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Vilarejo ficou destruído pelo mar de lama | RICARDO MORAES/REUTERS
Vilarejo ficou destruído pelo mar de lama| Foto: RICARDO MORAES/REUTERS

Cerca de 500 pessoas já tinham sido resgatadas no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, cidade a 116 km de Belo Horizonte, Minas Gerais, até a manhã desta sexta-feira (6), segundo informação dos bombeiros de Belo Horizonte. O local foi atingido nesta quinta-feira (5) pelo rompimento de duas barragens de uma empresa de mineração.

Antes de serem liberadas para o abrigo, as vítimas passam por um processo de descontaminação por conta de resíduos de minério de ferro e produtos químicos que estavam misturados na lama que atingiu os dois distritos. “As pessoas que são resgatadas passam primeiramente por um processo de lavagem com água e sabão para evitar qualquer problema de saúde por conta de contaminação de ferro”, disse a corporação.

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Os bombeiros também realizam um cadastro para tentar mapear o local onde as pessoas estavam quando foram resgatadas para conseguir identificar quantas vítimas ainda estão desaparecidas. Três helicópteros e duas retroescavadeiras são usados pelas equipes de resgate.

Segundo boletim divulgado às 8h30 pelo hospital Monsenhor Horta, em Mariana, sete feridos deram entrada no local, sendo que seis já receberam alta. Uma pessoa continua internada, mas seu estado não é considerado grave. Uma morte havia sido confirmada na noite desta quinta. Outras cinco vítimas - duas mulheres, um homem e duas crianças de 2 e 3 anos - foram encaminhadas para o Hospital João 23, em Belo Horizonte (MG). De acordo com o hospital, eles permanecem internados em estado de observação, mas sem gravidade.

Abrigos

Nesta manhã, centenas de pessoas foram levadas em vans e ambulâncias à Arena Mariana, ginásio esportivo usado pela prefeitura para receber os desabrigados. Eles ganharam roupas, comidas e assistência médica. Do lado de fora, moradores aflitos tentavam receber informações de familiares.

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A cabeleireira Denise Isabel Monteiro, 32, diz que seu sobrinho de cinco anos está desaparecido. Nesta manhã, ela tentava encontrar no ginásio a cunhada que está grávida. “Sei que ela está viva, mas não sei se ela já foi trazida e se está lá dentro [do ginásio]. Foi um desespero total, porque a gente pensou que todo mundo tinha morrido. A gente sabe como é perigoso ali [em Bento Rodrigues]”, diz.

José Ronaldo Pereira, 39, que ficou ilhado em um local alto, foi levado ao ginásio por parentes. “Não dormi nada, foi uma coisa pavorosa. A gente só escutou um barulho. Agora a gente tem que procurar nossos direitos, porque nossas casas foram destruídas.”

A dona de casa Simone Lorena, 26, foi retirada de Bento Rodrigues com o marido e a filha numa caminhonete quatro por quatro. “A noite foi horrível, não tinha luz nenhuma e a gente ficou com medo de faltar água”, conta.

“A barragem estourou, a barragem estourou”, gritava a vizinha de Marcos Júnior de Souza, 15. O menino, que se preparava para tomar banho, não acreditou. “Como a minha vida inteira falaram que a barragem iria estourar, não liguei. Até que eu vi a água invadir a minha casa”, conta.

Com a água subindo cada vez mais rápido, Marcos, que estava sozinho, correu para escapar. “Resolvi sair pela janela. Subi no teto e fui pulando de telhado em telhado. Com a ajuda de vizinhos, chegou ao alto do morro e deixou seu vilarejo para trás.

Samarco

A Samarco, empresa responsável pela barragem, afirmou que está “mobilizando todos os esforços necessários para priorizar o atendimento e a integridade das pessoas que estavam trabalhando no local ou que residem próximas às barragens, além das ações para conter os danos ambientais”.

“Até o momento, não é possível confirmar número de vítimas e desaparecidos. Todas as pessoas resgatadas com ferimentos estão sendo encaminhadas para pronto atendimento no hospital do município de Mariana e demais municípios próximos e os desabrigados para um ginásio de Mariana onde equipes prestam auxílio a todos. Neste momento, não há confirmação das causas e a completa extensão do ocorrido. Investigações e estudos apontarão as reais causas do ocorrido”, afirmou a empresa, em nota divulgada na manhã desta sexta.

Na noite desta quinta, a Samarco confirmou o rompimento de duas barragens. A empresa afirmou que todas elas possuem licença. “A última fiscalização ocorreu em julho de 2015 e indicou que as barragens encontravam-se em totais condições de segurança. A Samarco também realiza inspeções próprias, conforme Lei Federal de Segurança de Barragens, e conta com equipe de operação em turno de 24 horas para manutenção e identificação, de forma imediata, de qualquer anormalidade”, afirma a nota.

A empresa negou que o rejeito cause problemas à saúde dos moradores. “Ele é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro e não apresenta nenhum elemento químico que seja danoso à saúde”, disse.

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