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Falha de segurança que permitiu desvios não é exclusiva da UFPR, alertou chefe de TI da universidade. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Falha de segurança que permitiu desvios não é exclusiva da UFPR, alertou chefe de TI da universidade.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O esquema que desviou R$ 7,3 milhões em bolsas de auxílio à pesquisa e a estudantes da Universidade Federal do Paraná somente foi possível porque o sistema que libera o pagamento permitia que a servidora presa pela Polícia Federal digitasse manualmente o CPF dos beneficiários para quem ela queria destinar o dinheiro.

De acordo com José Henrique Pereira Pinto, chefe da Tecnologia da Informação da UFPR, a falha foi utilizada dentro da Unidade de Orçamento e Finanças da PRPPG. Essa era a unidade chefiada entre 2013 e 2016 pela servidora Conceição Abadia de Abreu Mendonça, apontada pela Polícia Federal como mentora da fraude.

Conceição, segundo explica Pereira Pinto, recebia os processos para fazer a instrução de pagamento. Para isso, ela tinha uma senha com a qual alimentava as informações das bolsas no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). O problema é que ela tinha permissão para fazer manualmente essa inclusão de dados.

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“O Siafi deveria importar essa lista direito do sistema, sem intervenção humana. Mas ele abre uma tela onde a servidora pode digitar cada CPF. Se esse CPF existe na base da Receita Federal, ele [o Siafi] aceita. Essa servidora [Conceição] ludibriou o sistema. Ela pegava a lista correta [de bolsistas] e no meio colocava esses CPFs indevidos”, disse o chefe de TI da UFPR. Ele fez questão de ressaltar que essa falha identificada agora é sistêmica. “Isso não é exclusivo da UFPR.”

Outro problema identificado na sequência desse processo é a listagem gerada para chancela do pró-reitor. Aparentemente, a lista gerada no departamento financeiro não era idêntica à lista enviada ao superior imediato de Conceição. “A lista gerada no controle interno deveria ser um espelho da lista dentro do Siafi e vice-versa. Mas, como tem a interferência humana no processo por uma servidora com o acesso exclusivo para controlar o sistema, a falta de cruzamento de dados entre os dois sistemas permitiu a fraude.”

Chancela superior

O reitor Ricardo Marcelo Fonseca disse que os pró-reitores não recebiam uma lista com a discriminação de todos os CPFs dos beneficiários das bolsas. “Depois de passar pelo setor financeiro da PRPPG, essas notas seguiam [para os pró-reitores] com o nome de algumas pessoas encabeçando, mas sem a discriminação individualizada dos CPFs de todos os beneficiários. Ali é que aparentemente acontecia o descaminho do dinheiro público.”

Esse entendimento foi endossado pelo chefe da TI, chamado a uma coletiva de imprensa para auxiliar o reitor nas respostas sobre o sistema de pagamento. “A falha é que não havia instrumentos para informar [os pró-reitores] nome a nome, já que o pró-reitor não tem acesso ao sistema e trabalha com um documento impresso”, disse Pereira Pinto.

O chefe da TI, porém, preferiu não responder se os nomes dos 27 bolsistas que constavam no Siafi entre 2013 e 2016 e agora são investigados pela Polícia Federal também constavam no documento final assinado pelos pró-reitores. “Isso é uma resposta que está dentro do processo e eu não sei. Não tenho acesso a esses documentos e isso precisa ser analisado. E o Tribunal de Contas da União está fazendo justamente essa análise”, argumentou.

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