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Se fevereiro se despediu com chuvas que atingiram 75% da média histórica da bacia do Rio Paraíba do Sul, o cenário para os próximos meses sugere que as ações de prevenção serão fundamentais para o Estado do Rio de Janeiro enfrentar o período de estiagem sem sustos. O pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) José Antonio Marengo adverte ser bastante provável que os reservatórios de água que abastecem mais de 15 milhões de pessoas nos estados do Rio, de São Paulo e Minas voltem ao volume morto a partir de maio, quando a falta de chuvas se acentua. Neste cenário, a decisão do governo, de reduzir a vazão do Paraíba que chega à elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí, é uma medida de gestão necessária, apesar de trazer transtorno a indústrias como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Fábrica Carioca de Catalisadores (FCA), na Zona Oeste.

“Fevereiro foi um mês mais chuvoso, depois de um janeiro seco. Ainda não podemos fazer um prognóstico preciso de março, abril e maio, mas se a dinâmica não se alterar muito, é pouco provável que tenhamos um período de grandes quantidades de chuva. Então, possivelmente esses reservatórios do Paraíba do Sul voltem ao volume morto”, diz Marengo.

A leve recuperação do reservatório de Paraibuna, principal do sistema no Vale do Paraíba paulista, esteve relacionada a volumes de chuvas em fevereiro quase seis vezes superiores aos registrados em Taubaté em janeiro, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Numa comparação com janeiro, a diferença é brutal. No primeiro mês do ano, foram apenas 29mm; em fevereiro, o volume chegou a 170mm — no entanto, a média histórica em fevereiro para Taubaté, de 198mm, não foi alcançada. Em Resende, no Sul Fluminense, choveu 188,7mm, apenas 13,7% a menos do que a média para fevereiro. A cidade é vizinha ao reservatório de Funil, em Itatiaia, que ontem estava com volume útil de 33,61% — uma recuperação de 21 pontos percentuais desde 1º de janeiro. Já a represa de Paraibuna registrou ontem patamar de 2,05% de seu volume útil.

Na avaliação do meteorologista do Inmet Lúcio de Souza, a ausência de um fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) se reflete num verão menos chuvoso no Sudeste. A ZCAS é formada também pela umidade da Região Amazônica.

“Essa nebulosidade, formada entre outras razões pela massa de umidade que vem da Amazônia em direção ao Sudeste, está ausente desde o verão passado. Isso ajuda a explicar por que as esperadas pancadas de chuva do início do ano não vieram”, afirma.

Uma das indústrias mais prejudicadas pela crise hídrica, a ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) informou, por meio de nota, que vem adotando medidas para diminuir o impacto da redução do volume de água proveniente do Canal do São Francisco, que a abastece. A empresa disse que implementou um plano de menor utilização de água, que reduziu em 20% a captação junto ao Canal de São Francisco, no encontro do Rio Guandu — uma transposição do Paraíba do Sul — com a Baía de Sepetiba.

“A CSA faz uma gestão inteligente das bombas de captação de água. A empresa possui reservatórios próprios de água bruta”, acrescenta a nota.

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