• Carregando...
Boa parte dos casos de agressão a jornalistas em 2016  ocorreu nos protestos pró e contra o impeachment de Dilma Rousseff. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Boa parte dos casos de agressão a jornalistas em 2016 ocorreu nos protestos pró e contra o impeachment de Dilma Rousseff.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) registrou 174 agressões contra profissionais de empresas de comunicação ao longo de 2016, duas delas resultaram em morte. Os números indicam um crescimento de 60% em casos de agressões físicas ou verbais contra repórteres e cinegrafistas, entre outros profissionais do setor, em comparação aos 116 casos de violência anotados em 2015. Boa parte dos casos de agressão ocorreu durante os protestos pró e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Os dados do relatório “Violações à liberdade de expressão” colocam o Brasil entre os dez países mais perigosos para o exercício do livre jornalismo. Neste ranking, o Brasil aparece ao lado de Iraque, Síria, Afeganistão e Turquia, entre outros países devastados por conflitos armados. Na América Latina, a situação brasileira só não é pior que a do México, que aparece como o país com o maior número de agressões a profissionais de comunicação.

“A maioria dos ataques aconteceu em manifestações e, infelizmente, vieram de autoridades públicas. Ainda não há no Brasil uma real compreensão do papel da imprensa tanto por parte das autoridades de segurança, quanto das correntes políticas que estão ali”, afirma Paulo Tonet Camargo, presidente da Abert.

Tonet vai entregar o relatório ao Ministério da Justiça e a outras autoridades públicas. A ideia é cobrar do governo federal e dos governos estaduais uma política especial para coibir a violência contra jornalistas, sugerindo o treinamento dos policiais para lidar com profissionais de comunicação em grandes coberturas.

O pedido de proteção de jornalistas já foi apresentado ano passado ao então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, quando fervilhavam manifestações pelo país. A reivindicação teve boa acolhida, mas Cardozo deixou o cargo depois do impeachment de Dilma e, desde então, não houve avanços.

Duas mortes violentas

Entre os casos de violência mais graves estão os assassinatos de João Miranda do Carmo e Maurício Campos Rosa. Depois de receber diversas ameaças em 2014, Miranda foi morto com 13 tiros em Santo Antônio do Descoberto, a 50 quilômetros de distância de Brasília. “O inquérito ainda não foi concluído, mas todas as linhas de investigação apontam para uma vingança relacionada a informações divulgadas pelo jornalista”, sustenta o relatório. Itamar Lemes, ex-prefeito de Santo Antônio, está entre os suspeitos do assassinato.

Dono do jornal “O Grito”, Campos Rosa foi assassinado com cinco tiros, em Santa Luzia, Minas Gerais. Campos Rosa foi morto depois de publicar uma série de reportagens sobre o envolvimento de vereadores com fraudes em licitações da prefeitura.

“Trata-se de um ataque à liberdade de informar e ser informado, à liberdade de expressão”, disse o presidente da Abert.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]