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Um dos maiores estudos sobre treino cognitivo no país, com 150 idosos, comprovou que eles melhoraram a memória. | Albari Rosa/Gazeta  do Povo
Um dos maiores estudos sobre treino cognitivo no país, com 150 idosos, comprovou que eles melhoraram a memória.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Nossa capacidade de guardar informações pode se manter preservada por mais tempo se estimularmos a neuroplasticidade, capacidade que empolga especialistas da área de prevenção a demências como a Doença de Alzheimer.

O que é

Entenda como são caracterizados os diferentes estágios da memória humana

Cognição

Funções relacionadas ao cérebro como memória, inteligência, concentração. São essas funções que começam a se mostrar comprometidas no envelhecimento saudável ou não.

Declínio cognitivo leve

A pessoa apresenta a rotina do dia a dia preservada, sem alterações funcionais – administra contas e remédios, por exemplo. No entanto, na testagem cognitiva ela já não está no mesmo nível de uma pessoa de igual idade e escolaridade. Pode ser um estágio pré-clínico de demência ou Alzheimer

Memória episódica

Conseguir gravar lista de nomes, palavras e números de telefone novos, ou uma lista de compras.

Memória de trabalho

Capacidade de manter informações na mente e, ao mesmo tempo, trabalhar com essas informações.

Cuidados com o cérebro devem começar cedo

Não lembrar um item das compras pode acontecer aos 20, 50 ou 70 anos. Mas se não é motivo de pânico sobre a saúde da nossa memória, a lista de supermercado pode ser tarefa de casa para quem quer deixar a capacidade de guardar informações afiada por mais tempo. “Anotar compromissos, usar agenda, calendário, fazer lista de compras ajudam a prestar atenção em outras coisas”, enumera Maira Rozenfeld Olchik, fonoaudióloga e professora do curso de Fonoaudiologia da UFRGS.

No doutorado, Maira realizou um dos maiores estudos sobre treino cognitivo em idosos já feitos no país – 150 pessoas, divididas em 10 grupos. Constatou que as estratégias adotadas resultaram em melhora da memória tanto em quem passava por envelhecimento saudável quanto naqueles com comprometimento cognitivo leve.

Esse tipo de treino e a forma como pode ser adotado para prevenir demências ou até mesmo preservar a memória foram um dos primeiros temas abordados na edição 2015 do Congresso Mundial de Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado na última semana em Porto Alegre. Entre os principais fatores que explicam a melhora está a neuroplasticidade, capacidade que tem guiado recentes pesquisas na área.

Para manter em dia

Geriatras, neurologistas e clínicos gerais podem indicar exercícios para desenvolver e estimular a memória, mas algumas atitudes simples também trazem bons resultados no dia a dia

  • Elimine o cigarro;
  • Livre-se do sedentarismo;
  • Evite a má alimentação;
  • Fuja de crenças ruins sobre a memória;
  • Faça exercícios com frequência;
  • Trate a depressão;
  • Leia bastante;
  • Participe de grupos;
  • Aprenda novas línguas;
  • Procure não fazer as coisas de maneira automática;
  • Mude o rumo e faça rotas diferentes sempre;
  • Evite fazer duas coisas ao mesmo tempo;
  • Não faça as coisas desatentamente;
  • Anote compromissos, use agenda e calendário;
  • Faça lista de compras.

“Sabemos que algumas pessoas têm uma tremenda capacidade de autorreparação e compensação de doenças cerebrais, como o Alzheimer”, explica Sylvie Belleville, professora titular de psicologia na Universidade de Montreal e diretora de pesquisa no Instituto Universitário de Geriatria de Montreal, no Canadá. A pesquisadora, uma das palestrantes convidadas do evento, lembra que o cérebro reage continuamente e se modifica em resposta ao seu ambiente.

“A neuroplasticidade se refere às alterações que ocorrem no cérebro em resposta a um dano, por exemplo, uma lesão no local, privação do sono, envelhecimento do órgão, Alzheimer. Ou em resposta a um estímulo externo, como treino cognitivo, aprendizagem, atividade física”, explica Sylvie.

Em ação

Mas o que são os tais treinos cognitivos? Categorização, associação e imagem mental são três estratégias criadas nesses exercícios para ajudar o momento da memorização chamada episódica, enumera Mônica Sanches Yassuda, professora associada do curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP). Uma das técnicas é chamada associação monoface. Por exemplo, você tem uma amiga que se chama Melissa e tem olhos cor de mel. Ao associar a característica ao nome, fica mais fácil lembrar o nome da pessoa.

“Também temos feito treinos para a memória denominada de trabalho, que envolve mais a atenção. Por exemplo, a pessoa ouve três séries de cinco palavras. Toda vez que aparece um animal, ela tem de bater a mão na mesa ou levantar a mão. Depois, tem a tarefa de memorizar a última palavra de cada série. Ao mesmo tempo em que presta atenção no animal, também tem uma demanda de memória”, diz Mônica.

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