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Após depredações, policiais militares atiram para dispersar mascarados | Lineu Filho/Gazeta do Povo
Após depredações, policiais militares atiram para dispersar mascarados| Foto: Lineu Filho/Gazeta do Povo

O protesto contra o aumento da passagem de ônibus em Curitiba na noite desta segunda-feira (6) registrou atos de vandalismo. Mascarados estavam infiltrados entre os manifestantes. Houve pichações a ônibus e a prédios públicos e particulares, os vidros de agências bancárias foram quebrados e ocorreram também invasões de estações-tubos. A tarifa passou de passou de R$ 3,70 para R$ 4,25 hoje. Aproximadamente 700 manifestantes – de acordo com os organizadores – participaram do ato.

FOTOS: Vandalismo marca ato contra reajuste da tarifa

Cobradora de estação-tubo é agredida durante protesto

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Ao longo do trajeto, alguns manifestantes picharam portas e paredes de lojas, bancos e prédios enquanto gritavam palavras de ordem. Em alguns prédios, porteiros e proprietários tentavam impedir a ação dos manifestantes, o que gerou pequenas confusões. A unidade da Previdência Social, na esquina da Rua XV de Novembro com a João Negrão, e a Gazeta do Povo também foram alvo das pichações.

Além disso, algumas estações-tubo foram invadidas. Na Estação Central, um grupo de manifestantes permitiu que passageiros entrassem sem pagar passagem por alguns minutos. O mesmo tentou ser feito na Praça Carlos Gomes, onde mascarados depredaram alguns validadores e agrediram a cobradora (leia mais no box).

No entanto, apesar das pichações e da ação violenta na praça, outra parte dos manifestantes pedia que o protesto seguisse de maneira pacífica, apenas com cartazes e palavras de ordem contra o prefeito Rafael Greca (PMN) e a Urbs. Em muitos momentos, pessoas do próprio ato tentavam impedir a ação dos vândalos.

Cobradora é agredida durante protesto

Uma cobradora da estação-tubo Carlos Gomes foi agredida por manifestantes durante o ato desta segunda-feira (6). De acordo com a trabalhadora, um grupo de 20 mascarados invadiu onde ele trabalha e passaram a ameaçá-la. “Eles chegaram me mandando liberar a catraca e sair”, conta. “Disseram que, se não saísse, as coisas iam complicar”.

Segundo ela, enquanto alguns mascarados a ameaçavam, outros quebravam os validadores da estação. Quando se levantou para obedecer ao grupo, a cobradora conta que foi empurrada e bateu o braço na estrutura da estação. “Tudo aconteceu em questão de segundos”.

Ela foi atendida por passageiros que acompanharam tudo. Uma equipe do Samu foi chamada para atender o caso.

Apesar do susto, a cobradora continuou a trabalhar até o fim da noite.

Ação da PM

A confusão se intensificou na altura do Terminal Guadalupe, quando equipes da Polícia Militar passaram a acompanhar o protesto e mascarados começaram a quebrar vidraças de bancos na Rua João Negrão. Em pouco tempo, mais veículos da PM chegaram e policiais da Rotam e do Bope passaram a pressionar os manifestantes. Em pouco tempo, a polícia começou a disparar bombas de efeito moral e a prender alguns dos manifestantes.

Na altura da Avenida de Setembro , a Polícia Militar passou a agir com mais força e voltou a soltar bombas, gás e balas de borracha para dispersar o grupo. Várias equipes foram enviadas para o local, inclusive a Rone. Manifestantes foram presos. De acordo com a PM, a ação teve início por causa da atividade de black blocs infiltrados no protesto e dos atos de vandalismo praticados por eles. A essa altura da manifestação, o número de mascarados já era bem pequeno.

Após o confronto na Sete de Setembro, o ato já estava em número bem reduzido e seguiu pela Rua Tibagi. Manifestantes usavam sacos de lixo para tentar barrar o avanço dos policiais, enquanto outros usavam as próprias sacolas como arma contra os policiais. Ao arremessarem o pacote contra a PM, eram atacados com mais bala de borracha.

A ação voltou para o Terminal Guadalupe, onde a polícia fechou o trânsito e conduziu os poucos manifestantes pela Rua André de Barros. Algumas viaturas seguiram na contramão, o que forçou motoristas que passavam pela região a tentarem dar meia-volta e complicar ainda mais o trânsito na região central.

Quando o grupo chegou na esquina com a Avenida Marechal Floriano, os policiais voltaram para as viaturas e seguiram em perseguição a alguns manifestantes que ainda restavam. Já não havia confronto, apenas palavras de ordem do grupo que não passava de algumas poucas dezenas e que logo se dispersou.Depois dessa confusão, alguns manifestantes acabaram sendo preso — incluindo mulheres. A reportagem encontrou uma garota que alegou ter sido atacada por policiais. Caída no chão e com dificuldade de respirar, ela dizia ter levado um murro da PM. Amigos ajudavam-na a se levantar. Policiais no local reforçaram que apenas agiram para pedir a ação de black blocs.

A situação se normalizou por volta das 21h30, quando os policiais se reagruparam em torno da Praça Rui Barbosa e apenas alguns jornalistas e curiosos continuavam acompanhando a operação.

Ações judiciais

Os deputados estaduais Ney Leprevost (PSD) e Tadeu Veneri (PT) prometem entrar com medidas judiciais questionando o aumento na tarifa de ônibus em Curitiba.

Bandeiras

Quando o ato começou na Praça 19 de Dezembro e ainda era pacífico, bandeiras de sindicatos e movimentos sociais, cartazes e falas contra o aumento da passagem também eram vistos e ouvidos no protesto. Aos gritos de “Fora, Greca” e de “transporte público não é mercadoria”, o grupo seguiu pelas ruas do Centro de cidade.

“O nosso objetivo hoje é exigir a retirada imediata desse aumento absurdo da tarifa. Há uma máfia do transporte em que somente algumas famílias enriquecem e somos contra isso. Existem estudos que questionam a legitimidade desses contratos e, mais uma vez, o prefeito mostra de que lado está, usando a crise como desculpa para fazer uma aumento desses”, afirmou Evandro Castagna – um dos organizadores do ato e membro do grupo CWB Resiste – no início do protesto. Segundo ele, o objetivo do grupo não é a quebradeira, embora entenda quem age dessa forma nas manifestações. “Outros grupos que participam do ato estão indignados e agem assim. A gente entende. Não é nossa política, mas também não criminalizamos por acreditarmos que não é assim que se resolve. É preciso ouvir”.

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