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Uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) estimou que os chamados “pula-catraca” geram um prejuízo de quase R$ 4,5 milhões por ano ao usarem o transporte público sem pagar pela passagem. Segundo o Setransp, quatro biarticulados poderiam ser comprados por ano ou um coletivo convencional por mês com esse recurso.

O estudo contou pessoas que furaram a catraca durante sete dias em março (entre dias 14 e 20). Ao todo, 3.830 invasores pularam as catracas em tubos e terminais da cidade nesses dias, um total de 26.820. O tubo campeão de invasões é o da Praça Carlos Gomes, sentido terminal do Boqueirão, com 250 incursões. A pesquisa foi feita com apoio dos cobradores que registraram cada uma das invasões no período em 45 mil horas, preenchendo 2,5 mil formulários, das 5h à 0h30.

Veja o ranking dos principais tubos invadidos em Curitiba

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Em relação à mesma pesquisa feita no ano passado, houve um aumento de 18% nas invasões. A pesquisa foi divulgada em uma entrevista coletiva pelo diretor-executivo das empresas, Luiz Alberto Lens César (foto, no centro). Ele não soube informar o quanto esse prejuízo impacta na tarifa técnica (valor real de cada passageiro repassado às empresas pela Urbs).

Rio Barigui

A estação do Rio Barigui, sentido bairro, é uma das mais preocupantes. Mais da metade das pessoas que usam a estação não pagam a passagem. O estudo mostrou que em sete dias, 1.166 pessoas passaram pelo tubo, mas apenas 526 pagaram a tarifa.

Passeio Público

A estação tubo do Passeio Público registrou neste ano 59 invasões por dia no sentido Capão Raso e 172 no sentido Santa Cândida. A pesquisa anterior, no ano passado, mostrava que esse tubo era o campeão de passagem de “pula-catraca”, com 208 invasões somente no sentido Santa Cândida. De acordo com Lens, a presença da PM e da guarda municipal neste local fez a diferença no período, mas o problema migrou.

“A consequência desta atitude é bastante drástica para o usuário. Há pânico quando um grupo chega e invade. Há quebra de equipamentos, mobiliários, câmeras. Atrapalha a pontualidade do transporte. Estão pendurados nas portas. Ele (o veículo) tem que ficar parado”, contou.

Segundo Lens, o estudo será entregue à Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pela gestão do transporte na capital, à Polícia Militar e à Guarda Municipal. O empresário explicou que é preciso fortalecer estratégias de segurança pública para tentar solucionar o problema. Ele não elencou quais táticas seriam necessárias na avaliação do sindicato.

Ele afirmou, porém, que é preciso melhorar as alternativas para inibir as invasões. O sindicato tem cogitado, inclusive, contratar seguranças privados para reforçar a contenção em tubos e terminais. Esse plano está em análise. O foco atual é trabalhar em conjunto com os agentes da segurança pública.

Perfil

A maior parte dos “pula-catraca”, de acordo com a Setransp, é o usuário comum. Ao todo, 32% das invasões foram feitas por pessoas com esse perfil. Ano passado, o perfil mais encontrado nas invasões era o de integrantes de gangues. Para Lens, a crise econômica agravou a situação. Ele também acusou movimentos sociais de incentivarem os “pula-catraca” neste período.

Decreto nº 1.356/2008

O decreto do então prefeito Beto Richa, assinado em março de 2008, que regulamentou o serviço de transporte público da capital, determina que é dever também das empresas de ônibus desenvolver ações para coibir as invasões de pessoas que não pagam a tarifa.

O estudo apontou ainda que 22% dos casos são invasões de gangues ou tribos urbanas (termo usado pelo sindicato), 19% por estudantes, 6% por torcedores de futebol e 21% outros (sem perfil claro).

A Polícia Militar ainda não recebeu a pesquisa e por isso afirmou que, no momento, não teria como se manifestar.

Outro lado

O Movimento Passe Livre (MPL) considerou que a divulgação da pesquisa não passa de uma tentativa de mudar o foco necessário no debate sobre o transporte público da cidade, a licitação realizada na cidade em 2010, que já foi foco de questionamento do Tribunal de Contas do Estado.

Além disso, o movimento acredita que “furar a catraca” é uma reação da população natural contra o preço abusivo da tarifa, hoje em R$ 3,70, e defende também que os moradores da periferia precisam se locomover para encontrar emprego.

O que diz a Urbs

Por meio da assessoria de imprensa, a Urbs informou que trabalha constantemente, em parceria com a Guarda Municipal, para conter as invasões. De acordo com empresa, a Guarda Municipal verifica em tempo real imagens no centro de monitoramento de câmeras para atuar de forma efetiva.

A Urbs também ressaltou que tem tentado, preventivamente, conscientizar estudantes, ao levá-los, uma vez por mês, à sede para mostrar como o sistema de transporte funciona. Um dos temas apresentados é o prejuízo causado pelas pessoas que furam a catraca. A assessoria explicou que a Guarda Municipal atua ainda com a operação “Presença” em terminais de ônibus e que viaturas da instituição circulam entre tubos diariamente para evitar as incursões.

Ficou para terça

Nesta terça-feira (10), a Câmara Municipal vota, em primeiro turno, o substitutivo ao projeto de lei do vereador Rogério Campos (PSC) que multa os invasores do transporte coletivo, os chamados “fura-catracas”, no valor de 50 passagens. Com a tarifa atual de R$ 3,70, a penalidade seria de R$ 185, dobrada em caso de reincidência da infração.

Veja o ranking dos principais tubos invadidos

1.º Estação-tubo da Praça Carlos Gomes, sentido Boqueirão – 250 invasões por dia

2.º Estação-tubo Passeio Público, sentido Santa Cândida – 172 por dia

3.º Estação Praça Eufrásio Correia, sentido Estação Central – 154

4.º Estação Rio Barigui, sentido Centro – 103

5.º Estação Rio Barigui, sentido bairro - 91

6.º Estação Professora Maria Teixeira Aguiar, sentido bairro - 75

7.º Estação Del. Amazon Prestes – 67

8.º Estação Tubo China – 62

9.º Estação Tubo Detran, sentido terminal Capão da Imbuia – 62

10.º Estação Passeio Público, sentido Capão Raso - 59

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