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Áreas como extração e refino de petróleo vão demandar um grande número de engenheiros até 2020 | Geraldo Falcão/Petrobras
Áreas como extração e refino de petróleo vão demandar um grande número de engenheiros até 2020| Foto: Geraldo Falcão/Petrobras

Pré-sal

Exploração de petróleo requer alta de 28% ao ano no corpo de engenheiros

Conforme os dados do Ipea, em um cenário "intermediário" de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o número de engenheiros contratados deverá aumentar em 10,5% ao ano até 2020. No entanto, para a extração e refino de petróleo e gás, a demanda é ainda maior, chegando a 28% ao ano – efeito do crescimento esperado para o setor, que deve evoluir 6,2% ao ano nos próximos sete anos.

A exploração de petróleo é considerada uma das áreas em que há mais demanda – e urgência – por mão de obra especializada. Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR), Joel Krüger, é provável que a falta de engenheiros no setor seja parcialmente suprida por profissionais estrangeiros. No consórcio que venceu o recente leilão do campo de Libra, para exploração do pré-sal, estão duas empresas chinesas e uma francesa. "Precisaríamos de uma política nacional de criação de cursos nessa área específica, usando parte dos recursos do pré-sal para a formação de profissionais de nível superior nessa mesma área", afirma Krüger.

Declaração

Fala de ministro da Aviação causa mal-estar com entidades

Uma declaração do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, na última quinta-feira, causou a ira de engenheiros e entidades representativas do setor. À imprensa, Franco defendeu que os atrasos nas obras em aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014 são culpa de "engenheiro ruins" e projetos que precisam ser constantemente refeitos. "Os jovens não saem bem formados da faculdade e os projetos são muito ruins", disse.

A declaração foi repudiada pelo presidente do Conselho Re­gio­nal de Engenharia e Agronomia do Paraná, Joel Krüger, que qualificou as falas do ministro como, "no mínimo, extremamente infelizes". A Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) também se manifestou contra o que seria uma "tentativa de desqualificação" da categoria.

2% é a taxa de desemprego entre os engenheiros formados no Brasil, segundo o Censo de 2010 do IBGE.

R$ 7,4 mil era a remuneração mensal média dos engenheiros em 2010, conforme estudo do Ipea.

O número de engenheiros atuando em suas respectivas áreas de formação precisará triplicar até 2020 caso a economia brasileira cresça a um ritmo de 4% ao ano. Hoje, cerca de 300 mil de um total de 937 mil trabalham na área, ou seja, apenas um terço. A projeção, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), demonstra que a diferença entre a demanda do país por esses profissionais e a oferta pode ser um limitador ao crescimento nacional, principalmente em áreas como extração e refino de petróleo – uma das grandes apostas para o desenvolvimento nacional a médio e longo prazo, com o início da exploração do pré-sal.

INFOGRÁFICO: Demanda será maior em setores como o de petróleo, gás e extração mineral

O Ipea apresentou três cenários diferentes de crescimento da economia (2,5%, 4% e 5,5%), com a respectiva demanda prevista para esses profissionais. Entre a previsão mais pessimista e a mais otimista, o número de engenheiros necessários varia de 658 mil a 1,3 milhão em 2020, ano em que se prevê a existência de 2 milhões de pessoas com diplomas nessas áreas.

Os dados poderiam mostrar uma "sobra" de profissionais, não fosse por um gargalo típico da categoria: em 2010, apenas 38% dos formados em Engenharia de fato atuavam na profissão. Para atender à demanda prevista para daqui a sete anos, esse porcentual precisará subir para 45%.

"Todo profissional busca não só um bom salário, mas um salário estável. E é isso que atrai muitos engenheiros à área bancária, principalmente em bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa, que atuam na construção civil. Nas estatísticas, este profissional não está atuando como engenheiro, mas ele não deixa de exercer a profissão", afirma o professor do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ricardo Bertin.

Qualificação

O Ipea alerta que a formação de novos engenheiros ao longo dos próximos anos não necessariamente atenderá às necessidades do mercado de trabalho por causa da falta de experiência profissional. Em 2011, mais da metade dos engenheiros em atuação tinha menos de 35 anos. A qualidade dos cursos também surge como um entrave: apenas entre 20% e 30% dos formados em Engenharias nos últimos anos são egressos de cursos de melhor desempenho, o que, segundo o Ipea, "reforça a percepção geral de que a formação de pessoal técnico-científico no Brasil concentra-se em cursos e instituições de baixa qualidade".

O número de conclusões nos cursos de engenharia cresceu 138,4% entre 2000 e 2010, acima da média de expansão de conclusões dos cursos superiores, de 135,4%. No entanto, o número de formados poderia ser ainda maior: em 2011, a taxa de evasão entre os estudantes de Engenharia foi de 57%.

Experiência de sobra no setor público do PR

Se a baixa idade dos profissionais recém-formados em engenharia e a falta de experiência são lembrados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) como possíveis entraves para o desenvolvimento econômico do país, no Paraná o problema é o oposto – ao menos no setor público. Levantamento feito pelo Dieese em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) mostra que, na administração direta estadual, o tempo médio de emprego dos engenheiros é de 23,8 anos, chegando a 27 anos no caso das autarquias.

O grande número de profissionais prestes a se aposentar pressiona ainda mais um setor que, historicamente, tem uma participação tímida na contratação de engenheiros. No Paraná, 76% destes profissionais atuam na iniciativa privada. Ano passado, o emprego de engenharia no setor público teve o acréscimo de apenas 20 postos de trabalho – desempenho puxado principalmente pelo saldo negativo de 69 engenheiros no setor público estadual, em comparação com 2011.

Segundo o levantamento do Dieese, um dos motivos que tem "espantado" estes profissionais do setor público é o salário. Embora empresas estatais, como a Copel e Sanepar, paguem em média R$ 11 mil, a remuneração de entrada para os profissionais de engenharia nas prefeituras e outros órgãos públicos é de R$ 3 mil – menos da metade do piso nacional da categoria.

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