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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Quem nunca ouviu de algum conhecido “Preciso fazer um check-up”? O termo é utilizado como referência a uma bateria de exames para verificar se há algum problema com o organismo. Entretanto, não se trata de um exame rotineiro, para ser feito anualmente. Médicos solicitam um check-up com periodicidade variável, para mera checagem ou para verificar se o paciente apresenta as condições ideais para se submeter a uma cirurgia ou atividade específica, por exemplo.

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Dica

O patologista Emilio Granato recomenda que se evite fazer exames de sangue nas segundas ou terças-feiras, pois aqueles exageros típicos dos finais de semana podem influenciar os resultados das análises sanguíneas.

Entendendo o check-up

O check-up pode ser realizado em diferentes fases da vida e, por isso mesmo, os exames englobados variam conforme a faixa etária e o sexo do paciente. Mas há alguns testes mais frequentes na prática clínica. Vamos saber quais são e para que servem:

Ureia e creatinina

Esses exames avaliam a função dos rins – com seus valores, o médico consegue calcular o volume de sangue filtrado pelos rins por minuto. Valores de ureia e creatinina acima do considerado normal indicam que os rins estão filtrando menos sangue; já valores de taxa de filtração inferiores a 60 ml/minuto apontam para insuficiência renal. Pinheiro destaca que esse é um dos exames que mais requer interpretação do médico, pois o mesmo valor de creatinina pode ser normal para uma pessoa ou significar insuficiência renal para outra.

Glicose

É através da dosagem de glicose que se obtém o diagnóstico e o controle do tratamento do diabetes mellitus – porém, para resultados corretos, é preciso fazer jejum de no mínimo 8 horas antes do exame. Valores de referência: menor que 100 mg/dl são normais; entre 100 e 125 mg/dl são considerados pré-diabetes; acima de 126 mg/dl são compatíveis com diabetes.

TGO (AST) TGP (ALP)

As siglas acima designam enzimas responsáveis por metabolizar algumas proteínas. Elas estão presentes no interior de células do nosso organismo e apresentam-se em grande quantidade nas células do fígado. Vale lembrar que o fígado é como uma “estação de tratamento” do corpo, pois é o órgão que metaboliza todas as substâncias presentes no sangue. Quando uma célula que contém TGO ou TGP é lesionada, essas enzimas vão para o sangue. Por isso, doenças do fígado podem ser diagnosticadas através da dosagem de TGO e TGP no sangue. Entre as enfermidades que mais causam elevação dos valores de TGO e TGP estão a cirrose, hepatites virais e hepatite medicamentosa.

TSH

O TSH é o hormônio estimulante da tireoide, produzido na hipófise. É o TSH que regula a produção do T3 e T4, dois hormônios sintetizados pela tireoide. Em resumo, quando a tireoide produz T3 e T4 em excesso (hipertireoidismo), nosso metabolismo acelera; quando produz pouco (hipotireoidismo), o metabolismo fica lento. O funcionamento adequado da tireoide está diretamente ligado à produção de TSH pela hipófise. Granato observa que seus resultados devem ser interpretados com cuidado. “O TSH é produzido pela hipófise, que está ligada ao hipotálamo, que por sua vez recebe estímulos de ordem emocional. Então, quando os valores de TSH estão discretamente alterados, pode ser por interferência de fundo emocional, nervosismo ou estresse”, explica.

Vitamina D

Granato também recomenda que se faça o exame de vitamina D, através do qual é possível diagnosticar osteoporose (diminuição progressiva da densidade óssea), uma vez que a vitamina D age na metabolização do cálcio presente no sangue. A vitamina D é armazenada pelo organismo na forma de calcidiol, e é o calcidiol que é dosado para descobrir se o paciente tem quantidade adequada de vitamina D no organismo.

O médico patologista, Emilio Granato, diretor técnico do laboratório Frischmann Aisengart, explica que o check-up é uma espécie de rastreamento que busca identificar alguma alteração bioquímica ou laboratorial em pacientes aparentemente saudáveis.

“Sintoma é aquilo que o paciente sente; sinal é aquilo que o médico, ao examinar, encontra. O check-up vai rastrear o que não é sentido pelo paciente nem visto pelo médico. O objetivo é detectar precocemente alterações que podem indicar o desenvolvimento de alguma doença. Antigamente, o diagnóstico vinha com sintomas e sinais; hoje é possível diagnosticar antes que eles apareçam.”

Sem pânico

Granato reforça que mesmo exames de sangue não apresentam resultados conclusivos para o diagnóstico final, ou seja, todos aqueles resultados devem, obrigatoriamente, ser interpretados por um médico. Outros fatores compõem a equação do diagnóstico, como histórico, hábitos, fatores de risco e imagens.

“O resultado de exames laboratoriais é parte de uma avaliação médica maior. Um resultado acima ou abaixo dos valores de referência não significa doença. Aquele valor pode ser o valor daquele paciente em específico”, esclarece. Por isso, não adianta passar por todos os exames e não levar os resultados ao médico porque os resultados estão dentro da faixa dos valores de referência. Do mesmo modo, resultados divergentes não são motivo para pânico.

Nem vilão, nem mocinho

Muita gente tem calafrios ao escutar a palavra colesterol. O nefrologista e clínico geral Pedro Pinheiro, responsável pelo site MD. Saúde, explica que o colesterol é uma espécie de gordura presente em todas as células do nosso corpo. Sua função é mais do que causar preocupações: o colesterol atua na síntese de hormônios, na produção da bile, na digestão de alimentos gordurosos e na metabolização de vitaminas, entre outras funções. Engana-se, também, quem pensa que colesterol vem apenas de alimentos – nosso corpo também é produtor da substância.

O bom e o mau

Quando falamos em colesterol, nos referimos à soma do colesterol bom (HDL) e do ruim (LDL e VLDL). E por que, afinal, um colesterol é bom e outro é ruim?

Pinheiro explica que as siglas citadas acima se referem, na verdade, às lipoproteínas responsáveis por transportar o colesterol pelo organismo através da corrente sanguínea.

O LDL transporta colesterol e triglicerídeos do sangue para os tecidos; o VLDL faz o mesmo caminho, mas transporta mais triglicerídeos e menos colesterol;

Já o HDL realiza o trajeto inverso: retira o colesterol dos tecidos e devolve para o fígado, que vai eliminá-los nos intestinos.

Ficou claro agora? É simples: enquanto o LDL e o VLDL carregam colesterol para as células, facilitando o acúmulo de gordura nos vasos, o HDL retira o excesso de colesterol. Por isso os dois primeiros são os vilões e o terceiro é o mocinho.

Valores

Quando testar o colesterol, ou seja, a quantia de gordura presente no sangue e no organismo, lembre-se que o mais importante são os valores separados de HDL, LDL e VLDL. “Em síntese, quanto mais alto for o HDL, melhor. Porém, os valores variam conforme a faixa etária. E é importante lembrar que mesmo valores de LDL muito baixos não são recomendáveis, pois indicam problemas nutricionais, geralmente reflexo de outras doenças”, explica o patologista Emilio Granato, diretor técnico do laboratório Frischmann Aisengart.

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