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Grades isolam parte da Rua Flávio Dallegrave, no Alto da XV | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Grades isolam parte da Rua Flávio Dallegrave, no Alto da XV| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Na quadra seguinte, rua não tem dono

Moradores e comerciantes da Rua Flávio Dallegrave, entre as ruas Dias da Rocha Filho e XV de Novembro, observam desconfiados a instalação de grades e cancelas. Naquele trecho, estão ocorrendo mudanças na calçada, incluindo o afunilamento de uma das entradas da rua. Para eles, não foi repassada nenhuma informação sobre a colocação de cancelas ou a expansão do Estacionamento Regulamentado (EstaR) na região.

Dois moradores, que pediram para não ser identificados, contam que, embora sejam os proprietários de casas e salas comerciais no local, não têm qualquer propriedade sobre a rua, ao contrário do que ocorre com o terreno do shopping.

Maria* conta que nasceu na casa em que vive e que, pelo menos há 60 anos, sempre houve uma rua ali. A única alteração que ela lembra foi a abertura da via na esquina com a Rua Professor Brandão, realizada apenas depois da instalação do shopping. "Nosso trecho de rua é público, não entendo como a outra parte não é", diz Pedro*.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados

A transformação de um trecho da Rua Flávio Dallegrave – no Alto da XV, em Curitiba – em estacionamento particular está gerando polêmica entre os moradores. Conforme a administração do PolloShop, responsável pelo fechamento de parte da rua, o trecho pertence aos donos do empreendimento.

INFOGRÁFICO: Confira qual o trecho fechado pelo shopping

A prefeitura confirma a informação e diz que na última renovação de alvará a mudança foi autorizada, desde que houvesse contrapartidas no entorno. O problema é que os moradores da região não foram informados das mudanças e acabaram surpreendidos com a instalação de grades e cancelas nas esquinas das ruas Dias da Rocha Filho e Professor Brandão.

Por meio de nota, a prefeitura informou que as áreas em frente aos trilhos na região do shopping são particulares e que não há irregularidade no fechamento do local. "A liberação de passagem anterior foi opção do proprietário, que inclusive bancou a sinalização de trânsito no local", diz a nota. Para fechar a rua agora, o shopping se comprometeu a fazer melhorias em alguns pontos das calçadas da região.

Além da colocação de cancelas para restringir a entrada e saída de veículos, também foram instaladas grades cercando todo o terreno, ao lado da calçada. O PolloShop afirma que o estacionamento será cobrado, mas não há previsão de valores e de quando a cobrança vai começar .

Moradores da região consultados pela Gazeta do Povo não se opõem totalmente ao projeto. A reclamação maior é pela falta de comunicação das ações. O advogado Fabrício Magalhães mora no bairro há 43 anos e estranhou o fechamento da rua. "Como tinha nome de rua, inclusive com sinalização, achei que era público. Se era privado, por que não fecharam antes?", questiona.

Outro morador da região, o advogado Rodrigo Arruda Sanchez, também questiona a mudança. Para ele, a alteração chamou mais a atenção dos vizinhos por causa das discussões sobre a criação de um binário no bairro, nas ruas Camões e Padre Germano Mayer. Na avaliação de Sanchez, o fechamento do trecho não chega a atrapalhar o fluxo de veículos na região.

O que mudou

Com a criação da faixa exclusiva de ônibus na Rua XV de Novembro, vagas de estacionamento da via foram eliminadas. Para suprir essa falta, a opção foi de criar vagas do Estacionamento Regulamentado (EstaR) em ruas transversais da XV de Novembro na região. Essas mudanças teriam prejudicado o shopping, tornando seu estacionamento mais concorrido. A decisão, nesse caso, foi a de garantir que apenas clientes parem os carros no loca, mediante cobrança pelas vagas.

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