• Carregando...
O médico Luiz Takeshi, da equipe que  realizou o transplante: “Depois de mais de 100 dias acompanhando o caso, é como se fosse alguém da família”. | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
O médico Luiz Takeshi, da equipe que realizou o transplante: “Depois de mais de 100 dias acompanhando o caso, é como se fosse alguém da família”.| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Helicóptero, avião, 20 batedores da Polícia Militar para escolta de um órgão do Aeroporto de Londrina até a Santa Casa da cidade, mais de 120 pessoas envolvidas e apenas quatro horas para retirar um coração em Joinville (SC), trazê-lo a Londrina e, finalmente, salvar a vida da primeira criança a receber um transplante cardíaco na cidade. Duas horas e quarenta minutos depois da chegada do órgão à cidade, já batia no peito da menina, saudável, o resultado de toda a mobilização. A cirurgia ocorreu no dia 1.º de junho e foi um sucesso.

Quatro dias depois do transplante, um dos médicos da equipe de 11 profissionais que atuaram na cirurgia, Luiz Takeshi (foto) informa: “Ela está bem”. A equipe que participou do procedimento deu uma entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira (5), no Hospital Infantil de Londrina.

Takeshi detalhou a complexa operação logística para retirar o coração de uma adolescente de 16 anos, que morreu em um acidente de trânsito em Joinville, e transplantá-lo em Londrina. A receptora, uma menina de 6 anos, estava internada há 115 dias devido a uma miocardite – processo inflamatório contínuo, causado por vírus ou bactérias.

240 pessoas

tiveram morte encefálica em Londrina em 2014. Destas, apenas quatro eram crianças e nenhuma teve os órgãos doados. Entre os 78 adultos em condições de doar, só 28 tornaram-se, efetivamente, doadores.

Sem um coração novo, ela tinha poucas chances de sobreviver. Segundo os médicos, todos os tratamentos já tinham sido aplicados sem resultado positivo. “Ela só piorava e não teria muitas chances se não fosse o transplante”, apontou o médico. “Não é simples encontrar um coração, ir de um estado para o outro com o órgão, reunir uma equipe enorme e, no fim, dar tudo certo”, comemorou. De acordo com o médico, organizar toda a estrutura de profissionais foi a tarefa mais árdua. O custo parcial da operação para salvar a criança passa de R$ 130 mil.

Agora, a criança está na UTI. Segundo a equipe médica, ela respira sem aparelhos e já se alimenta. “Quando ela acordou, estava com muita fome. Pediu frango e suco de maçã e nos deixou muito felizes”, contou Takeshi. “Depois de mais de 100 dias acompanhando o caso, é como se fosse alguém da família”.

Para Takeshi, são tantas as variáveis para uma cirurgia desse porte dar certo que a equipe considerou o fato como um “verdadeiro milagre”. Apesar do feito, o médico permanece cauteloso. “Ainda é cedo para previsões. Ela está razoavelmente bem e o período crítico já passou. Mas durante toda a vida precisará ser monitorada e tomar cuidados”, explicou. “No entanto, terá condições de se tornar uma criança como outra qualquer.”

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]