 100 anos, em alusão ao centenário de Foz em 2014, a revitalização do Marco das Três Fronteiras, da Colônia de Pescadores, além de pistas para caminhadas e ciclovias. Outros espaços serão ocupados pela iniciativa privada com a construção de hotéis, bares e restaurantes.

Aduana

Prado lembra que a reurbanização da orla do Rio Paraná tem relação com um movimento iniciado na fronteira em 2001, junto com a Receita Federal, para a ampliação da aduana da Ponte da Amizade, lado brasileiro, cuja obra foi entregue em 2007. Na sequência, a aduana paraguaia também foi reformulada, o que melhorou a receptividade aos turistas nas alfândegas de Foz e Ciudad del Este.

Um projeto de iniciativa pública e privada pretende mudar a paisagem da orla do Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Hoje, a área entre a barragem da Itaipu Binacional e o Marco das Três Fronteiras é cercada por portos clandestinos e moradias irregulares, usados pelo contrabando para trazer mercadorias, drogas e armas para o Brasil.

A proposta para alterar essa realidade é ocupar os 21 quilômetros de margens do rio com parques, restaurantes, avenidas e hotéis. A ideia – chamada de Projeto Beira Foz – também se estende às margens do Rio Iguaçu, entre o Marco das Três Fronteiras e a entrada do Parque Nacional do Iguaçu, em um trajeto de 17 quilômetros.

Além de criar condições para a população de Foz se aproximar e usufruir dos rios, a intervenção urbanística é uma aposta contra a criminalidade. "O projeto em si é de fundamental importância para mudar não só a cara de Foz do Iguaçu, mas a segurança de todo o país", opina o delegado-chefe da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu, Guilherme de Biagi. Segundo ele, com a ocupação da orla, a própria sociedade se torna um agente fiscalizador.

Atualmente, a orla do Paraná tem pelo menos 12 conglomerados de moradias irregulares e uma população de quase mil pessoas. Em meio às residências é comum ver imóveis de fachadas que são depósitos de drogas, cigarros e produtos contrabandeados.

O povoamento da beira rio é importante, segundo Biagi, porque a PF pode direcionar o efetivo que hoje patrulha o Rio Paraná para pontos nevrálgicos da fronteira, como o Lago de Itaipu. Ao longo do reservatório, de 1.350 quilômetros, a polícia já mapeou 3 mil miniportos e picadas na mata usados pelos criminosos.

Três eixos

O Beira Foz está dividido em três eixos: segurança e justiça; habitação e promoção social; e sistema viário. Em relação à segurança, a proposta é instalar três bases ao longo do Rio Paraná chamadas Unidades de Policiamento de Fronteira (UPFron). As estruturas blindadas que serão usadas pela Marinha, PF, Polícia Am­biental e Receita Federal estão sendo projetadas no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), uma das parceiras da proposta. Câmeras para monitoramento eletrônico com visão noturna também auxiliarão o trabalho policial.

O projeto envolve os governos federal e estadual, prefeitura de Foz e já tem aval dos Ministérios da Justiça e do Meio Ambiente. Ainda não há estimativa de custo para implementá-lo, mas o valor deve superar R$ 300 milhões. Uma comissão com representantes de instituições públicas e privadas, incluindo a Itaipu Binacional, União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC) e Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), foi formada para levar a proposta adiante.

O diretor-superintenden­te da Fundação PTI Juan Sotuyo diz que o Beira Foz vai atrair investimentos privados e beneficiar a cidade. "O custo benefício é maior que o prejuízo gerado hoje pelo tráfico e contrabando", ressalta.

O mesmo movimento deve ocorrer no Paraguai, segundo Sotuyo. O governo paraguaio acompanha o desenvolvimento do projeto para montar uma estrutura semelhante do outro lado da fronteira, nas cidades de Hernandárias, Ciudad del Este e Presidente Franco, margeadas pelo Rio Paraná.

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