"Há duas estratégias no Brasil para debater o racismo: uma é o silêncio e outra é a negação", afirma a antropóloga Rita Segato, professora da Universidade de Brasília (UnB) e Ph.D. pela The Queens University of Belfast, na Irlanda do Norte. Ela critica a decisão do senador Demóstenes Torres em retirar a expressão "raça" do texto final. "Não nomear é uma forma de não enfrentar o problema, de dizer que, para o Estado, essa comunidade de interesse, ou essa demanda, não existe", diz.
A antropóloga acrescenta que o conceito de raça debatido não é o biológico, mas sim o construído historicamente. "A racialização é um fenômeno produzido. É uma leitura, um olhar sobre o corpo informado pela história. Que lugar na história atribuímos aos negros?", questiona.
Outro argumento da professora é que a ideia de nação homogênea assentada sobre a "miscigenação consensual", como disse o senador, já é mundialmente falida. "Nas grandes democracias do mundo, trabalha-se com a ideia de uma aliança entre povos diferentes que se constituem como uma coletividade", acrescenta.
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