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Quem paga com cartão deve perder a vantagem dos 15 centavos. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Quem paga com cartão deve perder a vantagem dos 15 centavos.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O presidente da Urbs, Roberto Gregório, descartou a possibilidade de a tarifa dos ônibus de Curitiba custar R$ 3,15 a partir do próximo dia 6 de junho – data em que o desconto para quem paga com cartão deixará de ser aplicado. A decisão pelo fim da tarifa diferenciada foi tomada após acordo firmado entre a Urbs e o Ministério Público do Paraná. Para Gregório, “tecnicamente” a tarifa do usuário deveria ser fixada pelo prefeito Gustavo Fruet em R$ 3,30.

Infográfico: veja a evolução da tarifa técnica e do valor da passagem em Curitiba

Novo valor vai depender de acordo com MP

A Gazeta do Povo conversou com o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior, sobre as mudanças que vêm por aí no sistema de transporte de Curitiba. Confira:

O prazo estabelecido pelo MP para o fim da dupla tarifa se encerra na próxima semana. Qual será o novo valor?

Vamos unificar a tarifa. Mas essa é uma questão que depende de uma variável. Por recomendação do Ministério Público, estamos discutindo com as empresas a pacificação do sistema. A ideia é acabar com as ações judiciais que estão impedindo uma série de providências.

Mas existe a chance de a tarifa ficar em R$ 3,15?

Não existe essa possibilidade. Até porque o valor já é maior na prática. Se você fizer a média ponderada daqueles que pagam com cartão e com dinheiro, verá que é mais ou menos por aí que ficará a nova tarifa. Tudo vai depender desse acordo [com o MP]. Se tiver de incluir alguma parcela [na tarifa técnica] da questão dos bens reversíveis [frota anterior à licitação do sistema], que já tem parecer favorável do MP à demanda das empresas, teremos um acréscimo.

Vai ficar em R$ 3,30 então?

Eu diria que, hoje, do ponto de vista técnico, nossa recomendação seria chegar aos R$ 3,30. Dependendo dos valores que foram definidos, a prefeitura ainda precisaria subsidiar pesadamente o sistema. Mas estamos trabalhando para ter a menor tarifa possível para o usuário. Hoje, a tarifa de Curitiba é mais barata que 95% das tarifas praticadas na região metropolitana, mesmo com os R$ 3,30.

Mas a tarifa técnica de Curitiba está em R$ 2,93. Os R$ 3,15 não seriam suficientes para cobrir o custo já reajustado?

Tivemos de ampliar, reforçar e criar linhas porque a redução da operação do sistema metropolitano foi de até 40% em alguns casos. Isso exige um esforço adicional do sistema urbano e isso tende a encarecê-lo.

Como o senhor avalia as mudanças no sistema metropolitano?

Parece que exige um esforço para reduzir custos no sistema metropolitano. E isso tem causado alguns prejuízos à qualidade. Respeitamos, mas as mudanças estão implicando em ações complementares nossas e gerando algum desconforto para o usuário.

Isso pode impactar a qualidade da operação em Curitiba?

Tem a questão do compartilhamento de custos da infraestrutura. A frota daqui é 100% monitorada e isso traz benefícios. Não teremos mais nada disso dos ônibus metropolitanos. Por exemplo: um ônibus metropolitano que quebra operando na canaleta. Só vamos saber na hora que ele travar nossos ônibus. Serão dois sistemas pares. Hoje, tempos mais de 200 fiscais de campo. A Comec não tem nenhum. Para manter qualidade, estamos ampliando e reforçando linha. Mas isso vai complicar em algum momento.

A decisão em torno do valor da nova tarifa ainda depende da definição de quanto será a nova tarifa técnica. Isso deveria ter ocorrido em 26 de fevereiro, mas as negociações se arrastaram mais do que o esperado por causa da separação financeira da Rede Integrada de Transportes (RIT). Desde fevereiro, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) passou a gerenciar as linhas metropolitanas em substituição a Urbs, que até então fazia o serviço.

Até janeiro deste ano, os empresários recebiam R$ 3,18 por passageiro transportado na RIT. Esse valor era uma média ponderada obtida a partir da tarifa técnica metropolitana (R$ 4,07) e urbana (R$ 2,93).

Desde que a Comec assumiu a gestão das linhas metropolitanas e prometeu diminuir pela metade o subsídio que o governo do estado repassava ao sistema, as viações responsáveis pelas linhas urbanas passaram a receber R$ 2,93 por passageiro da capital – mesmo com a tarifa do usuário subindo para R$ 3,30. A diferença será utilizada para quitar o desembolso retroativo a fevereiro após a definição da nova tarifa técnica.

Levando em consideração apenas a média de reajuste da tarifa técnica da RIT dos últimos anos (8%) , a tarifa técnica urbana subiria para R$ 3,19. Mas se engana quem pensa que o custo do transporte por aqui finalmente vai se equiparar ao que paga o usuário. Gregório diz trabalhar com um novo cenário diante da desintegração financeira do sistema e aponta que alterações feitas pela Comec sobrecarregaram o sistema da capital (leia entrevista ao lado).

Há também as demandas judiciais que estão sendo negociadas sob a tutela do Ministério Público do Paraná e podem sobrecarregar essa nova tarifa. Gregório cita, por exemplo, a possibilidade de a prefeitura ter de tirar do cálculo do custo do transporte o desconto dos bens de uso exclusivo. Trata-se da frota que os empresários colocaram nas ruas a partir da licitação de 2009. Mas que o Executivo municipal não entende como investimento e sim como parte do pagamento da outorga. As empresas pedem na Justiça a retirada do item da tarifa e indenização pelos valores já descontados. O MP-PR deu parecer favorável às viações.

Pagamentos em cartão ajudaram a reduzir o número de roubos

A tarifa diferenciada foi um dos benefícios criados pela prefeitura de Curitiba para ampliar o uso do cartão. A meta é de que 70% dos usuários optem por ele. Ainda não há prazo para que ela seja alcançada, mas Roberto Gregório ressalta que a Urbs já estuda novas formas de atrair o usuário para essa modalidade de pagamento.

“Estamos estruturando um processo de parcerias para ampliação das funcionalidades do cartão e comercialização de créditos. Pretendemos ter outras tecnologias, como a venda de créditos em máquinas, e o uso do smartphone. Mas a modelagem ainda está sendo discutida”, disse o presidente da Urbs.

Atualmente, 61,49% dos pagamentos são feitos com cartão. Em abril do ano passado, eram 53,3% (veja mais números no infográfico). A ampliação no uso do cartão, segundo a prefeitura, é uma forma de deixar o sistema mais seguro.

De janeiro a abril deste ano, foram registrados 825 roubos a estações tubos e linhas de Curitiba – número 29% menor do que no mesmo período do ano anterior.

“Mas esses dados não são reflexo apenas do uso do cartão. A tecnologia associada à Operação Presença da Guarda Municipal é que nos indica que o caminho está certo”, afirmou Gregório.

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